sexta-feira, 27 de junho de 2008

Devaneios


Já deixou sua mente divagar a respeito de assuntos relacionados ao seu futuro, etc etc?

Trilha sonora de fundo: Damien Rice – BBC Four Sessions – Piegas, muito piegas alguns irão dizer...

Bom, que culpa tenho se a sonoridade deste cara me atrai? A voz sutil da segunda vocalista, Lisa Hannigan, e a forma como esta se mistura, e parece se enrolar em um abraço macio com a voz suave mas por vezes forte do sr. Rice; e ambos por sua vez, embalados pelo som suave das arcadas da srta. Vyvienne em seu cello. Perfeito eu diria.

Era a música que gostaria de ter tido como trilha sonora hoje a tarde entre inúmeros cafés, cigarros e cerveja, muita cerveja, com uma querida amiga nos arredores da praça da República, em São Paulo. – “E brindemos à nós, nossos anseios, nossas amarguras e medos quanto ao futuro, enquanto o resto do mundo trabalha...”

Músicas como “Delicate”, “Volcano” e “Eskimo” de seu celebrado debut singelamente intitulado de “O”, me fazem questionar a validade de tentar de fato “se programar” em relação a um possível futuro.

“Pensamento Objetivo”, foi a palavra utilizada por meu irmão na plataforma de embarque da rodoviária de Limeira ontem, quinta feira, enquanto eu me preparava para mais uma maratona em São Paulo; desta vez, preparando a documentação para meu muito em breve, passo para fora daqui. Tenho que fazê-lo. Sinto isto. É o certo, mesmo não tendo certeza disto. E isso me dá um cagaço do caralho. “O mal desta família, sempre foi tentar dar passos maiores do que nossas pernas de fato eram capazes”. Será que o meu, mesmo que de certo modo calculado, não é a repetição desta sina familiar? Não, não posso e nem penso desta forma. Viajar para fora nos termos que pretendo, é viajar para dentro de mim mesmo. Sair de seu meio natural, para poder se enxergar sob uma outra perspectiva. E isto é bom, apesar dos perrengues implícitos no ato em si.

Epifania. Tive uma, ou estou em busca de? Não sei...

Mas sinceramente desejaria muito ter tido a trilha sonora que mencionei ali no início, hoje a tarde. Porque me amortece a realidade mesma esta, já amortecida por tantos medicamentos. Faz-me suave. Faz-me bem. E me faz acreditar que as coisas não são tão ásperas quanto sinto que são.

Será que eu poderia fazer uma analogia entre a angústia que se sente, e talvez os discos de embreagem de um carro, que não mais consegue encaixar as marchas sem um atrito demasiadamente grande? Não sei, talvez...

Esta amiga... Bom, ela sabe disto, é uma das pessoas as quais mais carinho eu tenho. Divagações entre goles de cerveja gelada em uma sexta a tarde, posso até pensar que um dos objetivos espirituais que eu tinha ao “optar” por Santos e não a faculdade de Belas Artes em São Paulo, tenha sido entre outros, o de encontrar, conhecer e dividir experiências com esta garota. Outrora foi minha namorada. Não digo isto sem certo saudosismo, mas este, é baseado no carinho e respeito; e a recíproca é verdadeira mesmo que não dita. Enfim...

Assim como a voz da srta. Hannigan, a voz do Sr. Rice e o cello da srta. Vyvienne, a vida de algumas pessoas se enroscam, se entrelaçam, e se misturam. E formam algo novo. E deste algo “novo”, nos alimentamos por um período até que tal alimento não nos seja mais o suficiente.

Minimizo o Word. Abro o Windows Media Player. Vejo as arcadas perfeitas da srta. Vyvienne, em um som triste, belo e ao mesmo tempo redentor. “The Blower’s Daughter” se inicia. E a letra cai como uma luva:

“And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you”

Copio o trecho da letra de algum lugar. Colo aqui. E sigo pensando... “Serás”, sinceramente não me levam a nada. Mas penso. A vida em si... Bom, deixo-a em comando do meu leme? Ou eu tenho tal leme, sob meu comando? Esta é a resposta do que meu irmão me disse naquela plataforma... A diferença entre pensar de maneira ampla, mas ter a capacidade de manter um pensamento objetivo... Isto é estar no controle...

E assim, percebo que mesmo no desgoverno da própria vida, as pessoas que devem entrar e devem sair, o fazem; e que nunca chegaremos a estar 100% no controle do que somos, do que esperamos e do que queremos...

Derepente o medo se esvai. E entendo o que esta viagem significa para mim. Desta vez, é certo o que penso. Que não tenho como ter certeza. Mas como bem disse minha querida professora... “(...) mergulhe!”


P.S. Hj tou "simplista", isto é, nada de Cap's para vídeo...
Quem quiser ver... "The Blower's Daughter (live)"
http://www.youtube.com/watch?v=cR7YRcI9Ifc



sexta-feira, 20 de junho de 2008

Violinos, Cello, Rock... Pt. 01 -> "Chamber, L’Orchestre De Chambre Noir "

Após uma pausa de algumas semanas quanto ao estudo do Cello, finalmente recobrei o ânimo em relação ao instrumento, e com isso, novamente o gás para as pesquisas “do que rola” pelo mundo afora...

Um dos meus mais recentes achados – e com orgulho! rsrs – é uma banda (ou seria orquestra de câmara?) chamada Chamber - L’Orchestre De Chambre Noir. Sinceramente, uma das melhores coisas que já ouvi nos ultimos anos...

Difícil definir esta banda, talvez seja correto dizer que na realidade L’Orchestre De Chambre Noir seja um daqueles projetos musicais experimentais que fazem a cabeça de qualquer fã de boa musica, mesmo que esta, assim como Apocalyptica, não ser 100% rock ou heavy. A “rolutalagem” de bandas e músicas à estilos, limita a essência da própria música.

Chamber é um septeto Alemão atualmente formado por 5 mulheres e 2 caras, e praticam uma mistura entre música gótica e musica clássica. Tanto que, algumas músicas chegam a lembrar as reminiscências do movimento gótico dos anos 80; mas o caráter eclético da banda fica claro em outras músicas que, bastaria o uso de distorção para se tornarem Heavy Metal.

A formação conta com 3 violinos, 1 Cello, 1 guitarra de 12 cordas e piano, entre outros vários instrumentos clássicos. Isto obviamente garante a similaridade com músicas de orquestras de câmara. Normalmente os instrumentos mais em evidência são os violinos e a guitarra, o que não significa que a música em si possa ser considerada suave ou relaxante como vocês possam pensar. Estes caras criam passagens rápidas, técnicas e extremamente bem executadas, tirando muito peso de seus instrumentos, com a utilização de uma percussão mínima.

Outro destaque da banda é o vocalista, Marcus Testory, absurdamente sombrio e profundo em sua interpretação. Em um primeiro momento a melhor referencia é o Peter Steele do Type’ O Negative, mas para ser honesto, o Sr. Marcus demonstra um alcance e variação vocal maior. Isto garante que, “sombrio e profundo” não signifique “chato”.

Definitivamente, se você procura instrumentos clássicos, música densa e de ótima qualidade e que não necessariamente se enquadre em algum possível rótulo, L’Orchestre De Chambre Noir é uma ótima pedida!!

Links:

Álbum "Chaber - L’Orchestre De Chambre Noir"
http://www.mediafire.com/?bom2z4m12x2




Clip: http://de.youtube.com/profile?user=chamberofficial

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Papo sério...

Nestas épocas de desemprego, o que mais tenho tido é tempo de sobra. "Dizem" (quem?) que cabeça vazia é oficina do diabo (quem? - "pt.02"), então procuro me manter ocupado. Os que me conhecem sabem que meus passatempos - música, escrita, artes em geral enfim - nada mais são do que desculpas de quem quer coçar o saco o dia inteiro. Protesto! Não faço isso pois nas ultimas semanas tenho acordado as 11:00, então sou um coçador de saco meio-periodo apenas. Uma das coisas legais em se ter tempo de sobra, é que podemos dar mais atenção às coisas que geralmente não davamos antes, ou por falta de tempo, ou por pura falta de saco. Hoje - aliás, hoje não, nas ultimas semanas - estou em uma das minhas melhores fases em termos de relações familiares. Até minha depressão deu um tempo o que ando achando tremendamente esquisito. Parece piada mas não é, quando se convive com um troço desses e derepente ela some, você realmente estranha. E muito. A tarde banquei o motorista particular para mamãe: 2 supermercados, entrega de um CD'r do meu irmão para uma empresa com trabalhos dele (fotógrafo freela), uma passadinha pela clínica veterinaria para pagar uma conta e depois finito.

Mamãe: - "Ah, vamos dar uma paradinha no Shopping para tomar um café?"
Eu: - "Será que pode fumar lá?" (Minha mãe odeia cigarros e odeia a idéia de que sou fumante)

Mamãe: - "Ah, acho que sim"
Eu: - "Então vamos né..."

...e fomos. 3 xicaras de café depois bem como 2 quiches, vem o papo sério, já que estou com idéias de dar uma esticada até Alemanha, República Tcheca e Hungria nos fins de Agosto:

Eu: - "Ah mãe, fala sério; porquê você acha que as pessoas consomem bebidas alcoólicas? digo, convenhamos, mas cerveja não é a bebida mais deliciosa do mundo né?"

Ela: - "É, isso é verdade... Muitas bebidas alcoólicas não são gostosas mesmo"
Eu: - "Então.. Falando sério. As pessoas bebem alcoólicos justamente por causa disso: Álcool. Álcool entorpece, Álcool anestesia a mente. Pombas não sei na sua época, mas cá entre nós... Hoje muitas vezes eu bebo é para ficar de porre mesmo.
Ela: - "Mas ninguem disse que não era assim"

Eu: - "Ah, para com isso! Todo mundo olha feio se você dá vexame. E no entanto é legal passar pela experiencia de um vexame. Tipo, passar mal mesmo. Não é esquisito? Digo, Bebemos uma coisa que nem gostamos de verdade, e quando finalmente "saimos fora", vamos ali até o canto para passar mal e vomitar? O ser humano é estranho..."
Ela: - "É. Que bom que você admite que você é estranho!"

Eu: - "..."
Ela: - "..."

Ambos: - "Risos"


...e não é que, derepente me aparece na cafeteria do Shopping uma professora de minhas épocas de maternal? Surreal...


É... E eu achando que fazer 30 anos, mudava alguma coisa...

Apocalyptica - Partituras "Reupped"

Pessoal,

Atendendo a pedidos, aqui esta o link para as partituras de Cello do Apocalyptica.

No arquivo - compactado em .RAR - encontram as partituras para as seguintes músicas:

Beyond Time
Bittersweet
Cohka
Conclusion
Drive
Epilogue (Relief)
Far Away
Harmageddon
Hope
Inquisition Sympnhony
Kaamos
Life Burns
Metal Boogie
Path
Quutamo
Romance
Seeman
Somewhere Around Nothing
Toreador II

Peço também aos Cellistas sérios que quiserem manter contato comigo com fins de trocar experiências, idéias e material, por favor deixem vossos endereços de e-mail em seus comments no blog, sem os quais não tenho como contatá-los.

Beleza Erika, esta uppado!!

Link:
http://www.megaupload.com/?d=G4R6U8FH

Have fun!!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Notícias do cello...

Não tenho o direito e nem poder para decidir,
....mas se pudesse
eu seria egoísta...................
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..........triste..........................

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..........pensativo...

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................triste mesmo..................
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1º de Junho de 2008 ou 19 de abril de 2006?

...eu morri?

1º de Junho. 1978. Foi este o dia e ano em que nasci.

Domingo. 1º de Junho, 2008. 30 anos. 3º Decanato em minha vida.

Cerca de 2 anos agora, passei três semanas internado no Hospital Municipal de Diadema por conta de um pneumotórax. No início os médicos acreditaram que apenas a sonda e o dreno já bastaria, depois meu próprio pulmão iria se recuperar e fechar a fissura. Em cerca de 90% dos casos é assim que funciona; infelizmente estive entre os 10% sortudos que são premiados com a necessidade de uma toracotomia, isto é; uma abertura entre as costelas que permite o acesso aos órgãos que ficam dentro da caixa torácica. Muito estranho pensar que, ao menos uma vez, no mínimo cinco pessoas – os médicos e enfermeiros – viram meu coração literalmente pulsando, exposto assim, em uma mesa cirúrgica. Talvez tenham até mesmo tocado nele. Vivo.

Na terceira semana, retiraram o dreno do meu pulmão e fizeram a sutura. Dois dias depois, tive alta.

Me lembro que naqueles dias, cerca de 2 semanas após minha internação quando soube que iria passar pela cirurgia, pensei claramente: - “Pronto, agora acabou. Terminou meu tempo aqui neste mundo”. Tinha a certeza absoluta de que não sairia vivo daquele hospital mesmo sabendo que, apesar da amplitude do procedimento cirúrgico, em si ele era bastante simples...

Após estes dois anos e pouco, meu pulmão esta 100% curado – embora ainda não tenha largado o cigarro, que merda. O único vestígio da cirurgia são as duas cicatrizes que tenho abaixo da minha axila esquerda. Uma com cerca de 20 centímetros, por conta da Toracotomia e outra, de aproximadamente 5 centímetros, aonde a sonda entrava e seguia longamente por dentro de meu peito, até se alojar em meu pulmão.

Mas por algum motivo... O que sou hoje, o que me tornei e a maneira que enxergo o mundo... Até a luz e sons; são diferentes daquele dia em que fui internado. Meu pensamento é diferente. Por vezes, extremamente embotado, como se eu vivesse em um constante estado de sonho. Por outras, extremamente lúcido e vívido, como se estivesse vivo como jamais estive antes. Socialmente, meus pensamentos são mais claros, sobre os “porquês” de muitas coisas serem como são. Embora ainda não saiba o “porquê” de estarmos aqui, sei exatamente que este porque em si, se perdeu há muito já. Fomos desviados de nossa verdadeira natureza em algum ponto de nosso processo evolutivo como espécie. Mas este é outro assunto.

O que relato aqui é uma sensação muito mais profunda, quase algo da alma. Às vezes penso que é bem possível que de fato eu nunca cheguei a deixar aquele hospital. Às vezes penso que houveram complicações durante o procedimento e de fato, eu vim a falecer no dia 19 de abril de 2006, uma quarta feira. Às vezes penso que vivo preso em um refluxo de pensamentos espirituais já que não existem mais estímulos externos forçando uma “entrada” de experiências sensoriais e impedindo a “saída” de pensamentos em um fluxo constante. Portanto deixei de ser um receptor para me tornar um emissor. Mas não faz sentido, pois este refluxo em si é fisiológico, coisas do cérebro.

Enfim... Qual o sentido deste papo todo? Para mim, nenhum... Apenas meu cérebro – ou mente e espírito, vai saber – tirando a poeira de velhos arquivos em forma de memória e divagando com isto...

Mas e você? Que sentido vê nisto tudo? Você soube de minha morte; e se soube, foi ao meu enterro? Porquê atualmente sinto dúvidas se o que vivo são respostas à realidade, ou meros resquícios de memórias que meu espírito ainda carrega consigo.

Talvez eu não tenha 30 anos... Talvez eu tenha só 28...

19 de abril de 2006, uma quarta feira... Dois anos e 2 meses...