domingo, 27 de março de 2011

Uma nota perdida na madrugada...


Última madrugada, talvez 3:30 no led do relógio.

Finalizei um livro o qual estava lendo e peguei um pouco em uma caneta para continuar alguns apontamentos e notas pessoais em uma espécie de diário que mantenho a algum tempo.

Tenho me questionado a respeito da maioria das coisas que escrevo por aqui já a algum tempo, bem como a validade das mesmas. Fato é que este blog sobreviveu muito mais do que eu esperava. Não que eu realmente esperasse alguma coisa dele. Mas, 4 anos escrevendo a respeito de uma série de coisas que geralmente são de interesse a um público relativamente restrito e ainda tentar manter um foco não é algo a ser menosprezado. Acho que aí que a coisa pega, quando a coisa deixa de ser um hobby e passamos a nos preocupar demais com a qualidade ou o que as pessoas irão pensar sobre suas opiniões, pontos de vista ou até mesmo a estilística do que você escreve. Tenho me perguntado agora, quando foi que passei a me importar com essas coisas e os porquês disso. A possibilidade deste tipo de reflexão é interessante pois nos leva a algumas respostas que demoramos a enxergar. E uma das que eu procurava – já havia sinalizado isto neste blog algumas vezes – é o fato de que na realidade eu não escrevo para um público. Nunca foi este o meu interesse. Acima de tudo eu escrevo – ou ao menos, deveria – para mim mesmo. Assuntos que me interessam. Assuntos que me encafifam. Assuntos que me irritam. E além da cota que me permito de crises filosófico-existenciais; uma enorme parcela de viagens na maionese descabidas. Porque escrever as coisas que tem aqui dentro é e deve ser antes de tudo um prazer, e não qualquer exercício masturbatório intelectual.

Sim, é isso.

Acredito que no momento que nos colocamos na posição de imaginar se alguém irá se importar com o que escrevemos, é o momento em que o espírito e objetivos iniciais de uma produção constante, se perdem. E se perder nestes termos é algo bem ruim; afinal, se o objetivo é escrever para si mesmo, qual é o ponto de realmente se importar com o que os outros supostamente se interessariam em ler? Isto acaba por se refletir na própria sinceridade que se imprime no texto, ou no caso, a falta dela.

Pois é.

Levando em consideração tais pontos, acredito eu que tal blog se tornou engessado em demasia. Neste caso eu teria duas possibilidades: terminar a reformulação que iniciei mais ou menos no meio do ano passado mas nunca tive saco para levar adiante; ou encerrá-lo de vez. E confesso, foi tentador lidar com a possibilidade de encerrá-lo de vez e recomeçar algo novo, diferente.

De qualquer modo não creio que seja este o caminho, afinal, além de 4 anos não ser algo que simplesmente se jogue fora, tenho lá meus laços pessoais que me prendem a muito do que está escrito aqui. Então, opto por seguir um direcionamento diferente e manter tudo isso mas promover algumas mudanças, aos poucos.

De qualquer modo, deixo aqui registrado um sincero agradecimento aos vários autores que já passaram por aqui; alguns tendo permanecido por maior ou menor período de tempo, e que tendo entendido que por “n” motivos já não tinham muito a contribuir, optaram por seguir outros caminhos. Para vocês, um enorme obrigado e saudações. Por um bom tempo me ajudaram a manter isso aqui vivo. Boa sorte em suas empreitadas.

Sigamos em frente...?


Um comentário:

Chico Mouse disse...

Andreas, Andreas....

Acho que escrever é um exercício tão prazeroso quanto perigoso. Pode viciar, entreter, alegrar, deprimir, escravizar... e é engraçado sentir esse tipo de coisa quando se está escrevendo para si mesmo.

Sim, eu te entendo. Eu também escrevo pra mim mesmo. Até me surprendo com as coisas que saem. E acho bacana quando alguém diz que gostou de algo que escrevi, porque... bem, não era esta a minha intenção (ao menos de início).

Sei que não sou obrigado a isso. Escrevo porque quero, porque me sinto bem, porque me ajuda a organizar as coisas dentro da minha cabeça... Enfim, quem pode me julgar por gostar desse estranho prazer?

Inúmeras vezes já pensei em deletar meu blog... e sei lá, sumir do mundo virtual. Mas eu sempre volto. Sei lá, acho que preciso disso.

Acho que você precisa também.

Sigamos em frente, amigo.