terça-feira, 7 de abril de 2009

Made in China!


Ótimo texto para quem pretende adquirir um instrumento Chinês mas fica com um pé atrás... Retirado da “Strings Magazine”.

Violinhos, Violas, Cellos e Contra Baixos hoje podem ser encontrados em quase qualquer loja que negocie instrumentos musicais e assessórios. São vendidos com nomes Andreas Eastman, Johannes Köhr e Andrew Schroetter, apenas para citar alguns. Mas, não importa o quão Europeu seus nomes soem; a maioria destes instrumentos novos dividem uma mesma origem: China


Muito recentemente, talvez em um espaço de tempo compreendendo 5 a 10 anos; existia um certo dissabor quando mencionava-se a origem do instrumento como Chinês. E, de fato, hoje o núcleo de produção da Lutheria mundial deslocou-se das tradições Européias dos instrumentos de corda para a China.


Desde então, o mercado mundial para instrumentos foi tomado de assalto – principalmente quanto aos especiais para alunos no nível elementar – graças a uma combinação de uma série de melhorias na qualidade bem como os baixos preços de venda.


Atualmente é impossível dizer quantos ateliês e fábricas de instrumentos estão funcionando na China. “Eu vi dezenas delas, e eu acho que sequer arranhei a superfície ainda” – diz Stephen Sheppard, presidente e proprietário da distribuidora Southwest Strings em Tucson, Arizona. “É um país enorme!”


O que há no nome?


Como inúmeros outros fabricantes, distribuidores e varejistas domésticos, a Southwest Strings estabeleceu uma parceria ativa com a industria Chinesa de Violinos, vendendo instrumentos de origem industrial sob a marca “Klaus Mueller” bem como outros de ateliê sob a marca “Yuan Qin”.

Mesmo as lojas que revendem estes instrumentos nem sempre sabem quem os produziu. “Nós não sabemos aonde a industria ou ateliê fica, salvo se o distribuidor nos informa”, explica Matt Zeller, um aprendiz de Lutheria para Violinos da “Donley Violinos”, em Charlotte, Carolina do Norte. “Nós temos fornecedores que possuem Lutherias familiares e tradicionais bem como outros que negociam com qualquer um.”


Esta confusão é generalizada. “É lamentável a quantidade de vezes que mudam a marca de um instrumento, bem como as confusões causadas por isto”, comenta o gerente de produtos do “The Music Group” (Boosey & Hawkes Musical Instruments) Jason Torreano, que comercializa instrumentos Chineses sob a marca Andrew Schroetter. “Eu não ficaria surpreso se um fabricante de instrumentos na China estivesse comercializando seus produtos no resto do mundo sob dez ou vinte marcas diferentes.


De fato, a importação e comércio de instrumentos Chineses se tornou um negócio tão amplo, que é praticamente impossível dizer todos as marcas sob as quais os mesmos são vendidos. Vários destes instrumentos saem da China sem uma marca; e os distribuidores e lojas colocam uma marca nele que sugestionem sua origem. “Eles pegam segundos nomes que soam Italiano e colocam um primeiro nome, como “Médici Alfredo”, observa Zeller.


Algumas lojas se dão ao trabalho de customização do instrumento. Algumas irão comprá-los e terão todo o trabalho de envernizá-los e regulá-los. Outras irão harmonizá-los. E outras simplesmente farão a aplicação de uma etiqueta e instalarão as cordas. Uma vez que tais etiquetas estejam no lugar; será virtualmente impossível rastrear sua origem.


Para complicar ainda mais a questão da origem dos instrumentos, muitos Luthiers costumam importar o instrumento cru da China e fazem o acabamento em seus próprios Ateliês. Esta prática permite por exemplo, que um Luthier na Alemanha afirme que a origem de tal instrumento é Alemã, visto que 40% do trabalho – o mínimo legal – é feito lá.


Para os consumidores e negociadores que se dão ao trabalho de identificar a origem de seus instrumentos, a profusão – e confusão – de nomes e marcas se tornam um verdadeiro desafio. Por sorte, colocando-se no papel as estatísticas quanto a qualidade destes instrumentos percebe-se que a qualidade dos mesmos é boa, especialmente quando falamos de instrumentos que apresentam um nível para estudos. Mas nem sempre foi assim.

Uma Mudança Dramática.

Não muito tempo atrás, os instrumentos Chineses ganharam a reputação de instrumentos que não eram muito melhores do que lenha para fogueira. O enorme aumento da qualidade deles é um exemplo claro de como o advento da economia de livre mercado bem como a globalização na China, mudou tanto a industria Chinesa e o comércio ocidental.


No passado, as fábricas de instrumentos na China eram dirigidas e controladas pelo Partido Comunista, que, como é de se imaginar, não entendem nada de instrumentos musicais. Por isto a qualidade tão pobre da produção inicial, anos atrás.


No entanto, com a abertura do mercado bem como as reformas políticas e econômicas do país, tais empresas foram obrigadas a se adequar e começar a gerar lucro – imposto pelo governo – até o ano 2003. Tal mudança se deu de uma maneira impressionante, e hoje quando perguntado sobre a qualidade destes instrumentos, Zeller afirma que são bastante bons. “Estou bastante impressionado com a qualidade dos instrumentos bem como com os preços. Eles iniciaram uma escalada na qualidade de seu produto e conseguiram manter os preços bastante baixos. Para os estudantes iniciantes é a melhor opção, pois você pode comprar instrumentos tão bons quanto os Europeus, por algumas centenas de dólares.”


Acabamento Fino


Zeller também admira o trabalho final dos instrumentos produzidos pelos Chineses que ele vende. Particularmente, o acabamento fino das Volutas, os tampos; de uma beleza impecável bem como a precisão dos “f’s” nos modelos Stradivarius; embora ele reclame um pouco do excesso de brilho do verniz utilizado nos instrumentos abaixo dos $600,00 US$. A partir deste preço, encontra-se facilmente bons instrumentos Chineses.


E, como a China detém algumas das maiores áreas de florestas antigas no mundo, as madeiras usadas na fabricação dos instrumentos também tem uma qualidade bastante boa, tanto relativas à durabilidade bem como o som. “Em termos sonoros, as madeiras Chinesas tendem a produzir um som mais morno e menos penetrante se comparadas por exemplo, com as madeiras Européias”, diz Joel Becktell, vice presidente da Eastman Strings. “As madeiras Européias têm uma reputação de produzir um som mais brilhante e direto”


Graças à melhoria das técnicas de produção e a disponibilidade de madeiras de alta qualidade, existe uma abundância de excelentes violinos, violas, cellos e contrabaixos Chineses, no mercado mundial.


Por outro lado, muitos dos entrevistados para este artigo avisam que a China, embora a melhoria na qualidade de seus instrumentos, ainda continuam como uma fonte de instrumentos realmente terríveis, particularmente os de baixíssimo preço comercializados na Internet. “Quando você chega à casa dos US$ 200,00, deveria existir leis contra a comercialização destas coisas”, reclama Bill McClain, da Atlanta Street Violins, em Roswell, Geórgia. “Eles apenas vendem objetos, não instrumentos de verdade.”


Ele diz que a maioria destes instrumentos extremamente baratos vem com os braços tortos, cavaletes tortos e de péssima qualidade bem como som risível. “As regulagens são tão ruins que tocá-los se torna virtualmente impossível”, concorda Richard Ward, da “Ifshin Violins” em Berkeley, Califórnia. “As pontes sequer são adaptadas, são apenas colocadas ali, de qualquer jeito”


Richard Ward também avisa sobre fabricantes Chineses que corta os cantos durante a construção, deixando de fora partes do interior; ou então usam madeiras pintadas de baixíssima qualidade no espelho dos instrumentos.


O consumidor deve sempre confiar no distribuidor por conta desta variação na qualidade, dificuldade de distinguir entre instrumentos bons e ruins através do nome, e o fato da maioria dos instrumentos Chineses serem feitos para músicos em nível de estudos que não tem nenhuma idéia do que observar durante a compra de um instrumento. “Você tem que ter certeza quanto à reputação da loja aonde você irá comprar o instrumento, bem como também que eles saibam o que fazem.” Recomenda Matt Zeller.


Apesar da presença de muito instrumentos lixo; muitos dos instrumentos Chineses para estudantes oferecem uma qualidade excepcional a preços relativamente baixos. Como resultado, tais instrumentos hoje detêm algo entre 50 - 80% do mercado para novos músicos.


O mais impressionante desta penetração de mercado é o quão rápido ela aconteceu. “Começou a cerca de 3 anos atrás” diz Alex Weidner, sócio da Howard Core Company. “Quando a 5 anos atrás você aparecia com um instrumento Chinês, as pessoas se mostravam realmente céticas. Houve uma mudança dramática neste comportamento.”


China vs. Europa


Esta mudança se deve aos custos de manufatura dos produtores Europeus, que impedem que sejam competitivos perante os Chineses. Michael Becker, co proprietário da “Becker Fine Stringed Instruments” em Des Moines, relembra quando a maioria dos instrumentos para iniciantes vinham de fabricantes como a Glaesel, Knilling, e a Scherl & Roth. “Estes eram os nomes que eram comumente usados por estudantes, e creio que agora estas marcas devem competir com os instrumentos Chineses”.


“Hoje, os estudantes tem infinitamente mais opções do que eu tive”, completa Becker, que além de manter a loja, também é professor, músico de câmara e violinista da Sinfônica de Des Moines.


No entanto, nos níveis mais altos deste mercado, os fabricantes Europeus ainda reinam soberanos. “Você não encontra muitos instrumentos de alta performance na China salvo raras exceções. E, tais exceções dificilmente são reconhecidos como tal” diz o Luthier e negociante de instrumentos Fritz Reuter, proprietário da “Frit Reuter & Sons” em Lincolnwood, Illinois.


Para os estudantes de nível intermediário e avançado, a atenção aos detalhes que se vê nos instrumentos de Luthier Europeus ou Americanos fazem destes, a escolha perfeita para eles. Neste caso, você tem a garantia da experiência de fabricantes que estão no ramo de instrumentos por gerações.


Ainda assim existirão os estudantes que formam a “resistência” contra os instrumentos Chineses; e em alguns casos, mesmo escolas que tiveram uma má sorte em se tratando de tais instrumentos, irão encorajar seus estudantes a não adquiri-los. “Algumas pessoas sempre irão querer um instrumento Europeu” salienta H.R. Core, gerente de marketing da Howard Core Company.


Mas para a maioria no entanto, a aceitação dos instrumentos Chineses tem se tornado cada vez maior de maneira consistente; um fato novo que está afetando a todos os fabricantes, mas que também está mostrando resultados benéficos em uma nova geração de aspirantes a instrumentos de cordas. Existem poucas dúvidas que em um médio período de tempo, esta boa qualidade irá também se estender para instrumentos para estudantes médios e avançados. “Por causa da existência de tais instrumentos bons e baratos, o numero de jovens que iniciam seus estudos nos instrumentos de corda, tem se multiplicado”, diz Jason Torreano.





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