domingo, 14 de setembro de 2008

Violinos, Cello, Rock... Pt. 06 - "Zöe Keating"



Ta aê uma Cellista que é um tanto complicada de se aplicar um rótulo.


Aliás, o que tenho percebido nestas pesquisas cellisticas, além da excentricidade dos músicos (não me eximindo claro), são a “irrotulabilidade” quanto ao que criam e executam musicalmente falando.

Falar algo da Cellista conhecida como Zöe Keating não é tarefa das mais fáceis, visto que ela é uma daquelas típicas garotas-multimídia, sempre se envolvendo em algum projeto que casa o áudio com o visual. Pois bem. Vou para a música.

Se é para aplicar algum rótulo, tentaria eu descrevê-la como uma Cellista e compositora minimalista porém não de maneira simplista, e sim, quase progressivo.

Suas composições normalmente utilizam-se de várias bases simples pré-gravadas, que servem como uma espécie de colchão de ar aonde ela costuma brincar com seu Cello. Se é que podemos falar que o que ela faz, é brincar; pois o que vemos é que ela na verdade cria estruturas rítmicas densas, extremamente densas e sólidas. Se existisse o termo “Arquitetura Musical” no sentido da execução dos instrumentos, com certeza se aplicaria muito bem ao que ela desenvolve.

Ela faz parte de uma safra de Cellistas que tem como sua terra natal, o Canadá. E creia, não são poucas as novas instrumentistas que vem de lá, mesmo que não tendo iniciado seus estudos em seu país. Curioso pois a atual cena Neoclássica – em termos de instrumentos – me parece bastante forte e criativa lá para cima. Enfim.

Tendo iniciado seus estudos no Cello aos oito anos de idade no Colégio Sarah Lawrence em Nova Iorque, ela tem em seu currículo uma passagem entre os anos de 2002 e 2006, pela banda de Cello Rock, Rasputina, bem como um diploma de Arquitetura de Informações – Seja lá o que for isto. Mas talvez isto explique um pouco sua forma peculiar de compor, bem como certos aspectos de sua criatividade e o que mencionei ali em cima, “Arquiteta Musical”.

Também atua em projetos de digitalização do banco de dados de música Americana, bem como em diversos grupos de pesquisa acadêmico-musical.

Armada apenas com seu Cello e uma pequena parafernália eletrônica como Laptop, Pedais de efeito entre outros, ela já performou nos locais mais inusitados e díspares entre sí, como o Deserto de Nevada, em Igrejas Medievais, em clubes de Punks, e em frente de milhares de adolescentes histéricos através de participações especiais em conjuntos de rock mais mainstream pela América do Norte e Europa.

Confortavelmente explorando o seu próprio território em algum lugar entre o já citado minimalismo, o neo-classico, as experimentações eletrônicas e o eletropunk, seu trabalho já foi considerado “luminoso”, “assustadoramente assombrado” bem como “a perfeita trilha sonora para paisagens pós- apocalípticas”. Particularmente gosto desta ultima definição.

Ao vivo, apesar de sua timidez e jeito macio de falar, ela não titubeia ao empunhar seu maravilhoso Cello do século 18, com seus dreadlocks vermelhos, perdidos ao meio de tamanha concentração e equipamentos eletrônicos de mixagem, enquanto seus pés dançam através dos pedais de efeito, gravando e controlando suas orquestrações, e incrivelmente reproduzindo fielmente ao vivo todas as nuances contidas em seus trabalhos de estúdio.
Uma vez, perguntada sobre seus álbuns, sua música, suas inspirações e temas, ela respondeu o seguinte:

Eu não faço a menor idéia; é tudo e nada, é abstrato” – tentando deixar claro que não gostava de dar um significado específico para seu trabalho.

“(...)as vezes, quando me perguntam o que vem à minha cabeça quando estou compondo, costumo dizer... ovelhas! malas! ou qualquer outra coisa sem nexo, isto é, eu gosto quando os que ouvem minha música, encontrem seus próprios significados para ela. Lógico, existe um centro emocional em cada uma de minhas peças que dirige todo o resto, e se eu pudesse colocar isto em palavras, eu o faria. Criar a música é um processo intenso pois podemos passear através de todo o leque de emoções humanas enquanto estou modelando-as. Quanto mais fluida eu me torno com a tecnologia, mais direta é a experiência, e eu gostaria de levá-la o mais longe que eu puder. Um dia eu espero poder performar peças em 64 canais em alta resolução, com imagens sincronizadas auto-geradas...

Não pensa nada alto a moça, não?

Finalizando este artigo, deixo aqui um link para um trabalho que é uma mostra do tipo de projeto que Zöe muitas vezes se mete: “The Simnuke Project: A three-part memorial and reaction to 60 years of the Atomic Age.” ou “Projeto Simnuke: Um memorial em três partes dos 60 anos e reações da era Atômica”

(Simnuke Project) www.simnuke.org.

Sim. Ela toca após a tentativa da recriação da primeira explosão nuclear da história, no deserto de Los Alamos. Vai entender... Aliás, não tentem, isto é arte cara!!


Vídeo: http://ia300115.us.archive.org/1/items/Simnuke_Event/simnuke_mp4.mov















Zoe Keating - One Cello x 16, Natoma









Um comentário:

Drieli disse...

Nunca escutei nada dela. Gostei do cabelo.

Acabei nem indo pra faculdade hoje. Enfim, consegui estudar um pouco de cello, pois estava precisando. Fiquei umas 6hs hoje (com direito à bolhas)
Preciso dar uma organizadinha nas coisas, vai entrar época de prova aí já viu.
Queria papear contigo. Beijo.