quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Vinho Barato!


(...)
VINHO PARA OS PERDEDORES!!!!!!!

DEPOIS DE TANTOS GASES,DE TANTA AGONIA,
QUE SE FECHEM OS OLHOS E COMECE A ORGIA!

O FOGO OU A PEDRA,NADA MAIS ADIANTA.

SO ESPERO QUE A PINGA CORTE ESSE NÓ GARGANTA!


CORTE NOSSOS OLHOS E ENTÃO LIGUE O SOM.

VAMOS TODOS GOZAR,EM UM SONHO BOM.

ALEGRIA!


CONTINUEMOS NOS GUETOS,CERCADOS DE RATOS.
ALEGRIA!


VAMOS FICAR BEBADOS E ESQUECER OS FATOS.


APATIA!

NUNCA MAIS RECLAME DE QUEM TÁ PARADO.


APATIA!

ISSO JÁ NÃO FERE SEU OUVIDO TAPADO.


AGONIA.
HOJE EU FESTEJO DE TÃO DESESPERADO.

HOJE EU FESTEJO POIS ME SINTO ACABADO.

MINHA LUTA AQUI DEIXO,E NÃO ME SINTO CULPADO.

EU INVOCO DIONISIO,EU QUERO ESTAR EMBRIAGADO.

CANSADO,
SEM NUNCA LUTAR.


COVARDE,
JOGADO NUM BAR.


MINHA DOR NÃO FOI TANTA MAS,
EU PEÇO DESCULPA,
NÃO CONSEGUI AGÜENTAR
ESSE NÓ NA GARGANTA
É A CULPA POR TODAS AS DORES QUE NÃO CONSEGUI EVITAR...


VIDA PARA OS SENHORES!

VINHO PARA OS PERDEDORES!

sábado, 20 de setembro de 2008

Metallica - "Magneticamente Redentor" ou; Death Magnetic, desculpem pelo torcicolo!!


Bom, os propósitos que me levam à trabalhar neste blog apenas assuntos relacionados a um segmento bem específico - e carente - que são os artistas que trabalham instrumentos de cordas clássicos, sejam estes o Violino, Viola, Cello ou Contrabaixo em projetos pessoais ou junto à bandas de rock, foi uma decisão de inícios da fundação do "...depois, quem sabe um cello, vinho & cigarros?"


Pois bem, desta vez me sinto na obrigação de quebrar um pouco esta regra informal, e postar algo a respeito do trabalho novo da "outrora-causa-perdida chamada Metallica"


Fazendo das palavras do pessoal do “A Tavarna do Bárbaro”, inicio o texto com as singelas colocações – corrigidas algumas grosseirias para ficar na sutileza.


(...)É um caixão feito de limalha de ferro sobre um campo magnético? É uma vulva feita no Autocad por um estagiário?” NÃO, é o novo CD do Metallica, “Death Magnetic”.


Sou suspeito – no sentido negativo, óbvio! hahaha – de falar algo sobre Metallica, pois curiosamente, apesar de eu aceitar os mais variados rótulos em cima deles, não sou alguém que acompanha ou acompanhou o trabalho deles, isto é, salvo uma musica ou outra dos primeiros álbuns, realmente não me interessei muito. E, óbvio, esculhambei com os caras a partir do Black Álbum. Depois disso, nunca mais. Apenas ouvia algo se tocasse em alguma rádio ou coisa assim.


Pois bem, esta semana eu estava encantado com o vazamento do novo trabalho do Iced Earth, “The Crucible Of Man”, até porque vim esperando por ele desde o Framing Armageddon”, trabalho maravilhoso com o vocalista Ripper Owens. Imaginava que este, não seria tão bom, pois este vocal foi expulso da banda e chamaram de volta o anterior. Baita sacanagem. E porra, achei o CD maravilhoso!


Eis uma das razões de não ter me interessado tanto pelo Metallica novo. Estava na lista dos meus 10 próximos à uma audição superficial e só.

Em São Paulo, durante a semana, passei na casa de um amigo meu que me fez escutar o álbum...


E... Que grata surpresa!! Estou absurdamente impressionado, muito mesmo! O que eles fizeram alí, naquele álbum, é algo simplesmente magistral. Duas pérolas do melhor metal já ouvido nos últimos 5 anos ouso eu dizer, se encontram neste álbum: “All Nightmare Long” e “Suicide & Redemption”. Maravilhosas! Riffs avassaladores, gritantes, cortados, afiados como uma navalha e ao mesmo tempo bem serrilhados como um destrinchador de costelas deve ser. Palavras de Nilton Rodrigues, colaborador da Whiplash.net, “(...)Escute meu filho, escute. Um Riff que mais parece um helicóptero, com hélices que vão cortando todos os detratores pelo caminho.”


E os solos? LINDOS! Feeling foi a palavra de ordem na construção destes, neste álbum. Sinceramente este play não tem saído do meu Palm nos últimos 4 dias. Não mesmo. Não dá! A fúria cavalar – e bem trabalhada por sinal, o que faz ser uma fúria com sentido e não aleatória – tem me trazido um ânimo que não sentia à muito já, em termos do bom e velho Heavy Metal. Sabe-se lá como, mas os caras arregaçaram as mangas e ARREGAÇARAM neste “Death Magnetic”


O que me faz pensar realmente... O que raios estes caras estiveram fazendo nos últimos 4 ou 5 albuns?

Sustento minha teoria. O Metallica protagonizou anos atrás, uma violenta campanha contra MP3’s e programas de sharewhare como o Napster por exemplo. Se foderam; a violência de expansão de um meio tecnológico disseminador de informações não pode ser contida por meios geradores de informação. Enfim.


Lançaram o “S&M”, o Load, o Reload, e pronto. Trabalhos pífios sob o rótulo Heavy Metal, mas sem 1/10 da atitude, agressividade e violência que vemos em bandas da mesma vertente, ou para não fugir do assunto, dos primeiros álbuns da banda.


Pois bem. A cyber-batalha para controle de disseminação de MP3’s foi vergonhosamente perdida. Hoje, qualquer Zé-mané baixa até musicas foclóricas do Tadjiquistão.


Enfim.


Então – apenas especulando pois não tenho esses números – mas o mercado fonográfico sofreu uma reviravolta violenta nos últimos anos, com uma série de gravadoras revendo suas abordagens de mercado etc. E as vendagens, cada vez mais baixas pela livre disseminação da informação no mundo virtual. Resultado?

Uma banda de rock hoje, vende tanto quanto uma de pagode ou sertanejo – que sinceramente, eu acho o cúmulo.


Então, como enquadrar o Metallica nesse processo todo?


Acredito eu que eles não tinham mais nada a perder – novamente ressalto o meu “não-acesso” aos números – mas eles provavelmente, hoje em dia, lançando um trabalho mais “mainstream” como os Load’s e Reload’s, eles ficariam exatamente na mesma em termos de vendagens, “se” lançassem algo mais pesado novamente em uma espécie de retorno às raízes. Marketing. Aliada à uma coisa divertidíssima, que é tocar um bom e barulhento Heavy Metal. Creio nisso, foi marketing, mas desta vez, da maneira reversa. No sentido de que, lançando algo “light” ou “pesado”, eles não tinham o que perder de fato, apenas talvez o divertimento de se tocar musicas empolgantes.


Mas é uma teoria apenas. O Metallica continua sendo uma das chamadas “Bandas-Empresa” em que cada passo, é milimetricamente calculado. Não se enganem. Mas saibam também que, o mercado mudou.


E... Querendo - o Metallica, as gravadoras, ou outras empresas do setor- ou não; quem saiu ganhando?


Nós, verdadeiros apreciadores de boa música...


Para os fãns de uma boa Thrasheira à saudosos anos 80/90 “mas” com um ou outro elemento renovado...


Escutem... De preferência, no volume máximo, diversão garantida!


Eis o link para baixá-lo atravéz de um Mirror. Mas aproveitem pois os caras, embora o trabalho FANTÁSTICO, ainda continuam chatos e estão caçando estes links... Me avisem se estiver "off" já, pois com o maior prazer, uppo-o novamente.



Mirror.

domingo, 14 de setembro de 2008

Violinos, Cello, Rock... Pt. 06 - "Zöe Keating"



Ta aê uma Cellista que é um tanto complicada de se aplicar um rótulo.


Aliás, o que tenho percebido nestas pesquisas cellisticas, além da excentricidade dos músicos (não me eximindo claro), são a “irrotulabilidade” quanto ao que criam e executam musicalmente falando.

Falar algo da Cellista conhecida como Zöe Keating não é tarefa das mais fáceis, visto que ela é uma daquelas típicas garotas-multimídia, sempre se envolvendo em algum projeto que casa o áudio com o visual. Pois bem. Vou para a música.

Se é para aplicar algum rótulo, tentaria eu descrevê-la como uma Cellista e compositora minimalista porém não de maneira simplista, e sim, quase progressivo.

Suas composições normalmente utilizam-se de várias bases simples pré-gravadas, que servem como uma espécie de colchão de ar aonde ela costuma brincar com seu Cello. Se é que podemos falar que o que ela faz, é brincar; pois o que vemos é que ela na verdade cria estruturas rítmicas densas, extremamente densas e sólidas. Se existisse o termo “Arquitetura Musical” no sentido da execução dos instrumentos, com certeza se aplicaria muito bem ao que ela desenvolve.

Ela faz parte de uma safra de Cellistas que tem como sua terra natal, o Canadá. E creia, não são poucas as novas instrumentistas que vem de lá, mesmo que não tendo iniciado seus estudos em seu país. Curioso pois a atual cena Neoclássica – em termos de instrumentos – me parece bastante forte e criativa lá para cima. Enfim.

Tendo iniciado seus estudos no Cello aos oito anos de idade no Colégio Sarah Lawrence em Nova Iorque, ela tem em seu currículo uma passagem entre os anos de 2002 e 2006, pela banda de Cello Rock, Rasputina, bem como um diploma de Arquitetura de Informações – Seja lá o que for isto. Mas talvez isto explique um pouco sua forma peculiar de compor, bem como certos aspectos de sua criatividade e o que mencionei ali em cima, “Arquiteta Musical”.

Também atua em projetos de digitalização do banco de dados de música Americana, bem como em diversos grupos de pesquisa acadêmico-musical.

Armada apenas com seu Cello e uma pequena parafernália eletrônica como Laptop, Pedais de efeito entre outros, ela já performou nos locais mais inusitados e díspares entre sí, como o Deserto de Nevada, em Igrejas Medievais, em clubes de Punks, e em frente de milhares de adolescentes histéricos através de participações especiais em conjuntos de rock mais mainstream pela América do Norte e Europa.

Confortavelmente explorando o seu próprio território em algum lugar entre o já citado minimalismo, o neo-classico, as experimentações eletrônicas e o eletropunk, seu trabalho já foi considerado “luminoso”, “assustadoramente assombrado” bem como “a perfeita trilha sonora para paisagens pós- apocalípticas”. Particularmente gosto desta ultima definição.

Ao vivo, apesar de sua timidez e jeito macio de falar, ela não titubeia ao empunhar seu maravilhoso Cello do século 18, com seus dreadlocks vermelhos, perdidos ao meio de tamanha concentração e equipamentos eletrônicos de mixagem, enquanto seus pés dançam através dos pedais de efeito, gravando e controlando suas orquestrações, e incrivelmente reproduzindo fielmente ao vivo todas as nuances contidas em seus trabalhos de estúdio.
Uma vez, perguntada sobre seus álbuns, sua música, suas inspirações e temas, ela respondeu o seguinte:

Eu não faço a menor idéia; é tudo e nada, é abstrato” – tentando deixar claro que não gostava de dar um significado específico para seu trabalho.

“(...)as vezes, quando me perguntam o que vem à minha cabeça quando estou compondo, costumo dizer... ovelhas! malas! ou qualquer outra coisa sem nexo, isto é, eu gosto quando os que ouvem minha música, encontrem seus próprios significados para ela. Lógico, existe um centro emocional em cada uma de minhas peças que dirige todo o resto, e se eu pudesse colocar isto em palavras, eu o faria. Criar a música é um processo intenso pois podemos passear através de todo o leque de emoções humanas enquanto estou modelando-as. Quanto mais fluida eu me torno com a tecnologia, mais direta é a experiência, e eu gostaria de levá-la o mais longe que eu puder. Um dia eu espero poder performar peças em 64 canais em alta resolução, com imagens sincronizadas auto-geradas...

Não pensa nada alto a moça, não?

Finalizando este artigo, deixo aqui um link para um trabalho que é uma mostra do tipo de projeto que Zöe muitas vezes se mete: “The Simnuke Project: A three-part memorial and reaction to 60 years of the Atomic Age.” ou “Projeto Simnuke: Um memorial em três partes dos 60 anos e reações da era Atômica”

(Simnuke Project) www.simnuke.org.

Sim. Ela toca após a tentativa da recriação da primeira explosão nuclear da história, no deserto de Los Alamos. Vai entender... Aliás, não tentem, isto é arte cara!!


Vídeo: http://ia300115.us.archive.org/1/items/Simnuke_Event/simnuke_mp4.mov















Zoe Keating - One Cello x 16, Natoma









quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Violinos, Cello, Rock... Pt. 05 - "Vyvienne Long"


Vyvienne Long é uma daquelas Cellistas enquanto solo, é “ame ou odeie”.


Particularmente tentei mostrar o trabalho dela para alguns dos meus amigos, e realmente detestaram. haha.

Bom, ela é mais conhecida pelas suas contribuições junto ao cantor também Irlandês Damien Rice. Contribuições estas, diga-se de passagem, em forma de maravilhosos arranjos de Cello, bem como às vezes, em piano e voz.


Após sua graduação em música pela Escola de Musica de Barcelona, ela imediatamente começou sua contribuição à banda de Rice, entrando em turnê com ele pela América e Europa em 2003 para a divulgação do álbum “O”.


Durante aquela turnê ela começou rapidamente entrou em um momento mais experimentalista, com rápidas adaptações improvisadas de musica clássica mais desconhecidas, bem como hits mais populares do rock e pop. Particularmente acho impagável sua versão acústica para "Purple Haze" do Hendrix.


Assim que retornou à Irlanda, Vyvienne executou em seu Cello sua versão da música “Seven Nation Army” do White Stripes no programa televisivo “Ian Dempsey Breakfast Show”. Fantástica a música.

Ganhando maior amplitude na mídia internacional após esta música, com inúmeras resenhas em revistas especializadas tanto em música erudita quanto em rock e pop, ela fez sua primeira apresentação solo no “Dublin's Mother Redcaps” em março de 2005, seguido por outro show “sold out” em Whelans, logo depois, bem como o álbum “9” de Damien Rice, o que alavancou ainda mais sua popularidade.


Sua banda solo é formada por três Cellos, piano, contrabaixo e bateria, e executam um som original, refrescante, que desafia qualquer possibilidade de aplicação de rótulos.

Em Setembro de 2006, ela lança na Irlan

da seu EP solo intitulado “Birdtalk”, cuja tiragem inicial foi completamente esgotada em poucas semanas, hoje item raríssimo de ser encontrado.


Atualmente, mantem seu trabalho solo de caráter mais experimental, compondo para seu próximo play, desta vez um “Full” e não apenas E.P., cujo nome não foi divulgado ainda. Também performa regularmente com a Orquestra Sinfônica Nacional da Irlanda, e seus trabalhos com Damien Rice se encontram em “Stand By”, aguardando uma definição.


Aguardemos...Eu, particularmente ansioso quanto...


Devido a dificuldade em se encontrar seu E.P.; "Birdtalk", eu disponibilizo aqui o próprio E.P. "remontado" com músicas soltas que encontrei por aí, bem como mais algumas que achei bem interessantes.




Vyvienne Long - E.P. "Birdtalk"

P.S. - > A qualidade não esta lá aqueeeeela maravilha... Mas é "apreciavel" de qualquer forma...







quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Portas da percepção...


Nas ultimas semanas tenho estado bastante envolvido na questão da percepção das múltiplas nuances do que conhecemos por “realidade”. Invariavelmente, quando inicia-se uma pesquisa nestes termos, você encontra algumas frentes de abordagem diferente para a mesma: Drogas, Música, Artes, Religião, Psicologia, Antropologia, Sociologia, Esoterismo e Ocultismo, Sociedades Indígenas e Contracultura. Seleciona-se alguns dos tópicos de interesse, forma-se a linha de pesquisa e raciocínio e vai-se mais a fundo destrinchando.

Pois bem, a minha ótica foi a questão das drogas, música, sociologia, psicologia e contracultura, pois as drogas hoje em dia, apresentam-se em um contexto completamente diferente daquele que inicialmente, nos anos sessenta, se apresentava.

Imagine a cena: O pai, aos seus sessenta e poucos anos e a filha, após uma aula especial contra o uso de drogas. Ela chega em casa e diz ao seu pai: “Pai, ele falou um monte contra a maconha. E não é verdade! Eu não vejo acontecer, com você e a mamãe, nada do que ele falou que acontece quando se fuma um baseado!”. O velho hippie sorri. Este momento apresenta dois momentos da mesma história: o presente, manifestado pelo comentário da filha, e o sorriso do pai, que funciona como enigma, exigindo a reflexão sobre o passado.

O pai é personagem de uma época em que o uso de drogas, especialmente as alucinógenas, era visto como uma estratégia para abrir as portas da percepção. Para isso, basta lembrarmos da metáfora que Aldous Huxley utilizou para se referir à alteração dos estados de consciência produzidos pela ingestão d
e certas ervas e plantas, cujo este texto tem por título - bem como grande obra literária do autor. A filha, ao contrário do pai, vive num ambiente em que a droga é caso de polícia. Para o pai, em sua juventude, ser hippie era compartilhar um ideário cuja prática radical dava prioridade às experiências: viver em comunidade, encontrar alternativas para as relações opressivas e alienantes da sociedade de consumo e, é claro, viver de forma dionisíaca do cotidiano; ou intensamente o “aqui e o agora”.

A radicalidade da experiência passava pela busca de novas maneiras de perceber o mundo e com ele se relacionar. Nessa busca incessante, experimentar tudo o que possibilitasse a abertura das portas da percepção era a palavra de ordem. O ideário hippie envelheceu, e seu comportamento rebelde adocicou-se com a institucionalização de seus valores. Mas, e no tocante às drogas, o que mudou o sentido da experiência entre uma juventude e outra? Elas perderam seu atributo de libertar o homem ou este atribuiu-lhes novos significados, novas leituras?

A resposta parece simples. Parece.

As drogas, claro, não perde
ram suas propriedades. Alem do mais, a busca por estados alterados de consciência é algo que acompanha a história do homem provavelmente desde os seus primórdios.

Se essa busca liberta o homem ou, ao menos, contribui para tal, depende do que se entende por liberação. Depois, o homem enquanto sociedade dominante, encontrou novos significados para sua compreensão do mundo e, dentre estes, a imposição necessária de limites ao uso de drogas, oriundos de sua consciência.

A crença nas drogas como elemento de liberação leva Huxley a escrever livros que o tornaram um dos mais influentes defensores do uso terapêutico das drogas alucinógenas. Dentre os inúmeros e importantes títulos produzidos por ele ao longo de sua existência, destacam-se “As portas da percepção”, “Céu e inferno” e “A ilha”. Anos antes de participar de experiências com Timothy Leary que deram origem ao conhecido “As Portas da percepção”, Huxley já havia experimentado o Acido Lisérgico. A identidade de interesses e valores sobre o uso do Acido foi tanta entre os dois que Huxley não se furtou ao convite de Leary para, juntos, escreverem um manual de uso adequado para o uso do Acido. Baseado no livro tibetano dos mortos, o resultado foi publicado sob o título “The psychedelic experience.”

Pouco antes de morrer, bastante enfraquecido pela doença, pede uma dose de Acido para fazer sua última viagem, ouvindo trechos do manual lidos por sua esposa e companheira, Laura Huxley.

Nessa época, tudo convergia para a formação de um universo psicodélico que a indústria cultural tratava d
e mercadejar. Drogas, sexo, experiências comunitárias, religiões exóticas e filosofias orientais pontilhavam o universo de interesse desse segmento novo de mercado: o jovem.

Hábitos, comportamentos e valor
es tradicionais são contestados, desmontados e modificados.

Mas, por que, nos anos sessenta, a experiência com drogas alucinógenas gan
hou tanta importância? Desde a descoberta laboratorial do ácido lisérgico nos anos 40, ele despertou a curiosidade de cientistas e pesquisadores das mais diferentes áreas.

A possibilidade de usá-lo como arma estratégica também foi considerada, e a CIA posteriormente, patrocinou uma série de pesquisas sobre seu uso. Essas experiências não eram de todo desconhecidas. Muitos faziam dela uma forma de aumentar sua receita e outros, de ter novas experiências.


O culto às drogas ganha ne
sse momento um entorno mágico, terapêutico ou religioso. Não que ele já não existisse. O homem sempre experimentou produtos que afetam sua percepção, e, desde o começo dos tempos, comunidades inteiras usam bebidas e ervas alucinógenas como parte de rituais religiosos.

Historicamente, este momento foi um cenário bastante rico e de muitas transformações. Progressos tecnológicos melhoram a qualidade de vida, a taxa de mortalidade se reduz, e
o tempo de vida da população aumenta. Num contexto de abundância material e com dinheiro na mão, essa geração sessentista, também conhecido como os “baby boomers” traduziu-se em poderosa demanda por bens de consumo, constituindo-se num fenômeno mercadológico por excelência. No entanto, consumistas ao extremo, também se entediavam facilmente.

O contexto da rebelião juvenil era claro, e seus inúmeros produtos (programas de rádio, TV, jornais, livros, fotos, etc.) são, hoje, registros, documentos dessa história.

A experiência com as drogas alucinógenas só se torna importante para o sistema
simbólico dessa geração porque os efeitos produzidos pela experiência ganham nova significação, nova leitura. Experimentar drogas estava associado a um complexo mecanismo de busca pelo auto-conhecimento, pela expansão da consciência.

Sob o efeito de drogas alucinógenas, são poucos os que resistem à percepção de níveis diferenciados de realidade.
É como se toda a estruturação lógica de nosso ego se desmoronasse. O inconciliável se concilia, os opostos se complementam. Mente e coração são percebidos enquanto unidade, e o racional é uma parte do vastíssimo campo de estruturações que a mente pode produzir. Os limites entre ilusão e realidade tornam-se tênues e a loucura se vislumbra no horizonte. Sonhar também é perigoso.


A erva do diabo é o protótipo desse momento. O livro de Carlos Castañeda dá início a uma série de vários volumes que relatam sua pesquisa antropológica sobre xamanismo. Em sua saga, o que temos é o processo de transformação vivido pelo autor que, antes de concluir sua pesquisa acadêmica, tornou-se, ele próprio, um bruxo. Não é difícil imaginar sua indignação quando soube, pelo próprio mestre, que o caminho espiritual prescinde do uso de qualquer droga. Castañeda tinha ingerido durante anos os mais diferentes tipos de plantas alucinógenas existentes no deserto mexicano; vivido momentos difíceis, com a cabeça confusa, à beira da loucura por causa das drogas. Seu mestre, indiferente, continuava ministrando-lhe alucinógenos. Insistindo na razão do uso maciço de alucinógenos, Don Juan não hesitou; foi a maneira encontrada para quebrar a rigidez intelectual cristalizada na mente de Castañeda.

Mas, se por um lado, a experiência com as drogas alucinógenas permite alterações da consciência suficientes para que se percebam os limites da racionalidade, por outro; a reiteração do seu uso faz com que os velhos paradigmas reconquistem o espaço perdido integrando os efeitos alucinógenos como parte de seu sistema mental.

- Se o objetivo é a libertação das amarras da racionalidade, o obstáculo natural é a própria
mente.

É impossível generalizar, mas não são poucos os relatos autobiográficos que narram o processo de abandono do uso de drogas após experiências muito fortes, autoreveladoras. Cedo ou tarde, essas experiências levam a secundarizar a importância da droga: depois que você descobre o outro lado... “para quê?”, pergunta-se a si mesma uma jovem, ex-freqüentadora do Santo Daime.

Em sua maioria, o percurso é recorrente: quando o uso de drogas desperta o universo religioso, místico ou mítico, a droga, de uma forma ou de outra, perde importância e significado.


A mesma jovem do início deste texto está agora falando com o pai sobre um livro.
Entusiasmada, resume os argumentos que explicam a inexistência de loucura em determinadas sociedades não-civilizadas.

- “Nós tendemos à loucura, pai, porque tentamos explicar tudo. Não existe o desconhecido. Na pior das hipóteses, o psicanalista resolve. E a loucura, como uma panela, submetida à excessiva pressão, explode. Já para o não-civilizado, o diálogo se dá pela linguagem do mito, equilibrando o indivíduo às suas condições ambientais. Em última análise, o que o autor está dizendo é que a magia cura.”

- “E, por que, então, pai, não se usa mais a magia para se ficar menos louco?”

sábado, 6 de setembro de 2008

Cemitério do Araça... Arte tumular, devaneios...



Em São Paulo hoje, após terminar as coisinhas que tinha a fazer resolvi caminhar da praça da república até a

Avenida Paulista pela Consolação.

Tinha dois lugares que queria conhecer mas por vagabundagem - ou antes, pura falta de tempo - não tinha dado certo.


Os dois na própria Consolação. Então assim, próximo a República eu entro em uma Igreja em estilo similar ao gótico - embora com uma variedade de elementos de outros estilos arquitetônicos bastante visíveis.


Entrei. Chão sendo lavado, e deixo um rastro de passos com meu coturno encardido. Alguem me olha feio.


Não há muito a dizer, geralmente gosto de igrejas e o silêncio dentro das mesmas. E a luminosidade lúgrube. Existe algo que inspira paz, ao mesmo tempo uma certa opressão e medo - mesmo que estes dois de maneira tão velada - dentro destes lugares. Olho ao meu redor. Apesar de não seguir nenhuma doutrina ou crença que possa ser considerada convencional, me entristece o fato de a grande maioria das doutrinas ditas "Alimento para alma" hoje em dia menosprezem algo tão sublime e belo quanto as Artes Sacras. - Porquê?


Duas hipóteses, ou condenam a beleza criada pelo homem por achar que isto é uma afronta à qualquer divindade que se supõe a existência - afinal a criação do ser humano é atestado de incompetência criativa - ou, passavam por um momento de contenção de gastos quanto a contratação de artistas competentes e a moda pegou.


Já entrou em uma igreja de alguma doutrina mais moderninha? Estéril, impessoal.


Enfim, saindo dali continuei minha caminhada ladeira acima. Chego ao cemitério da Consolação. Basicamente, o que a grande massa nunca percebeu é o fato de que normalmente, independente do fato de um cemitério ser uma necrópole, isto é; uma cidade de mortos, eles também costumam ser verdadeiros museus a céu aberto.


Minha intenção original ao visitar este lugar era tirar algumas fotos para escrever algo sarcástico e ácido sobre o destino comum de todas as pessoas que por aqui transitam - digo, acabar um pouquinho mais com o ser humano só de birra - mas desisti depois que uma vez lá dentro. Maravilhosas as esculturas daquela morada final.


Caminhei por cerca de uma hora nesta que é uma das necrópoles mais antigas de São Paulo. Eu olhava embasbacado para todos os lado, vendo verdadeiras peças de arte alí, todas apresentando uma naturalidade que apenas a ação do tempo sobre o mármore é capaz.


Assim, eu ví anjos perfeitos, em poses que inspiram a realeza. Ví mulheres lindas e seus vestidos esvoaçantes, seus rostos delicadamente tristes, debruçadas sobre lápides; tão naturais que se esquece que estão ali, congeladas no tempo, algumas desde mil oitocentos e sessenta. Ví capelas particulares, pequenos santuários pessoais dedicados à quem já a muito se foi, mas sabe-se pelo esmero e delicadeza em sua construção, o quanto foi importante para alguem.


- Existe tristeza e dor em um cemitério, óbvio. Mas tambem existe amor em estado bruto.


Em respeito a isto, particularmente à esta pequena parcela da alma humana, o "luto" por algo ou alguem amado que partiu (não necessariamente desta para melhor; apenas uma "perda" mesmo que por separação de caminhos - o luto não ocorre apenas na morte, óbvio); não vou acabar com nenhum destes momentos descambando para a crítica-chutar-o-pau-da-barraca aqui.


Para os que não sabem e são abertos para tal, vale mencionar que, embora em sua grande maioria as esculturas sejam de autoria anônima; existe todo um movimento artistico denominado "arte tumular", cujas peças são de uma expressividade emotiva assombrosa.


...resta agora apenas, explorar a ligação entre esta mescla parasitária social que se auto-intitulam de neo-góticos mas não passam de emos disfarçados; e estes locais que são tão sagrados em sua própria essência... Cruzei com um desta espécie por lá, bem como duas garotas "normais" que me olharam assustadas e só se aproximaram ao perceberem a máquina fotográfica...


Nota pessoal - Não usar roupas pretas e rasgadas nas próximas incursões aos "limites" da existência humana...