quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Quinta Feira, 31 de Dezembro, 2009 05:35 A.M. - "The Distant Sounds of War"....

Quinta Feira, 31 de Dezembro, 2009

05:35 A.M. – Ô madrugada de insônia sem vergonha...


Bom, faltam apenas 18 horas e 25 minutos para que 2009 se vá. E, já vai tarde diga-se de passagem. Não que este ano tenha sido de todo ruim; longe disso. Embora um ano de várias descobertas principalmente no aspecto do auto-conhecimento, definitivamente em um balanço final este foi um ano tedioso. Em vários aspectos. Aliás, em praticamente todos, acho que não se salvou um misero detalhe que tenha me deixado empolgado para valer. Aliás, um – breve interesse em uma garota que conheço já há algum tempo, e que aparentemente, calmamente começa a brotar uma pequena muda... Bom, 2010 já está aí; o que reserva o próximo ano nesse aspecto...? Olho adiante com uma certa curiosidade...


(Pausa para preparar o café das 05:45 A.M.)


Café e um charuto. Que coisa, não é hábito meu fumar charutos. Ocorre que há tempos mantenho uma pequena caixinha guardada nos cantos mais obscuros do meu armário; e de tempos em tempos dependendo da ocasião, gosto de acender um como em uma espécie de ritual. E, como as 6:02 A.M. ainda não é um horário propício para abrir a tal garrafa de Torre Bermeja (Um 2007 Tinto Espanhol; 60% Cabernet Sauvignon, 20% Merlot e 20% Garnacha), ataco de café Gourmet.



De fundo, me delicio com as arcadas suaves de Anja Lechner em seu Cello acompanhando pelo bem marcado pianista Vassilis Tsabropoulos – Algo que em breve preciso resenhar por aqui – em sua melancólica mas redentora “In Memory”.


Memórias. No final, a maior riqueza que podemos carregar conosco sempre serão as tais memórias. Elas contam a nossa história. Elas nos dão nossos referenciais. E elas, em nossos momentos mais lúgrubes, permitem entender que embora vivemos sonhos e expectativas artificiais relacionados ao futuro; existe toda uma rica experiência humana que nos trouxe até onde nos encontramos hoje. Me é doce permitir que meus pensamentos vagueiem pela terra das lembranças que um dia foram o meu “hoje”; e divagar em tais sonhos dos eternos “será que..?” relacionados ao amanhã. Afinal, é isso que nos torna humanos. Sobre isso, não posso pensar em mais nada que não sejam tais palavras que ouso dedilhar.


Tenho uma dezena de textos manuscritos em alguns cadernos espalhados pelo meu quarto. Eles compõe semi-idéias de livros que um dia eu gostaria de escrever. “O que é uma semi-idéia?”; você pode perguntar.


- Bem, costumo defini-los como um dos meus desconexos e incompletos pensamentos que eu geralmente tenho. Meras divagações existenciais; exceto quando contextualizadas no conceito de um livro.


Me lembro que um dos meus hobbys prediletos até cerca de dois anos atrás, era pegar um destes cadernos, uma caneta; sentar em algum bar mais ou menos legal pelos arredores da Avenida Paulista, pedir alguma cerveja refinada, e me desatar a escrever, perdido em meu próprio mundo.


Idéias genéricas acerca de vários assuntos bem como personagens fictícios baseados em pessoas que fizeram parte de minha vida costumam pular para fora de minha cabeça e ganhar vida através de minha caneta. Dependendo do grau de subjetividade que me encontro, as vezes consigo me expressar melhor através da arte abstrata; seja grafite em papel ou seja em tinta a óleo sobre tela. E quando a coisa vai mais além; as melodias do meu Cello costumam ser minha melhor forma de expressão.


Invariavelmente, nestas; sou arrastado para um turbilhão de pensamentos nostálgicos relacionado às pessoas que fizeram parte de minha vida no passado. Dez, Quinze anos atrás. Talvez mais. Por onde andarão tais pessoas? Um enorme carinho pela Patrícia, a qual pisei na bola de maneira indescritível. Saudades da Roberta, e todo o período anterior aos meus dezenove, ou dezoito anos. Uma certa mágoa da Fabiana, aquela “Indaiatubense” – Ou seria “Indaiatubanda” – tratante que nunca se deu ao trabalho de aparecer em minha casa, no Interior de São Paulo (Mas esta; a mágoa é suplantada pelo bem querer e sincero carinho quase fraterno.)


Uma necessidade imensa de tentar entender o que raios aconteceu entre os anos de 2006 e 2007. Saudade irreal; pois sei que tal saudade se refere apenas a uma sombra; um mero eco do passado.


Às vezes me pego divagando em uma noite regada a muito whisky no bairro da Liberdade em São Paulo, sobre algo que poderia ter sido, mas nunca foi. Me pergunto quais paisagens a Amaranta hoje, tem olhos para? Amaranta; nome derivado da flor “Amaranto”; simboliza a imortalidade ou a vida eterna. Também conhecida como “Sempre Viva”.


E a Bárbara, por onde andas...? Uma carreira brilhante lhe é destinada. Fui cativado, embora jamais tenha ousado mencionar. Ela tinha o dom de transformar um simples arco, em uma fonte insuperável de beleza e suavidade aos ouvidos. Tornava minhas tardes em momentos mais tenros e delicados, logo mal-acostumados. E porquê não; até viciados? Era impossível não ser cativado de maneira arrebatadora, pela sonoridade de sua alma expressando-se através de seu Cello, embaladas por suas tão suaves mãos, em perfeito domínio de tão poderoso arco...


Outras amizades entendo que já cumpriram seus papéis para não mais retornarem. Afinal, Eu sou, serei, seremos nós sós em um novelo que sempre tende a se desmanchar.


Enfim, velhos amores, velhas paixões e mais velhas ainda amizades...


06:31; mais uma xícara de café.


Emenda; “Simplicity” - Anja Lechner está estupenda neste trabalho. Sua sutileza, sensibilidade e simplicidade me cativam.


Bom. A essência do Vinho & Cigarros é algo bastante mais profundo do que apenas a música. É a música que nos move. É a música que nos guia. Amores perdidos, Paixões as vezes não correspondidas. Vida é sofrimento. Mas também é festa. Experiências. E um dia, a morte ligara o que foi desligado quando aqui chegamos. Pois a essência da alma infelizmente, estamos cegos para enxergar em sua totalidade.


- Mas não são palavras relacionadas a mazelas, muito pelo contrário. Se o fato de estarmos em “seres vivos”, não dependemos de alguma graça. Muito pelo contrário, a “graça” está nos momentos. E destes, embora admito, houve vários equívocos; sei que tudo tende a se desmanchar em acordes; e acordado, dormimos profundamente em sonhos.

Bom, um dia ordenarei todas estas idéias aparentemente tão desconexas, e transformarei-as em um livro... Tantos temas me vem a mente – sim, síndrome pré Reveillon. Música. Jornalismo. Jornalismo Musical. Depressão Pós Universidade. Depressão pré e pós trinta. Imaginação e Poesia. Pessoas que há muito já se foram (Mas que sei que estão por aí). A inocência em se estar apaixonado.


Não quero pensar que digito tais palavras sentado em uma cadeira, em frente a um reles PC. Mas sim, penso que agora me esbaldo nos versos; nas ligeiras imagens que compõe a minha vida involuntária.



Bem... Eis aí em cima um breve relato – bastante fiel até - de como costuma funcionar as diversas linhas de raciocínio as quais não costumo me entregar; antes, seria mais correto afirmar “ser arrastado por”. Remôo e remôo tais coisas a ponto de que às vezes, eu posso até parecer produtivo; em termos criativos.


Esta é a grande mentira da minha vida: - Em um balanço em termos práticos; eu não tenho nada de concreto a mostrar.


Há muito já; eu fui tomado pelo amor pelo trágico. Costumo ser assombrado pela nostalgia. E às vezes, me sinto arruinado pelas comparações.. Sofro pela falta de várias coisas que nunca foram. Sendo assim, o que me resta a não ser desejar mais do que tudo, estar vivendo uma vida que um dia, valha a pena escrever sobre...?


É. Eu tenho problemas, admito.


...assim como todo mundo, de qualquer modo.


Sério. Eu realmente quero escrever tal livro e publicá-lo. Eu não ligo se ninguém lê-lo ou sequer notá-lo. Apenas quero fazê-lo para ter algo legal que eu possa assinar embaixo. Sequer tenho a pretensão de colocar em meu currículo algo do tipo “livros publicados”.


07:33 A.M.

Último Café; E a e melancólica e sintomática “Año nuevo”, por Beata Söderberg.


Assim concluo o último Post de 2009; com ares de certa esquizofrenia “Eu-tenho-que-atualizar-o-Vinho&Cigarros-com-seja-lá-o-que-raios-significa-este-texto-e-provavelmente-só-fara-sentido-para-mim”....





Link: Curtametragem experimental
"The Distant Sounds of War"
Por Courtney Fathom Sell
Música: 3epkano, "
Snowball" e "Towers Open Fire"



















4 comentários:

Cecil disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jully disse...

Andava a comentar com uma amiga sobre a dificuldade de escrever sobre alguns. Tanto é, tanto faz e tanto fez dizem "eles". Porque dizem "eles" que todos os finais de ano devem ser ser dias alegres?
Linda - a releitura dos anos que te passaram. Melancólico, gosto de certa amargura e no fundo ainda notei camuflado em suas palavras algo que ainda te nutre esperanças. Escrita visceral. Para poucos.

Cumps;

Nathalia disse...

Como sempre, escrevendo coisas profundas e conseguindo colocar todo sentimento nas palavras. E o mais importante, conseguindo passar tudo isso a quem lê!

Beijos.

Renatov disse...

andreas, vc tem sorte em ter intimidade com as palavras para conseguir libertar sua sensibilidade... q sua dor seja combustível para a arte q emana de vc


feliz ano novo!