quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Tipos de Vinho: Nostalgia, como se classifica um “Chapinha”?

De tempos em tempos me bate uma nostalgia fudida em relação as minhas épocas de faculdade; porres totalmente inconseqüentes bem como a perfeita indiferença quanto ao tipo de etílico a ser empregado a fim de gerar aquela sensação agradável – as vezes nem tanto – de torpor.

Pois bem, estes dias estava eu conversando com um amigo destas épocas; companheiro de altos porres introspectivos e idéias alucinadas quando enveredamos para o assunto “Qual a diferença afinal de hoje sermos adultos, e quando éramos adolescentes?”

A resposta foi “Bom, hoje temos que acordar cedo e não podemos mais pedir dinheiro emprestado a nossos pais.” – Justo, quase perfeito, pensei eu...

Bom, pensando a esse respeito, e confrontando essa idéia com uma carta de vinhos com críticas ontem a noite em um restaurantes, me peguei pensando: Pombas; porque raios hoje, nós adultos, temos uma tendência a querer “florear” produtos simples, “complicar” coisas que são fáceis de serem resolvidas, etc...?

A idéia é; porque raios em meu ambiente de trabalho falamos em “Deadline” (Prazo máximo), “Bill of Lading” (Nota de embarque), “Joint Venture” (Associação comercial entre empresas), “Follow Up” (Acompanhamento); entre outros petardos do mundo dos negócios?


Porque raios em uma carta de vinhos de restaurante temos que lidar com palavras totalmente compreensíveis mas que não fazem sentido nenhum fora para um enólogo profissional? O que em termos de vinhos, significa raios “Acerbo, Adstringente, Agressivo, Agreste, Amplo, Áspero, Austero, Aveludado, Capitoso, Carnudo, Chato, Completo, Cru, Curto, Duro, Empoado, Fino, Fraco, Franco, Fresco, Frutado, Generoso, Gordo, Persistente, Pesado, Picado, Pleno, Quente, Redondo, Robusto, Velho...???”

Sinceramente, não tenho nenhuma lembrança do tipo: - “Cara, me vê uma garrafa de Chapinha tipo chardonnay ou cabernet sauvignon de sabor amplo, não agreste, de preferência levemente aveludado e que seja generoso ao palato” no balcão de uma padaria...


Bom, conclusão final... Vamos ficando mais velhos, e vamos ficando mais frescos... Portanto, fica aqui um apelo; voltemos todos à nostalgia de um belo Chapinha gelado ou até mesmo um São Tomé... Troco os R$ 70,00 por R$ 3,50 e garanto que irei me divertir muito mais...!

...e que fique bem claro que sim, admito que o vinho seja a bebida perfeita; mas mesmo o mais perfeito dos vinhos depende de uma ocasião e uma companhia perfeita.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Fala do Velho do Restelo ao Astronauta - “As Noivas Tristes do Afeganistão”


Há tempos gostaria de ter sentado para escrever algo sobre os textos e o vídeo abaixo; no entanto as idéias nunca chegararam a fluir completamente.
Talvez porque a reportagem choque. Talvez, porque o texto mostra um lado absurdamente grotesco do ser humano. Ou talvez simplesmente, porque o final do vídeo seja poesia visual pura.

Então, finalmente consegui fazer o link entre o que gostaria de dizer sobre tal reportagem; e para minha surpresa tal link não deve ser feito por minhas palavras; e sim pelo mestre José Saramago...

Talvez ele melhor do que ninguem, tenha entendido suas próprias palavras quando disse:
"(...)Acendemos cigarros em fogos de napalm E dizemos amor sem saber o que seja (...)"

...porque no final, o que nos resta alem da esperança...? As pessoas não costumam perceber que em momentos de dificuldades, os bens mais preciosos que podemos ter, são justamente os sentimentos que são esquecidos durante o dia a dia, quando parece que não existem problemas ao nosso redor e continuamos a navegar em nosso ocidentalismo, sem nos darmos conta do resto do mundo...




Fala do Velho do Restelo ao Astronauta

Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalm
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalm
.

- José Saramago


Altar de Sacrifícios – “As Noivas Tristes do Afeganistão”


(...)Na visita à capital, Cabul, eles acompanharam um casamento arranjado e, a partir dele, entendemos porquê um movimento de auto-imolação se espalha entre as afegãs. Elas preferem a dor física à dor da humilhação.

Fahima não parece uma noiva feliz. As imagens mostram um casamento arranjado. De um lado do salão só as mulheres. Além delas, podem circular apenas o noivo, seu pai e irmãos.
Do outro lado do tapume, os homens, a banda de música, a alegria.
No lado deles as câmeras são permitidas. O dia em que um homem vira chefe de família tem que ser fotografado e muito comemorado.

Do lado das mulheres, as câmeras não entram. A família abriu uma exceção para que eu filmasse algumas partes da cerimônia com uma câmera pequena e o que ficou registrado foi a profunda tristeza da jovem Fahima.

A tristeza é velha conhecida destas mulheres. Depois de enfrentar quase duas décadas de guerra, elas foram impedidas pelo governo de estudar ou trabalhar e o fim das proibições, há três anos, não mudou muito a situação.

O Afeganistão é um país que ainda vai guardar durante muito tempo as marcas do regime radical talibã. Mesmo na mais cosmopolita de suas cidades, Cabul, ainda não são muitas as mulheres que se atrevem a sair às ruas sem a burca e aquelas que decidiram abandoná-la para usar apenas o véu cobrindo a cabeça ainda são vistas com alguma desconfiança por parte da população local.

As mulheres escondem sob a burca o medo da reação de famílias conservadoras, maridos autoritários e até dos velhos talibãs, que mesmo fora do governo, ainda tentam fazer valer seu ponto de vista.
Pouquíssimas delas voltaram a trabalhar. Na universidade já se podem ver mulheres, mas muitas chegam à escola de burca e só se livram dela na segurança da sala de aula.

Farzana, uma corajosa estudante de medicina, é uma das que encerram sua determinação entre quatro paredes. Não é prudente mostrar, na rua, a boa relação que tem com os colegas de turma do sexo oposto e ela sabe que eles também não poderiam mostrar abertamente que respeitam uma mulher.
"Decidi que não vou me casar", diz ela. Vai ficar solteira pra sempre? Pergunto.
"Talvez! Por aqui eu não seria uma boa esposa", conclui Farzana no tortuoso raciocínio de quem não aprendeu o que é o amor.
Afinal, no Afeganistão, amor não é coisa que se leve em consideração numa relação a dois.

Na enfermaria de um hospital da cidade, a maioria das mulheres não acredita em amor ou em nenhum tipo de sentimento de afetuosidade. Assim como elas, centenas, todos os dias, tomam a decisão de se auto-imolar, no que parece ser um silencioso movimento de protesto das afegãs. Elas se queimam.
Não há estatísticas sobre o problema. Mas o doutor Kamil nos conta que recebe, em Cabul, mulheres queimadas do país inteiro. Faz o possível por elas, dentro dos paupérrimos recursos de que dispõe nesse lugar e sabe que muitas nem chegam a um hospital.
"Em geral, elas vêm de famílias pobres que ainda tratam a mulher como um ser de segunda categoria", diz o médico.

O assunto já motivou campanhas de governo e está sendo acompanhado de perto pela presidente da comissão de direitos humanos do Afeganistão. Amina Afzali diz que estudou muitos destes casos e afirma que quase todos vêm de casamentos forçados que não têm chance alguma de dar certo. "Às vezes, há diferenças enormes de idade e, às vezes, a noiva é muito mal tratada pela família e especialmente pela mãe do noivo, então ela se imola".

É quase um movimento político destas mulheres que não podem gritar de outra forma. Foi a última e desesperada ação possível para Runah, Parimah, Shrango.
Nazefa tem dezoito anos e um filho. Apesar de ser jovem e de ser mãe, decidiu encerrar seu sofrimento jogando gasolina ao corpo e acendendo um fósforo. "Ela era tratada pela sogra como uma escrava", conta a enfermeira.
Situação muito comum. No casamento arranjado de Fahima, é claríssima a cumplicidade entre o noivo e sua mãe. Foi ela quem escolheu uma mulher para o filho. A jovem esposa é a intrusa na relação.
Vai passar a viver numa casa onde os papéis estão bem definidos e onde os homens podem tudo, inclusive o que é proibido. Bebidas alcoólicas são proibidas pela religião, mas os convidados ao casamento não pareciam sóbrios.

O poder masculino, acima de qualquer lei e além de qualquer limite, mata de alguma forma a condição feminina. Fahima, a noiva, é a repetição da história de Nazefa e Farzana, a estudante, também desistiu de sonhar.

Em toda a Cabul, flagramos dois únicos amantes que, de longe, pareciam buscar um lugar para o discreto flerte e agiam como quem precisa se esconder.





Ana Paula Padrão - Afeganistão (06/2000)





Ana Paula Padrão - Depoimento
por diógenes campanha




O Afeganistão hoje faz parte da minha vida.” É assim que Ana Paula Padrão define sua relação com o país asiático que visitou três vezes na época que apresentava o Jornal da Globo. A primeira, em junho de 2000, quando foi tirada a foto acima, na qual a jornalista aparece, no deserto, com o tradicional véu usado pelas mulheres muçulmanas. Embora tenha se preparado um ano e meio para gravar uma série de reportagens no país, então dominado pelo regime fundamentalista do Taleban, Ana Paula conta que se surpreendeu ao chegar ao destino. “Nunca vou esquecer a minha entrada no país. A impressão visual era muito chocante, foi como entrar em uma máquina do tempo”, diz. Encontrou um cenário medieval, onde as mulheres não saíam de casa, os mercados de rua eram precários e o comércio formal, praticamente inexistente. Para fazer as matérias, Ana Paula e sua equipe – o cinegrafista Hélio Alvarez e a produtora Guta Nascimento – assinaram um termo se comprometendo a não filmar nenhum ser vivo (“Ser vivo mesmo, incluindo cachorro”, frisa ela) sem a permissão do governo, sob penas que iam de perder as mãos ao fuzilamento em praça pública. Como filmaram secretamente escolas femininas clandestinas e centros comunitários para mulheres, tiveram que fugir da capital Cabul e acamparam duas noites no deserto. “Em nenhum momento tive medo de morrer, mas meu maior medo era perder essas fitas”, diz Ana Paula. Uma situação tensa, definida por ela como “um perrengue clássico”,

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

...e porque não, um pouco de música clássica...?


...para aqueles que me conhecem já há algum tempo, sabem da minha ligação de alma com a música. Me lembro quando meu irmão inventou de me dar um baita susto em uma madrugada, em meu quarto. Bom; quantos anos eu tinha...? Uns 7 ou 8, creio eu...


Muy irmão; adoro esse cara - depois do susto não queria mais dormir; eis que ele me empresta seu walkman com um K7 do "Somewhere in time"; Iron. Depois disso, descambei para a música e nunca mais larguei... Vício!!


Mas este post vai para o lado mais erudito da coisa; então alem do meu irmão, dedico o mesmo à minha professora de Cello; o qual pacientemente tem me passado seu conhecimento musical bem como aguentado minhas sucessivas trocas de horários por conta da minha vida profissional ligeiramente zoneada...


BACH!!!


"Johann Sebastian Bach, (21 de Março, 1685 - 28 de Julho, 1750) foi um músico e compositor do período barroco da música erudita. Foi também um organista notável. Nasceu em Eisenach (Alemanha), no seio de uma família de músicos. É considerado um dos maiores e mais influentes compositores da história da música, ainda que pouco reconhecido na altura em que viveu. Muitas das suas obras reflectem uma grande profundidade intelectual, uma expressão emocional impressionante e, sobretudo, um grande domínio técnico em grande parte responsável pelo fascínio que diversas gerações de músicos demonstraram pelo Pai Bach, especialmente depois de Felix Mendelssohn que foi um dos responsáveis pela reabilitação da obra de Bach, até então bastante esquecida."


J.S. BACH - Cello Suites 1-3-5

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01. Prélude.mp3

02. Allemande.mp3

03. Courante.mp3

04. Sarabande.mp3

05. Minuet I & II.mp3

06. Gigue.mp3

07. Prélude.mp3

08. Allemande.mp3

09. Courante.mp3

10. Sarabande.mp3

11. Bourrée I & II.mp3

12. Gigue.mp3

13. Prélude.mp3

14. Allemande.mp3

15. Courante.mp3

16. Sarabande.mp3

17. Gavotte I & II.mp3

18. Gigue.mp3


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01. Prélude.mp3

02. Allemande.mp3

03. Courante.mp3

04. Sarabande.mp3

05. Minuet I & II.mp3

06. Gigue.mp3

07. Prélude.mp3

08. Allemande.mp3

09. Courante.mp3

10. Sarabande.mp3

11. Bourrée I & II.mp3

12. Gigue.mp3

13. Prélude.mp3

14. Allemande.mp3

15. Courante.mp3

16. Sarabande.mp3

17. Gavotte I & II.mp3

18. Gigue.mp3

Aproveitando esse - novo - espaço que resolvi criar a serviço do meu ego, aos poucos irei postando outros textos meus espalhados por aí... Política..!

“Aeroporto Internacional de Limeira?”

No dia 09 de Agosto de 2007 foi publicado manifesto no Jornal de Limeira intitulado “Decola Limeira”. O mesmo discorre a respeito dos desejos e possibilidades da instalação de um Aeroporto Internacional em nossa cidade.
Ouvimos falar nos benefícios que um aeroporto internacional traria a cidade, como por exemplo, tornando a um local atrativo para a instalação de empresas importadoras e exportadoras. Outra argumentação utilizada com freqüência são os benefícios que tal instalação traria ao setor de folheados, visto a quantidade de viagens que os profissionais deste ramo realizam. Como profissional atuante no ramo logístico internacional, me sinto na obrigação de discorrer a respeito dos prós e contras em relação a este assunto, levando em conta os fatos políticos, econômicos e logísticos de Limeira.

Limeira historicamente é uma cidade aonde as atividades comerciais sempre foram sazonais; no entanto é de conhecimento geral que as mesmas também sempre foram desenvolvidas pelos mesmos grupos dominantes, sem alternância, quase se caracterizando um monopólio comercial, aonde os interesses particulares sempre foram defendidos a unhas e dentes.
O que proponho aqui é uma reflexão sobre até que ponto Limeira, em todo seu despreparo em termos de infra-estrutura, economia, legislação e senso crítico da população, poderia ser realmente beneficiada pela implementação de um aeroporto de grande porte. Da mesma forma que os interesses de uma minoria sempre foram defendidos por estes; também é fato que a grande motivação dos mesmos se dá pela necessidade de auto afirmação e uma cega motivação em busca de status social.
Devemos sim ser a favor de atitudes e movimentos que busquem uma maior qualidade de vida e desenvolvimento tanto econômico quanto sociais para a população como um todo, mas devemos também saber enxergar com discernimento quando tais movimentos são infundados e baseados em um falso orgulho social hipócrita. Limeira não está preparada para receber um Aeroporto Internacional, visto sua infra estrutura física cada vez mais deteriorada. Limeira não está preparada em termos legislativos para tal empreitada. Pior, Limeira não possui capital humano e nem intelectual para gerenciar tal empreitada com sucesso.
Um aeroporto internacional não atrai empresas importadoras e exportadoras; basta raciocinarmos a respeito. Os custos em termos de fretes aéreos são altíssimos. A opção é; sempre foram e sempre serão os portos. A parcela do setor de manufatura de folheados que realmente viaja é ínfima; não sendo necessário uma estrutura aeroportuária maior que a cidade já possui – sucateada; diga-se de passagem.
O que Limeira realmente precisa é um olhar realmente objetivo em cima dos problemas que ela já possui há muito, e há muito tarda em resolve-los. Infra Estrutura. Medidas legislativas coerentes para atrair novas empresas. Responsabilidade Social. Responsabilidade Administrativa Privada. Responsabilidade Educacional. Assuntos estes, sempre deixados de lado em prol do interesse de uma minoria “dominadora”. Pensem, sejam coerentes em vossas idéias!Até que este dia chegue, melhor será fazer um movimento para a ampliação da calha do Ribeirão Tatu visando o recebimento de navios graneleiros e porta containeres; assim quem sabe um dia chegaremos a competir com o porto de Santos.
…ou a minoria dominante, continuará em seu sonho por uma conexão internacional entre “Buenos Aires com destino a Frankfurt via Limeira”.


Andreas Mann - Analista em comércio Internacional
Réplica ao manifesto “Decola Limeira”, publicado no Jornal de Limeira de 09/08/2007 na seção “Leitor Escreve”

Me lembrando de algo que lí em "Um jogo de você"...


"... Todo mundo tem um mundo secreto dentro de si. Todo mundo todas as pessoas do mundo inteiro... Não importa o quanto sejam chatas ou sem graça por fora...Por dentro, todas elas têm mundos inimagináveis, magníficos, maravilhosos, estúpidos, fantásticos... Não apenas um mundo. Centenas deles. Milhares, talvez. Não é uma idéia estranha?"

...ai, fica a minha dúvida; porque cada ser humano neste planeta aparentemente, resolveu se mudar para seus mundinhos particulares mais mediocres? Aonde estão os sonhos...?
...e alguem ai fora, se importa com isso afinal?