terça-feira, 3 de março de 2009

Violinos, Cello, Rock Pt. 15 - "Lisa Hannigan" feat. Vyvienne Long



Alguém se recorda da Vocalista Irlandesa Lisa Hannigan?

Em março de 2007, como a sombra de Peter Pan que repentinamente rompe com seu corpo, a vocalista Lisa Hannigan juntamente com a Cellista Vyvienne Long rompem uma parceria musical de longa data com Damien Rice. Na época, de acordo com Rice, sua relação profissional tinha se esgotado e criativamente, seguido rumos diferentes. Se não longamente antecipada, ao menos muitos já há bastante tempo aguardavam trabalhos solos por parte das duas ex- integrantes da banda de Rice.

Neste meio tempo, Vyvienne Long trabalhou em seu magnífico e experimental E.P., o “Birdtalk”, já mencionado e resenhado aqui no Vinho & Cigarros.

Já a Srta. Hannigan embora seguindo pelo mesmo caminho, levou adiante uma série de projetos paralelos; alguns não relacionados a artes, como por exemplo a captação de recursos para a “Oxfam International” [1] , a “Fair Trade” [2] ou então, de cunho artístico além da participação especial em inúmeros trabalhos musicais como vocalista convidada para bandas como o “The Cake Sale”; a fundação de sua própria Companhia de Teatro.

Finalmenteem setembro de 2008, Lisa coloca no mercado de maneira independente o seu aguardado “debut” solo, o “Sea Sew”

Pois bem. Existem duas aproximações possíveis de um ouvinte para este álbum: Aquela de uma pessoa que já acompanhava sua carreira durante suas colaborações junto ao Damien Rice, e aquela a qual você nunca antes tinha ouvido falar na Srta. Hannigan. Opto pela primeira, que é justamente o meu caso bem como creio eu, da maioria dos leitores do Vinho & Cigarros.

Se fosse necessárias apenas duas palavras para definir este álbum, não pensaria duas vezes em defini-lo como absolutamente “Sincero & Precioso”. Porquê o que tenho em minhas mãos aqui no momento que resenho este trabalho, é justamente um trabalho

recheado de uma sinceridade ímpar. Fazia muito tempo, aliás anos já; que não segurava um CD que fosse tão autêntico e despretensioso no que ele se propõe.

Ocorre que, ao ouvir com calma seu trabalho, você tem aquela pálida impressão de quando você por acaso reconhece uma pessoa em no metrô, mas não consegue se lembrar de seu nome. Este reconhecimento se deve a uma leve conexão com seus trabalhos de épocas de Damien Rice, mas com suas melhores qualidades elevadas a um novo patamar, agora que ela lida com sua voz em primeiro plano nas composições, bem como também a própria liberdade criativa.

Na grande maioria das faixas está presente também às melodias suaves, leves e sensuais criadas pela Cellista Vyvienne Long, que ajudam a dar o tom das músicas; no geral não tão melancólicas quanto ao que faziam juntas ao Damien. Mas, não se enganem, pois a tal melancolia ainda existe, mas talvez agora como uma espécie de nuance sonora, um complemento, ou uma sensação que fica ali, de fundo, não facilmente percebida.

Aliás, esta também é uma característica interessante deste álbum. O tom de casualidade. É fácil se enganar, confundindo o “casual” com “simplista” em um primeiro momento. E, de simples, este álbum não tem nada. Ao longo do álbum inteiro, ela explora uma infinidade de texturas sonoras através de seu vocal doce que pode passar totalmente despercebido aos mais desatentos. E o Cello da Srta. Long, a segue com a mesma suavidade em uma segunda voz, trabalhando em um dueto maravilhoso, explorando, tecendo novas melodias, que se abraçam de modo suave e gentil com a voz principal.

No geral, embora Lisa Hannigan tenha sido mais reconhecida como a vocalista de apoio de Damien Rice e não tão em voga quanto o próprio; os que acompanhavam seu trabalho já sabiam do potencial desta garota. Portanto, por um certo grupo de apreciadores de sua voz – incluindo este que vos escreve – seu trabalho solo sempre foi aguardado com uma enorme apreensão. Ela foi sábia, não apressou em nada o lançamento deste trabalho. Neste meio tempo, fez tudo o que uma artista pode fazer fora gravar seu próprio álbum; desde deixar-se ser coberta por chocolate derretido para uma propaganda social de “Fair Trade”, bem como tocar covers de canções Punk em eventos de caridade.

E, em uma ultima análise, como ex- segunda voz de Damien Rice, é justo dizer que ela tinha tudo a perder e tudo a provar; mas com este álbum; “Sea Sew”; ela simplesmente afastou e calou de modo suave e gentil quaisquer críticas e expectativas que pudessem ter permanecido até então...

Mágico!




[1] “Oxfam International” – confederação de organizações sociais que atuam juntas em mais de 100 países com o objetivo de encontrar soluções para a pobreza e injustiça social

[2] “Fair Trade”, um movimento s

ocial que visa o pagamento justo aos trabalhadores de países produtores de insumos e matérias primas, deliberadamente trabalhando com produtores e trabalhadores marginalizados, com o objetivo de tirá-los da situação de vulnerabilidade colocando-os em uma segurança econômica através da auto-suficiência.



Link:
















Nenhum comentário: