quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Vide Bula" - "Novos" - Velhos ares.


...e lá se foi mais uma pequena eternidade desde a última vez que postei algo aqui no Vinho & Cigarros. E, se é que cabe dentro do livre conceito de "eternidade" por me soar algo tão vasto, sinto que faz séculos que não sento aqui para escrever algo que seja espontâneo - o que me é curioso visto que é justamente a modalidade de escrita que me dá mais prazer.


Então sequer vou perder tempo escrevendo algo do tipo "Eu não estou com tempo de postar" já que ando percebendo que tudo é uma questão de prioridades. O caso é que nos últimos tempos tenho tacado um foda-se generalizado e voltado a minha atenção para o sentido estrito do termo "minha". Já estava na hora.


Ando bem cansado de algumas particularidades minhas. Cansado da minha rotina esquisita. E particularmente cansado das pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida nos últimos dez anos. Ta, ok's; admito que em alguns casos estou sendo injusto bem como um tanto estúpido - sim, essa é para vocês dois, três ou quatro. - visto que houve várias mãos amigas neste período. Mas... Bem, é como dizem, a vida dá suas voltas e segue em frente.


Não me recordo aonde raios li que "(...) para mudar, você tem que perder tudo". Pois bem. Nada mais verdadeiro; sou o cara que perdeu tanto e em tal grau que de certo modo me parece justo dizer que perdi até a mim mesmo em algum ponto do trajeto. E... Caramba! Se perder assim é uma delícia! O mais bizarro é entender que tal perda não foi ocasional - embora muitas vezes eu tenha caído no erro da autocomiseração desenfreada.


Subconscientemente creio existirem mecanismos que fizeram com que eu de fato "desejasse" tais perdas. Fui eu, deliberadamente mesmo sem saber, dando cabeçadas atrás de cabeçadas. E uma das ultimas, foi justamente tal blog. Não sei praticamente nada dos meus leitores, mas sei que existem. Essa "omissão" deliberadamente não deliberada afinal serviu para algo - perceber o quanto este Vinho & Cigarros me é importante. Perceber que, por mais que eu me perca nesse festival de bizarrias que caracteriza todas as nossas vidas; sempre poderei compilar, reestrutuar e posteriormente, reestilizar as idéias aqui neste espaço. Perceber afinal que deixando isso aqui, estou deixando de lado algo extremamente válido e importante para mim.


É por isso que agora coloco o blog de volta ás minhas prioridades. Infelizmente não conseguirei mais manter a freqüência dos posts que o mesmo tinha em sua fase áurea por dois motivos básicos: Um deles é um projeto na web voltado a Geopolítica e Crítica Econômica; parte importantíssima da minha vida "offline". Outro, está mais ou menos explicito no início deste post: Focar a espontaneidade dos posts. Em partes, este é um dos segredos de um bom texto ou de uma ácida e visceral crítica dependendo do contexto. O que me leva a outra divagação que tem me ocorrido nos últimos meses, e é notoriamente uma das crises dos blogueiros de média data:





- Para quem escrevo?


A resposta também está ali em cima: A priori, para mim mesmo.


Mas também, é impossível não levar em consideração várias mensagens que recebo de pessoas que de uma forma ou de outra me encontraram seja via redes sociais ou seja simplesmente enviando e-mails. Alguns acabam conosco por conta dos posts de cunho mais contundente. Outros rasgam elogios. E, os mais legais são os que vira e mexe chegam de estudantes de Cello que colocam a coisa como por exemplo: "(...)Vocês abriram a minha cabeça legal para o Cello". Por estes, mesmo que estejam "miles ahead" em relação a minha pouco ortodoxa - para não dizer quase inexistente - técnica no instrumento, me sinto especialmente lisonjeado por me colocarem como responsável - mesmo que indiretamente – por mostrar um mundo antes desconhecido a eles...


- Nicho Cultural...


Curiosamente estes - também indiretamente - me mostraram que estamos desenvolvendo um trabalho aqui que está atingindo algumas das primeiras ondas de "nativos digitais"; isto é; jovens que atingiram a maturidade legal em idos de 2001 - início da faixa que vai entre os 18 e 34 anos, altamente cobiçada pelos anunciantes. Pela primeira vez em 50 anos, pelo caráter libertário e livre de anúncios da internet; os níveis de audiência da televisão começaram a cair. Embora ainda pequena, a mudança é real e o público está migrando para a economia de nicho. E o Vinho & Cigarros é exatamente isso: Nicho. Nicho de idéias. Cultura. E música, muita música. (Embora cultivemos também o Mainstream, é nítido que a maioria do material aqui postado atende a um grupo bastante restrito.)


- Industria Cultural: "Sucesso ou Fracasso? Aonde, meu caro sabichão?


Faz parte da natureza humana colocar as coisas em termos estatísticos, lidar com extremos absolutos, isso ou aquilo - e o famoso conceito de "sucesso" ou "fracasso".

Esquecemos que o mundo é um complexo de nuances confusas, e que entre os extremos existe a gradação. A maioria do que ouvimos nas FM's da vida bem como nas prateleiras das livrarias batem recordes de venda justamente em detrimento de todo o resto em termos de produção artística; a começar pelos que sequer entram nas lojas.


Sob essa ótica, a grande maioria de quase tudo, de música e livros - a produção artística em geral - é na melhor das hipóteses, apenas um pouco populares. Embora a grande maioria não passe no crivo do sucesso comercial; estes continuam a existir.


- De fato, os "mega-sucessos" são a exceção, e não a regra. As expectativas financeiras de um AC/DC por exemplo, não são as mesmas de um 3ekpano. E, porquê digo isso? Para que entendam que, a cada vez que é votado um projeto de lei em Brasília visando a proteção dos direitos autorais ou somos atacados pela ACPM, os mesmos analisam apenas o topo da curva. O que é bom para os velhos "Novos Baianos" por exemplo, não é necessariamente bom para um "My Latest Novel". Mas ventos de mudança andam soprando neste sentido, e infelizmente a transição tende a ser mais penosa para os próprios artistas de menor expressão na mídia; isto é, os que como mencionei anteriormente, estão no nicho...


Mas a mudança esta aí; bate na porta da indústria cultural, e sai dizendo sem rodeios que a bola da vez não é mais a cultura-comércio, e sim; a cultura pura, como sempre deveria ter sido... Por hora, lhes deixo um apelo em nome dos artistas Independentes; - "Se você gostou do trabalho, faça sua parte: Compre CD's originais, assinem abaixo assinados para promoção de shows, comprem merchandising oficial e mais importante: Frequentem os shows!” (Bem como, assinem abaixo assinados pela diminuição dos preços dos mesmos.)


- Finalizando... Misturando Alho com Bugalhos...


Momento narcisista. mas estou me permitindo sê-lo neste momento da minha vida. Acho que eu mereço um relacionamento. Não sou exatamente o cara mais bonito do pedaço - aliás de qualquer pedaço - e não tenho costas largas, braços fortes ou peitoral definido. Mas eu quero fazer alguém feliz. Até mesmo quero me casar. Quantos caras vocês conhecem que assumem isso na cara dura? Tenho odiado estar solteiro. Mas infelizmente - embora as vezes possa soar o contrário - não aceito nada menos que um amor verdadeiro. Talvez seja isso que anda complicando tudo...















3 comentários:

Chico Mouse disse...

"...não aceito nada menos que um amor verdadeiro."

que bonito isso...

Boa sorte pra você, meu caro! E que bom que você voltou a atualizar o blog. :D

Natalia disse...

ahhhhhmmmm você voltou!!
beijos, querido! muita luz!!

Anônimo disse...

"...Mas eu quero fazer alguém feliz. Até mesmo quero me casar."
"...não aceito nada menos que um amor verdadeiro"

É Andreas, você realmente é um cara que me encanta a cada dia que passa...