Giuseppe Tartini (Pirano, 8 de abril de 1692 – Pádua, de 26 de fevereiro1770) foi um violinista, pedagogo e compositoritaliano.
Formou uma famosa escola de violino – a Escola das Nações – de onde saíram eminentes violinistas, entre os quais Nardini.
A sua obra mais conhecida é a póstuma sonata “O trilo do diabo” (Sonate du Diable), também conhecido como “O Sonho de Tartini” (Sonata n.º 2 Op. 1).
Esta Sonata possui este nome devido a um espantoso encadeamento de trilos no terceiro movimento, bem como a lenda de que a realização dessa sonata teria sido sugerida em sonho por um demônio, que supostamente teria aparecido no pé de sua cama tocando um violino. E, junto a esta lenda, demonstrando sua incrível perícia no instrumento, dizia-se também que Tartini tinha na verdade seis dedos em sua mão esquerda, tamanha a dificuldade dos demais violinistas em executarem tal obra, sendo até hoje considerada complicadíssima mesmo para os padrões modernos...
Até hoje a obra permanece como "peça de resistência" no repertório dos virtuoses.
Os exercícios para arco contidos neste “L’art de l’archet” são na verdade 1 tema e 50 variações do mesmo, todos com enfoque no correto manejo do arco visando a execução dos mesmos. São ótimos para a geração de câimbras nos músculos da mão direita. hehehe
Caso os sintomas persistam – as dificuldades ou as câimbras – não hesitem em consultar um médico e um professor.
Uma das coisas interessantes em se ter uma certa morbidez encravada dentro da alma, é o gosto normalmente totalmente fora do convencional para padrões de estética. Ver beleza e paz aonde a maioria das pessoas costumam enxergar o frio e a perturbação.
Ontem desenterrei alguns velhos livros de arte surrealista aqui em casa, e me deparei com dois ou três álbuns do suíço H.R.Giger.
H.R.Giger, para quem não conhece o cidadão, é mais conhecido no mainstream artístico pelo seu premiado design tanto do corpo quanto do meio ambiente de “Aliens” de 1979, tento conquistado o Oscar em 1980 pelo mesmo.
Me pergunto o que se passa na mente deste cara, é um mistério.
Hans Ruedi Giger nasceu em Chur, uma pequena cidade da Suíça, em 5 de fevereiro de 1940. Suas imagens detalhistas, realizadas em um estilo bastante peculiar, retratam paisagens e ambientes claustrofóbicos, habitados por seres monstruosos, amálgamas de elementos orgânicos e mecânicos.
Desde muito novo, Giger desenvolveu um gosto por coisas mórbidas e estranhas. Muitas das suas inspirações de início de carreira vinham de artistas como Arnold Böcklin, Jean Cocteau e Salvador Dali, de cujas obras colecionava reproduções (com Dali, inclusive, Giger chegaria a manter contatos pessoais, em meados da década de 1970). Giger partilhava com os chamados Surrealistas hábito como a leitura de Sigmund Freud, o cultivo do automatismo psíquico e a utilização de sonhos como matéria-prima de suas pinturas.
Além disso, interessava-se por escritores de literatura fantástica e ficção científica, em especial por Howard P. Lovecraft, inspirado no qual realizaria as ilustrações para o seu álbum mais famoso, o Necronomicon (1977).
Giger estudou Arquitetura e Desenho Industrial na Escola de Artes Aplicadas de Zurique, onde teve uma formação bastante variada. Além de pinturas, trabalhou desde cedo com decoração de interiores, escultura e cenografia. Essa atividade múltipla o ajudaria mais tarde a ingressar na indústria cinematográfica, para a qual contribui com certa assiduidade nas últimas décadas. Tendo começado a trabalhar para Hollywood em meados dos anos 1970, criou cenários e figurinos para alguns filmes, sempre com seu estilo particular.
Foi porém o seu trabalho em Alien, de Ridley Scott, que o tornou mundialmente famoso. Por esses seus trabalhos em Alien, Giger ganharia, inclusive, em 1980, o Oscar de Efeitos Visuais.
Trabalhou também como designer de revistas e de capas de discos, sendo hoje especialmente cultuado pelos leitores de histórias em quadrinhos, tatuadores e fãs de rock pesado. Provavelmente, essa sua ligação estreita com os meios de comunicação de massa contribuiu para que a historiografia e a crítica especializada de arte não considerasse seu trabalho digno de maiores atenções. Contemporâneo de movimentos como a Arte Minimalista e Conceitual, seu estilo figurativo carregado de implicações metafóricas, parecia a essa mesma crítica no mínimo anacrônico. Mesmo a execução de suas imagens, realizadas com a técnica do aerógrafo, que o artista passou a usar majoritariamente a partir da década de 1970, parecia mais relacionada ao mundo da ilustração publicitária e do kitsch, do que propriamente ao da chamada arte “erudita”.
Se à sua obra é comumente associado o termo grotesco em seu sentido corriqueiro, bizarro, disforme e monstruosa, sendo isso função óbvia dos temas por ele abordados, cumpre reconhecer que ela deve ser também relacionada ao sentido etimológico mais específico da palavra grotesco e ao estilo ornamental que tem essa mesma denominação.
"Aos retratos do mundo real, prefere-se agora pintar monstros nas paredes. Em vez de colunas pintam-se talos canelados, com folhas crespas, e volutas em vez da ornamentação dos tímpanos, bem como candelabros que apresentam edículas pintadas. Nos seus tímpanos brotam das raízes flores delicadas que se enrolam e desenrolam, sobre as quais se assentam figurinhas sem o menor sentido. Finalmente os pedúnculos sustentam meias figuras, umas com cabeça de homem, outras com cabeça de animal. [*]"
Tal tipo de ornamentação era condenada por críticos que, a exemplo de Vitrúvio, recriminavam veementemente o estilo por ser uma violação dos critérios de verdade natural. O grotesco não tinha apenas um caráter lúdico e decorativo mas continha, em última análise, algo de sinistro e angustiante. Parafraseando Wofgang Kaiser, um dos principais estudiosos do assunto, o mundo apresentado no grotesco é totalmente diferente do habitual: nele estão anuladas as ordens da natureza, isto é, o reino das coisas inanimadas não está mais separado daquele das plantas, dos animais ou dos seres humanos, e nele as leis da estática, da simetria e das proporções tem sua validade relativizada.
A justaposição de elementos oriundos das mais diversas categorias da natureza e da cultura é um recurso comum nas obras fantásticas, da Antiguidade até o Surrealismo. Na obra de Giger, muitos desses elementos pertencem ao universo da magia negra (cruzes, bruxas, o bode, o sudário, etc.) e alguns dos motivos são amálgamas de disparidades.
A utilização ornamental de motivos orgânicos como ossos ou vísceras é bastante freqüente em Giger, e é comum a associação entre a obra de Giger e os sentimentos de mal-estar, angústia e neurose. Especialmente as recorrentes alusões sexuais, mais ou menos veladas, presentes nas imagens do artista suíço parecem confirmar uma disposição mental pouco “sadia”.
A loucura é também amiúde relacionada ao gênero grotesco, pois, como afirma Kaiser, "o encontro com a loucura é como uma das percepções primigênias do grotesco que a vida nos impinge". E, de fato, podemos encontrar na arte dos alienados procedimentos compositivos semelhantes àqueles que acima sucintamente descrevi.
Também é comum na obra de Giger, assim como na dos alienados, a ocorrência daquilo que Arnheim chama de "trocadilhos visuais", isto é, "a fusão de elementos heterogêneos na base da semelhança externa". Tal é particularmente o caso com relação às referências de caráter sexual presentes na obra de Giger, que denotam um afastamento com relação às interações significativas existentes na realidade.
Tais observações indicariam os supostos limites da arte de Giger? Apesar de seu aspecto assustador, esta não passaria de um jogo formalístico unilateral, baseado em uma ordenação simples e alienada das vicissitudes da vida, em suma, incapaz de referir-se, como faz a arte “autêntica”, à existência em todos os seus aspectos essenciais e contraditórios?
Esse seria, certamente, um julgamento severo, que desconsideraria os diversos pontos interessantes que a obra de Giger apresenta. Outra convergência mais positiva entre as motivações profundas de Giger e as do grotesco podem ser intuídas das próprias declarações do artista, que muitas vezes disse ter pintado seres, situações ou ambientes oriundos de seus próprios pesadelos, com o intuito de tentar superar os medos por eles gerados. Nesse sentido, as imagens de H. R. Giger, à primeira vista doentias e repulsivas, não deixariam de desempenhar uma nobre função: materializando o obscuro, o sinistro e o inconcebível, elas permitiriam a todos nós, se não vencer, ao menos tomar consciência e conviver melhor com os aspectos negativos da existência.
[*]"Nam pinguntur tectoriis monstra potius quam ex rebus finitis imagines certae: pro columnis enim statuuntur calami, pro fastigiis harpagae et mituli striati cum crispis foliis et volutis, item candelabra aedicularum sustinentia figuras, supra fastigia earum surgentes ex radicibus cum volutis coliculi teneri plures habentes in se sine ratione sedentia sigilla, non minus etiam ex cauliculis flores dimidiata habentes ex se exeuntia sigilla, alia humanis, alia bestiarum capitibus similia". VITRUVIUS POLLIO, Marcus. De Architectura, livro VII, capíitulo 5, 3.
Faz um tempinho já que queria resenhar este cara por aqui, mas não fazia a menor idéia do que escrever a respeito, fora que é uma das melhores coisas que ouvi nos últimos tempos.
Claro, sou suspeito para escrever algo sobre eles, visto que recentemente tive a oportunidade de ter contato com a Cellista que toca com este distinto senhor – distinto, para não dizer estranhíssimo – a Srta. Julia Kent.
E óbvio, nem preciso mencionar o quão paga pau sou dessa mulher, ex- Rasputina junto com a Zöe Keating; que a estas horas também anda desenvolvendo seu trabalho solo bem como participação em outras bandas como a própria Srta. Kent - sinto eu que tudo o que esta mulher toca vira ouro, Cellisticamente falando, claro.
Mas isto não muda o fato de que temos em Antony uma genialidade absolutamente contundente, diretamente proporcional à figura bizarra enquanto sua faceta artística ao analisarmos o tipo de trabalho que o mesmo executa.
Se não, vejamos, o que dizer de um cantor e pianista branco, que beira o transexualismo mas com pitadas de androginia pura?
Nascido na Inglaterra e criado na Califórnia, Antony Hegart, hoje com trinta e poucos anos, desenvolveu sua carreira em Nova York. Atualmente em vias de lançar seu 3º trabalho de estúdio, o aguardado “The Crying Light”, Antony merecidamente conquistou espaço de destaque entre os compositores modernos como Damien Rice, Rufus Wainwrigth e Ellioth Smith entre outros.
Antony canta como se fosse um homem com voz feminina, algo como Morrissey encarnando Nina Simone, ou Marianne Faithfull, Scott Walker e Tom York juntos, interpretando peças líricas clássicas.
Ao contrário do bizarro “glam-poser” que viceja por aí, o transexualismo e a androginia que mencionei aí em cima são o ponto de partida artístico e existencial para as canções do Antony & The Johnsons. As referências de Antony são os filmes underground de Jack Smith nos anos sessenta, as operetas-pop de Klaus Nomi - este, também herói de Morrissey - nos anos setenta e, mais recentemente, Boy George.
E seguindo por esta linha, Antony nos brinda com um maravilhoso trabalho ao piano acompanhado pela banda, compondo musicas devastadoramente lindas. A música de Antony é perturbadora e comovente. Tanto que Lou Reed chorou da primeira vez que o viu cantar, tornando se assim um protegido do casal Reed + Laurie Anderson, cantando em dois discos do ex-Velvet Underground. Em troca, Lou tem uma participação em seu disco “I Am a Bird Now”, tocando guitarra e declamando os versos "I was lying in my bed last night staring / At a ceiling full of stars / When it suddenly hit me / I just have to let you know how I feel". E aí entra a voz de Antony - encharcada de soul, blues e melancolia - cantando: "We live together in a photograph of time/ I look into your eyes/ And the seas open up to me". Eu sei que há pessoas com nervos de aço, sem sangue nas veias e sem coração, mas até pra eles é difícil não engasgar nessa hora...
Em 1988, depois de vários anos cantando em cabarés, principalmente os de orientação GLS, Antony & The Jonhsons chegou ao primeiro disco homônimo, só editado oficialmente dois anos depois. Lançado por um pequeno selo londrino (Durtro, do músico experimental David Tibet), o disco contribuiu para formar um pequeno, mas ativo, grupo de fervorosos fãs. O sujeito é um fenômeno: ele manipula sua imagem de modo indefinível, canta com voz em vibrato melancólico e uma performance de palco no mínimo bizarra e arrebatadora. Seu trabalho de certa forma é dolorido, mas cheio de esperança. Há algo de quase espiritual nele, um traço semelhante à fé.
É uma música sofisticada, com músicos bem treinados e transbordando um verdadeiro rio de sentimentos diretamente para a alma. E sua voz tem alguma coisa que atinge o sistema nervoso, apoiado por um instrumental que nos remete aos cabarés antigos, quase todo à base de pianos, violoncelos, baixos e orquestra.
Poucas vezes ouvi uma voz tão encantadora como a de Antony. Se de um lado é forte e rouca, de outro jeito é sutil e sensível.
Nestes tempos de “hits” instantâneos, Antony & The Johnsons resgata o verdadeiro sentido estético e existencial da arte, da música, da canção e do cantar.
O que Antony produz, é mais do que apenas outro trabalho qualquer da indústria da música, é um verdadeiro sopro de criatividade,nos brindando com álbuns riquíssimos, onde cada canção é uma página do diário de Antony, é um livro aberto dos seus sentimentos, das suas dúvidas, das suas tristezas, sendo que Antony canta tudo isto com uma voz cheia de alma, que se divide entre a duma mulher e dum homem, é algo que existe entre os dois sexos e que não está ao meu alcance de descobrir o que é.
Digo-lhes que, definitivamente este é um dos melhores cantores / compositores que já escutei, e aguardo ansiosamente por alguém que o supere.
Leila (Lauren Lee Smith) vive segundo os seus instintos. O sexo é, para ela, animal, mas é também uma fonte de poder sobre os homens. Leila não abdica do controle da sua própria vida, mas o iminente divórcio dos seus pais vem abalar o extremo oposto em que ela se encontra, confirmando o seu descrédito na durabilidade das relações.
Durante o verão em Toronto, Leila conhece David (Eric Balfour). A sedução é fácil e satisfatória. Leila sabe que quer David, e que David a quer, mas à medida que começam a perceber que existem sentimentos que sustentam o desejo de um pelo outro, o seu analfabetismo emocional se torna claro. Pouco articulados na linguagem do amor, Leila e David parecem conseguir se comunicar apenas através dos seus corpos.
Sexo é comunicação e, cada vez mais, nas relações modernas, é a única linguagem utilizada. Conhecer o outro, entrar na sua intimidade e partilhar dela, dá trabalho e também medo. Face a esse medo e à perturbação que a ligação emocional provoca no funcionamento normal da sua vida, Leila recua. Mas o faz tarde demais. A vida segura que construiu começa a desmoronar-se em torno desse sentimento recusado. Leila começa a questionar-se sobre se é verdadeiramente independente, ou apenas tem medo de sentir. E acabará entendendo que o desejo pode tapar a possibilidade de amor e que uma das condições essenciais para ser feliz é tornar-se vulnerável.
Baseado no livro de Tamara Faith Berger, que escreveu também o argumento em conjunto com o seu marido e realizador Clément Virgo, “Lie With Me” é um filme sexualmente explícito, mas longe de ser chocante, feito com realismo e sem vergonha (a entrega dos atores é notório), sobre o dilema que se estabelece entre o sexo sem contexto e o compromisso emocional, e sobre a procura de uma solução em que um e outro vivam, e onde a espontaneidade e a profundidade se misturem.
“Lie With Me” contrasta cenas sexuais intensas com detalhes de vidas solitárias, uma duplicidade que se reflete no próprio título: entre o deitarem-se juntos (‘lie with me’) e o viverem juntos uma mesma mentira (‘lie with me’), pode esconder-se aquilo que todos - mesmo o que se negam a aceitá-lo - andam à procura: o amor.
Mas sexo não é amor. E não é amor aquilo que Leila e David começam por fazer. No entanto, o abismo entre um e outro é bem menos acentuado do que muitas das teorias pseudo-modernas nos querem fazer crer.
Fugimos de sentimentos só para ver se eles correm mais do que nós, mas querendo secretamente que eles ganhem, e nos apanhem já sem fôlego para qualquer resistência.
Em minha vida, todos os finais de ano costumam ser no mínimo conturbados:
Vejamos, resolvi voltar para casa apenas um ou dois dias antes do natal, após ter passado umas semanas fora para esfriar a cabeça.
Um pouco antes desta minha “saída estratégica pela tangente”, eu estava seriamente apaixonado por um conjunto baseado em Dublin, Irlanda, chamado pelo singelo nome de 3epkano. Não me perguntem o que significa, ainda não faço idéia. Mas por sorte carreguei os 2 albuns deles em meu Ipod, e feito isto, a musica deles me acompanhou nesta minha jornada como nômade nestas ultimas semanas. Fui arrebatado pelo tipo de música que praticam, difícil descrever o que praticam realmente.
Ouvi definições quanto a eles, como Indie Rock – definição esta que acho muito nada a ver; já os ouvi classificados como experimental, bem como Post Rock – seja lá o que isto significa afinal. No entanto, prefiro classificá-los como uma espécie de rock progressivo recheado de elementos clássicos em sua música. Ao menos, algumas de suas passagens mais progressivas me remeteram diretamente a King Crimson & afins. Delicioso e inusitado, mas é coisa que nem todos irão digerir facilmente devido justamente a tal veia mais progressiva. Sou suspeito para dizer, pois adoro este tipo de música.
3epkano é uma banda composta por sete instrumentos, sendo estes 2 Guitarras, Baixo, Teclados, Bateria, Cello e Viola.
Com uma proposta explorada por poucos conjuntos ou músicos que conheço – dentre eles o projeto Intermittenze levado a cabo pela Cellista Julia Kent, ou então o pessoal do “Tone Factory”, de Nova Iorque, a proposta original da banda é explorar e musicar filmes antigos em preto e branco, ao vivo; como uma maneira de explorar outras interpretações de filmes em PB clássicos através de um colchão musical, dando assim, outros significados aos mesmos.
Acho interessante a proposta de elevar a uma nova experiência os filmes, através da música.
Os filmes, a maneira como são construídos, sua edição, os movimentos etc, por si só, possuem um ritmo quase musical por si só. Então, é justo dizer que a música da banda procura liberar tais imagens da tela, e elevá-las a um novo patamar artístico. Para quem teve a oportunidade de assistir a algum de seus filmes ou apresentações dentro desta proposta, percebem que o resultado é uma experiência cinematográfica única, embora a mágica se dê justamente pela interação da banda com a película.
A banda, também possui um lado criativo direcionado à música pura, propriamente dita, tendo lançado até o momento 2 álbuns bastante bem sucedidos na Irlanda. E são nestes trabalhos que percebemos com maior freqüência a inserção de elementos mais progressivos, mesmo que estes, sejam uma espécie mais light de progressivo minimalista.
E por favor, não pensem que musica progressiva e minimalista instrumental é um sinônimo de porre e sono: talvez por terem iniciado com a proposta mencionada acima, de aspecto muito mais multimídia, eles possivelmente agregaram isto em sua música em forma de uma fluidez surpreendente, bem como feeling e climas inusitados; contribuindo com isto, para uma forma musical de rara beleza, apesar de talvez, de difícil compreensão em uma primeira audição.
...por estas bandas virtuais, ando meio sumido nos últimos tempos. Na real ando sumido de casa, períodos tempestuosos, sabem como é. Tenho uma pancada de novos escritos que preciso repassar do caderno para o PC, e estou postergando há algum tempo o uppload. Deixa eu ver se consigo fazê-lo nos próximos dias.
Mas, para não deixar a coisa toda tão em branco assim, aproveito essa minha breve passagem aqui para estes lados do blog para uppar um método que julgo ser bastante útil para o pessoal iniciante no Cello. (Aliás, muito bom mesmo, extremamente didático, tanto na teoria quanto exercícios práticos).
Embora não seja muito conhecido ou utilizado pelos professores que conheço - tendem a utilizar os mais clássicos como o Dotz ou Suzuki - sinto que é um dos materiais mais didáticos que já passaram pelas minhas mãos. Claro e Objetivo, de dificuldade e evolução progressiva. Nestes livros, apenas citando, irá encontrar exercícios ligados e desligados até o 4º dedo, Intervalos de segunda e oitavas, Extenções, Recuos, Golpes de Arco, Escalas Maiores, suas aplicações, etc
Curiosamente este método foi escrito por um Economista e Pós graduado em Administração de Empresas; Nelson Gama - De repente é por isto que me identifiquei com ele. Tendo estudado Teoria e Solfejo com o Prof. Lutero Rodrigues na EMMSP e Cello com os Prof’s Augusto Lombardi, Gino Pachiaudo, Marisa Johnson e Nerisa Aldrighi. Ainda, pela Sinfônica de Recife, estudou com o Maestro Mário Guedes Peixoto regência de orquestras.
Atualmente, é um dos dirigentes da Orquestra Britten, bem como da escola de mesmo nome, quarteto de cordas e editora, especializada em material didático musical.
P.S. 10 dias sem meu Cello. 10 dias sem um livro. 10 dias com o cérebro marinando em conserva etílica. 10 dias acabando com meus pulmões. Cânhamo. Álcool. Torradas. Margarina. Patê. Miojo...
Finais de ano são sempre uma zona em minha vida. Bom, pelo menos encerro – acho eu – com chave de ouro, sábado vi um dos melhores shows nos últimos anos – para mim pelo menos haha: Ripper Owens nos 10 anos do Manifesto Bar aqui em São Paulo... Divagações, fica para o próximo post...!
Até hoje não descobri o que raios passou pela minha cabeça quando lá pelos idos de 1999, eu achei que era uma boa idéia ir fazer faculdade; Relações Internacionais, em Santos. Como dizem, "shit happens", e o que antes aparentemente eu era apaixonado - devorava livros sobre Geopolítica, História, Economia etc. Hoje, se mostra uma das coisas que mais odeio nesta vida. É simplesmente irritante eu entrar por exemplo na Livraria Cultura no Conjunto Nacional, e ver nas prateleiras livros como "A Era dos Extremos", "O Choque de Civilizações" ou qualquer outra coisa do tipo. Não, não é que eu tenha deixado de gostar de Relações Internacionais; mas muitas vezes acho que teoriza-se demais e faz-se de menos. (E eu também, óbvio).
Portanto, não sendo pessimista; mas atualmente ando em um semi-niilismo - e digo "semi" pois o único propósito de nossa existência como espécie pode ser descrito nas seguintes palavras: "Os seres humanos não podem desligar sua dor. Os seres humanos tem que sofrer. E aceitar. Porquê não tem escolha."
Mas não dou descarga a Santos e tudo o que vivi lá. Pessoas que conheci. Algumas entraram e sairam de minha vida sem eu sequer ter notado. Outras, que pensava que iriam ficar, sairam de repente. E outras ainda, sequer imaginava manter contato, hoje mantenho.
Então para não perder a "pegada" Relações Internacionais, posto aqui um texto que achei genial, enviado por uma amiga de épocas de Santos - embora a mesma seja Biologa e não tem porra nenhuma a ver com R.I....
O mundo conforme Casciari(*) Li uma vez que a Argentina não é nem melhor, nem pior que a Espanha, só que mais jovem. Gostei dessa teoria e aí inventei um truque para descobrir a idade dos países baseando-me no 'sistema cão'. Desde meninos nos explicam que para saber se um cão é jovem ou velho, deveríamos multiplicar a sua idade biológica por 7. No caso de países temos que dividir a sua idade histórica por 14 para conhecer a sua correspondência humana. Confuso? Neste artigo exponho alguns exemplares reveladores.
Argentina nasceu em 1816, assim sendo, já tem 190 anos. Se dividimos estes anos por 14, a Argentina tem 'humanamente' cerca de 13 anos e meio, ou seja, está na pré-adolescência. É rebelde, se masturba, não tem memória, responde sem pensar e está cheia de acne.
Quase todos os países da América Latina têm a mesma idade, e como acontece nesses casos, eles formam gangues. A gangue do Mercosul é formada por quatro adolescentes que tem um conjunto de rock. Ensaiam em uma garagem, fazem muito barulho, e jamais gravaram um disco.
A Venezuela, que já tem peitinhos, está querendo unir-se a eles para fazer o coro. Em realidade, como a maioria das mocinhas da sua idade, quer é sexo, neste caso com Brasil que tem 14 anos e um membro grande.
O México também é adolescente, mas com ascendente indígena. Por isso, ri pouco e não fuma nem um inofensivo baseado, como o resto dos seus amiguinhos. Mastiga coca, e se junta com os Estados Unidos, um retardado mental de 17 anos, que se dedica a atacar os meninos
famintos de 6 anos em outros continentes.
No outro extremo, está a China milenária. Se dividirmos os seus 1.200 anos por 14 obtemos uma senhora de 85, conservadora, com cheiro a xixi de gato, que passa o dia comendo arroz porque não tem - ainda - dinheiro para comprar uma dentadura postiça. A China tem um neto de 8 anos, Taiwan, que lhe faz a vida impossível. Está divorciada faz tempo de Japão, um velho chato, que se juntou às Filipinas, uma jovem pirada, que sempre está disposta a qualquer aberração em troca de grana.
Depois, estão os países que são maiores de idade e saem com o BMW do pai. Por exemplo, Austrália e Canadá. Típicos países que cresceram ao amparo de papai Inglaterra e mamãe França, tiveram uma educação restrita e antiquada e agora se fingem de loucos. A Austrália é uma babaca de pouco mais de 18 anos, que faz topless e sexo com a África do Sul. O Canadá é um mocinho gay emancipado, que a qualquer momento pode adotar o bebê Groenlândia para formar uma dessas famílias alternativas que estão de moda.
A França é uma separada de 36 anos, mais puta que uma galinha, mas muito respeitada no âmbito profissional. Tem um filho de apenas 6 anos: Mônaco, que vai acabar virando puto ou bailarino... ou ambas coisas. É a amante esporádica da Alemanha, um caminhoneiro rico que está casado com Áustria, que sabe que é chifruda, mas que não se importa. A Itália é viúva faz muito tempo. Vive cuidando de São Marino e do Vaticano, dois filhos católicos gêmeos idênticos. Esteve casada em segundas núpcias com Alemanha (por pouco tempo e tiveram a Suíça), mas agora não quer saber mais de homens. A Itália gostaria de ser uma mulher como a Bélgica: advogada, executiva independente, que usa calças e fala de política de igual para igual com os homens (A Bélgica também fantasia de vez em quando que sabe preparar espaguete).
A Espanha é a mulher mais linda de Europa (possivelmente a França se iguale a ela, mas perde espontaneidade por usar tanto perfume). É muito tetuda e quase sempre está bêbada. Geralmente se deixa foder pela Inglaterra e depois a denuncia. A Espanha tem filhos por todas as partes (quase todos de 13 anos), que moram longe. Gosta muito deles, mas a perturbam quando têm fome, passam uma temporada na sua casa e assaltam sua geladeira.
Outro que tem filhos espalhados no mundo é a Inglaterra. Sai de barco de noite, transa com alguns babacas e nove meses depois, aparece uma nova ilha em alguma parte do mundo. Mas não fica de mal com ela. Em geral, as ilhas vivem com a mãe, mas a Inglaterra as alimenta. A Escócia e a Irlanda, os irmãos de Inglaterra que moram no andar de cima, passam a vida inteira bêbados e nem sequer sabem jogar futebol. São a vergonha da família.
A Suécia e a Noruega são duas lésbicas de quase 40 anos, que estão bem de corpo, apesar da idade, mas não ligam para ninguém. Transam e trabalham, pois são formadas em alguma coisa. Às vezes, fazem trio com a Holanda (quando necessitam maconha, haxixe e heroína); outras vezes
cutucam a Finlândia, que é um cara meio andrógino de 30 anos, que vive só em um apartamento sem mobília e passa o tempo falando pelo celular com Coréia.
A Coréia (a do sul) vive de olho na sua irmã esquizóide. São gêmeas, mas a do Norte tomou líquido amniótico quando saiu do útero e ficou estúpida. Passou a infância usando pistolas e agora, que vive só, é capaz de qualquer coisa. Estados Unidos, o retardadinho de 17 anos, a vigia muito, não por medo, mas porque quer pegar as suas pistolas.
Irã e Iraque eram dois primos de 16 que roubavam motos e vendiam as peças, até que um dia roubaram uma peça da motoca dos Estados Unidos e acabou o negocio para eles. Agora estão comendo lixo.
O mundo estava bem assim até que, um dia, a Rússia se juntou (sem casar) com a Perestroika e tiveram uma dúzia e meia de filhos. Todos esquisitos, alguns mongolóides, outros esquizofrênicos.
Faz uma semana, e por causa de um conflito com tiros e mortos, os habitantes sérios do mundo, descobrimos que tem um país que se chama Kabardino-Balkaria. É um país com bandeira, presidente, hino, flora, fauna... e até gente! Eu fico com medo quando aparecem países de pouca idade, assim de repente. Que saibamos deles por ter ouvido falar e ainda temos que fingir que sabíamos, para não passar por ignorantes.
Mas aí, eu pergunto: por que continuam nascendo países, se os que já existem ainda não funcionam?
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*Hernán Casciari nasceu em Mercedes (Buenos Aires), a 16 de março de 1971. Escritor e jornalista argentino. É conhecido por seu trabalho ficcional na Internet, onde tem trabalhado na união entre literatura e blog, destacado na blognovela. Sua obra mais conhecida na rede, 'Weblog de una mujer gorda', foi editada em papel, com o título: 'Más respeto, que soy tu madre'.*
"To see world in a grain of sand And the heaven in a wild flower Hold Infinity in the palm of your hand And Eternity in one hour." (W. Blake)
Jacqueline Du Pré, Orquestra Sinfônica de Londres / John Barbiolli
19 de Agosto de 1965, Kingsway Hall, Londres.
O Maior concerto Inglês foi gravado de maneiras diferentes por Casals, Fournier, Tortelier e Rostropovich, sem contundo encontrar um intérprete definitivo em outras terras. Em uma tarde quente de agosto, em 1965, uma garota de vinte anos, com jeito simples, sorriso maravilhoso e cabelos loiros até a cintura, subiu no palco do Kingsway Hall, em Holborn, e se juntou a Sir Barbiollo e a Orquestra Sinfônica de Londres para uma gravação da EMI. A orquestra estava, por motivos internos, rumurosa e hostil em relação a jovens pretendentes. O regente estava empenhado em proteger sua protegida estreante.
Depois de duas sessões tensas e desagradáveis, com metade da obra gravada, Du Pré pediu licença e foi até uma farmácia de Holborn comprar um remédio para dor de cabeça. Quando ela voltou, encontrou o estúdio cheio de curiosos. Havia circulado no meio musical Londrino a notícia de que um prodígio estava acontecendo, e todos os músicos próximos à qualquer estação de metrô correram para Kingsway, na esperança de assistir ao finale. Poucas sessões de estúdio já contaram com tamanha platéia.
Em vez da maestria e possessividade que Casals abordou esta obra, Du Pré inicia o concerto de maneira suave e refletida, ficando mais e mais expansiva até que a paixão domine completamente, curvando-se para cima e para baixo em busca da catarse. Elgar infundira em seu concerto, escrito ao final da primeira guerra mundial, um sentimento de pesar para um mundo destruído. E Du Pré, encontrou dimensões mais jovens – angústias do amor, medo da morte – e varreu tudo o que tinha sido feito antes dela nesta obra que dá ao solista pouco mais do que cinco compassos de descanço, do início ao fim. Trata-se de uma performance musical definitiva – se é que jamais houve alguma. Rostropovich ao ouvir esta gravação, excluiu a peça de seu repertório, e uma geração inteira de violoncelistas fez dela, o seu modelo.
Du Pré veio conhecer uma dupla celebridade – por seu mérito próprio como solista e como esposa de Daniel Barenboim, com quem se casou em Israel logo após a guerra de 1967. Eles chegaram a gravar o concerto juntos na Filadélfia, em 1970; mas os pressentimentos de uma terrível doença – ela abandonou sua carreira em 1973 com esclerose múltipla e morreu da doença em 1987 – prejudicaram esta segunda versão.
Este disco de 1965, ao lado da inspiradora versão de Janet Baker de “Sea Pictures” sem dúvida alguma, foi o momento mais alto da carreira de Jacqueline Du Pré.
...e no entanto, curiosamente, ao ouvir a gravação pela primeira vez, ela debulhou-se em lágrimas e disse: - “Não foi nada disso o que eu quis dizer.”