quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uma Névoa Flutua Sobre A Realidade


Uma pardacenta ilusão submerge toda a cidade - e com espanto se encontra numa taverna, quem julgara penetrar num templo. Ora para a maioria dos espíritos uma névoa igual flutua sobre as realidades da Vida e do Mundo. Daí vem que quase todos os seus passos são transvios, quase todos os seus juízos são enganos; e estes constantemente estão trocando o templo e a taverna. Raras são as visões intelectuais bastante agudas e poderosas para romper através da neblina e surpreender as linhas exatas, o verdadeiro contorno da realidade.”

- Eça de Queirós


Ando um tanto afastado de todas as atividades relacionadas a produção ligadas a artes. No momento, qualquer coisa ligado a criação tem sempre evocado uma simples pergunta: “Para quê?”

Imerso em pensamentos, quase todos relacionados a busca por alguma resposta sobre o porquê vivermos determinadas coisas, me soam um tanto infrutíferas. Sempre retorno ao “Para quê?”

Assim, parte do brilho, das cores, e inclusive da sonoridade das coisas, andam um tanto embotadas.. Sem brilho, sem cores e dotados de ruídos apenas.

Sim, a música não tem me soado como antes, são raras as coisas que escuto no momento, que me trazem algum alento ou paz.

Tenho escrito muito em meu diário pessoal, em sua grande maioria, textos divagativos acerca de algumas questões que há muito se encontram em aberto comigo mesmo. Mas é estranho, pois cheguei em um ponto no qual me foge inclusive, qual é a pergunta.

Tenho vivido em uma espécie de estado onírico, em que os sonhos da noite permeiam a minha realidade desperta; dotando tudo ao meu redor, com uma textura que remete ao onirismo noturno. Oneiros, Oneiros. (ou Oneiroi- em grego Όνειροι, Sonhos), filho da noite. A que tudo e a todos cobre com suas longas mantas escuras e espessas. - Não consigo deixar de lado a nítida sensação de que todos estamos de fato, vivendo uma espécie de sonho alheio.

Sei que um de nossos objetivos por aqui é assumir as rédeas de nossa própria concepção de realidade no sentido pleno da palavra conceber. Cabe a nós. Somos donos do que desejamos e criamos. E somos responsáveis por tal criação. Vem daí essa espécie de crença que afora a questão das realidade coletiva a qual todos compartilhamos, também vivemos quase em nossa totalidade do tempo, presos a uma realidade pessoal; esta, muito mais bizarra do que podemos de fato nos dar conta. Talvez, sequer queiramos nos dar conta disso, de qualquer modo.


Enfim, apenas divagando um pouco. Bem por aí o teor do que escrevo em minhas páginas pessoais.


Para quê?”

- Sigo me perguntando, enquanto os dias se passam preguiçosos ao mesmo tempo que apressados...