quarta-feira, 29 de julho de 2009
AVISO! Contratação de serviços de IPLocator.
Caros colegas e amigos,
Devido a abusos por parte de alguns usuários bem como ataques pessoais ao nossos autores, o "Vinho & Cigarros" foi registrado no serviço global de localização de I.P.'s. bem como das informações relativas ao seu provedor de acesso e do usuário.
Caso insistam com seus posts de caráter ofensivo, os mesmos serão deletados daqui para frente sem nenhum retorno por nenhum dos nossos autores, independente do assunto original. Todos os dados pessoais gerados pelo seviço I.P.Locator serão encaminhados para seu servidor de acesso para monitoração bem como também para quaisquer órgãos ou instituições competentes dependendo do caso.
Em termos práticos nada muda no Vinho & Cigarros, este continua sendo um blog de livre expressão e artes em geral.
No entanto a partir de agora todos os IP's de usuários e frequentadores deste blog estão sendo salvos em backup's.
Como quase tudo neste país, infelizmente pela atitude de poucos, todos são obrigados a abrir um pouco mão de sua liberdade em prol de um pouco de educação, respeito e organização.
Att,
Equipe Vinho & Cigarros
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Post "tarja preta" - Embalando em um sono químico...
Não seja estupidamente hipócritas. Não quanto aos teus atos, ideais ou desejos. Mas, quanto as tuas idéias e pensamentos quando estiver em processo de julgamento e formação de opinião acerca do caráter de uma pessoa. Lembre-se que muito do que julga ser uma verdade, assim o é não por uma lógica matemática ou fato=consequência, mas sim pelo que o senso social geral social diz que assim o é. Baseado em tal senso, não existe o questionamento, existe apenas a aceitação sem a necessidade da prova. E, mesmo quando há a necessidade da prova, lembrem-se que uma verdade pode ser mutável em se tratando de contextualidade.
Vivemos uma época desgraçada. Em um sentido diametralmente oposto, vivemos uma época deliciosamente rica para os que gostam de explorar os sentidos.
Sentados em uma mesa de bar, homenageamos vários escritores de quilate, seja porque velhos, seja porque mortos ou seja porque loucos. Mas loucos são os que vivem de cara limpa uma realidade tão áspera que é capaz de mudar a qualidade do frango assado, arroz e vinho, apenas pelo preço que é cobrado o mesmo.
No meu terceiro decanato percebo que os vinte e cinco anos dedicados ao estudo; ideologias, senso crítico e a busca pelo entendimento das relações interpessoais nada mais fizeram do que revelar a faceta monstruosa que o ser humano orgulhosamente insiste em bradar em alto e bom som como o ápice da evolução humana. Até assuntos que deveriam permanecer imaculados como quando alguém clama o amor, estão sujeitos a passar pelos grilhões da imunda máquina marqueteira que se denomina sociedade mercantil. - "e fazemos isso para melhor atendê-los" - insistem eles. Mas, quem de fato sabe hoje o que é o amor?
A fisiologia e neuroquímica detêm tais respostas. Os acadêmicos teorizam a respeito. E as farmacêuticas ditam o que devemos e o que não consumir. E, de repente Camões, em sua métrica perfeita versando o amor, se tornou depressivo. Nerval, louco. Novalis, Ópiomânoco. E Baudelaire? Bem, leiam seu "O poema do haxixe" - mas não fumem haxixe, dizem "eles".
A mídia nos bombardeia constantemente a respeito da conexão "violência/tráfico de drogas x usuários" mas apenas para variar um pouco preferem lidar com a questão tratando o assunto sob uma ótica de interpretação marginal; uma vez mais preferindo a guerra causada pela imposição, do que a livre discussão. Ninguem repara. E se reparar e discutir isto abertamente, dirão que faz mal ao fazê-lo, afinal, é preferivel abaixar a cabeça á discutir as ordens "deles".
Sempre com um chicote, sempre com uma raiva servil, creio eu que nos querem testar até o limite; ao tentar nos fazer crer que tudo é artigo vendável, inclusive a sensação do desgosto amoroso limítrofe. - Afinal dizem eles, o "Prozac" está a venda em qualquer farmácia...
Engana-se quem pensa que faço apologia a quaisquer espécie de drogas - muito embora não negue o uso de algumas substâncias "suspeitas" (palavras "deles".)
Neste contexto, gosto de pensar nas palavras de Jules Michelet em seu sóbrio ensaio entiulado "A Feiticeira":
- "(...)Dessa enormidade, duas coisas derivam, em justiça e em lógica. O juiz está sempre seguro do seu caso; aquele que lhe apresentam é sempre culpado, e se se defender, ainda mais. justiça não tem que se cansar, nem quebrar a cabeça para distinguir o verdadeiro do falso. No conjunto, parte-se de um preconceito. O lógico, o escolástico, deve apenas analisar a alma e os matizes que ela passa, da sua complexidade, das suas opposições interiores e de seus combates. Não precisa, como nós, explicar como essa alma, de degrau em degrau, pode tornar-se viciosa. Essas sutilezas, se ele pudesse compreendê-las, oh! Como riria delas e abanaria a cabeça. E com que graça abanaria então as soberbas orelhas com o que seu crânio vazio está adornado"
Subjetivamente relato apenas a utilização de substâncias inebriantes por quase todas as formas de vida neste mundo: seja o homem que decide após o expediente; em sua casa, tirar os sapatos, afrouxar a gravata, enxer uma taça de vinho e enrolar seu fumo em paz sem ninguem enxendo o saco; ou seja aquele macaco na Africa que come os frutos fermentados que jazem no chão, aos pés de uma espécie de coqueiro e ficam chapados por algumas horas.
Mas antes que venham a porcaria dos críticos comportamentais de plantão me enxer a paciência, e visto que em tese este é um blog livre mas com um pé calcado na música também; saibam vocês que até mesmo na dita "elite musical" - ??? - que é o erudito, é longa a lista de usuários de betabloqueadores; substâncias estas que atenuam os efeitos causados pela adrenalina pré apresentação; como o nervosismo em excesso e
ansiedade.
...ou vocês sinceramente acreditavam que isto era uma exclusividade dos músicos de Jazz ou Rock?
Quanto a mim? Sexta feira a noite, chuva e sem carro.... Acho que experimentarei um vinho barato, viajarei em uma boa música e depois me deixarei levar por um belo sono químico...
P.S. -> Ok's Ok's Ok's...
Admito, estou abusando das palavras "Estupidos" (e derivados) , "Hipócritas". Cretinos, Imbecís (e derivados) e outras... Juro que tentarei pegar leve nos próximos post's...
terça-feira, 21 de julho de 2009
Maestros, Obras-Primas & Loucura, Andre Navarra e mais vinho...
Após a cretiníssima experiência nas mãos de um grupo de auto denominados “headhunters” ontem, resolvi largar mão hoje e exercer a minha função de vagabundo sênior.
Mas, convenhamos, o bacana é ser um vagabundo com classe, não um qualquer.
Então, lá pelas 9:00 da matina eu tive a cara de pau de abrir um vinho Chileno. Com as mãos passeando pela estante, resolvi dar mais uma chance ao livro “Maestros, Obras-Primas & Loucura - A Vida Secreta e a Morte Vergonhosa da Indústria da Música Clássica”, de Norman Lebrecht. Comprei-o ano passado enquanto dando minhas voltas sem rumo definido, que invariavelmente me jogam dentro das livrarias de São Paulo; mas confesso a vocês que após duas ou três tentativas, não deu a química e na época, deixei de lado. Agora finalmente venci a introdução e o primeiro capitulo, e estou com uma impressão bem melhor então acho que agora vai.
Lebrecht mostra como um grupo de engenheiros, empresários e regentes popularizou
um gênero musical até então restrito a círculos privilegiados, ao mesmo tempo em que gerou uma montanha de bobagens, excessos e egocentrismos.
Ele mostra também o vergonhoso declínio dessa indústria e, sempre disposto a polemizar através da ironia, faz uma seleção crítica das cem gravações clássicas mais importantes da história, e das vinte mais lamentáveis. Através de uma rápida folheada pelo livro, me deparei com pontos de vistas, casos e análises que acredito irão acrescentar e muito, para aqueles que querem entender um pouco melhor a música hoje em dia. Muito bom.
Como mesmo os vagabundos precisam almoçar e vinho em excesso quando em jejum não é lá a coisa mais recomendável do mundo, lá pelas tantas deixo o livro de lado e vou cuidar do nosso alimento de cada dia; afinal já tinha programado a tarde para ficar debruçado nos métodos, partituras e pesquisas, tendo por companhia a outra metade da garrafa. Como adoro isso... Crise? Ora, aproveite para viverem um pouco mais meus caros... (Outra coisa para NÃO ser citado em ocasiões como a do post anterior, enfim.)
Pesquisando a respeito de mais técnicas de arco já que a minha basicamente é experimental demais - ou, praticamente inexistente, como queiram - voltei meus olhos para o Cellista Francês e professor, André-Nicolas Navarra. Tudo a ver com o início do texto, este cara esteve presente por grande parte do período que o livro abrange, apenas constatando.
Nascido em 1911, desde pequeno ele foi preparado para ingressar no mundo da música – seu pai, de acordo com relatos era um excelente contra-baixista – e antes de iniciar os estudos efetivamente em algum instrumento, aprendeu a respeito de escalas, métrica harmonia e solfejos. Aos 7 anos de idade iniciou os estudos no Cello, e 2 anos depois foi aceito no Conservatório de Toulouse. Se graduou quando tinha 13 anos com honra ao mérito, ingressando logo na seqüência, no conservatório de Paris; aonde graduou-se novamente com honra ao mérito, aos 15 anos de idade.
Após o Conservatório de Paris, Navarra parou completamente com as aulas e não buscou mais aprimorar sua técnica – algo bastante incomum entre os Cellistas Solo. Ao invés disso, ele iniciou um trabalho pessoal para o desenvolvimento de um curso e métodos próprios, tornando-se assim por um período, autodidata no instrumento. Este trabalho incluiu a transcrição de enumeras técnicas de violino para o Cello, incluindo materiais de Carl Flesch e Otakar Ševčík. Tendo permanecido em Paris durante este período, ele teve a oportunidade pela observar musicistas como o Cellista Emanuel Feuermann, o pianista Alfred Cortot e o violinista Jacques Thibaud, além de se aproximar de alguns compositores de renome na época, como Ibert, Honegger e Florent Schmitt. Tempos depois, foi adotado como pupilo por certo período, por Pablo Casals.
Em 1929, aos 18 anos, Navarra ingressou ao Krettly Quartet, e permaneceu nesta parceria com eles por 7 anos, e em 1931 faz seu “debut” executando o concerto para Cello em D menor de Lalo, junto a Paris Colonne Orchestra. Em 1933, se torna o Spalla da Paris Opéra Orchestra, paralelamente ás suas colaborações como solista em inúmeras outras orquestras Européias.
Outra coisa inusitada quanto a este senhor, era o fato de Navarra praticar natação e ter uma queda acentuada por boxe, praticando-o por anos a fio. Dizia que isto era ideal para um Cellista e tais atividades, ajudavam em seu domínio do instrumento. Aos poucos, ele consolidava sua carreira como músico profissional, ganhando um empurrão extra em 1937, ao ganhar o primeiro prêmio e honrarias da Competição Internacional de Vienna.
No entanto, sua carreira foi abruptamente interrompida em 1939, quando estourou a 2ª Guerra Mundial, período este em que abandonou seu Cello e ingressou na Infantaria Francesa.
Após a Guerra, ele retoma sua carreira de musicista, e aceita o cargo de professor no Conservatório de Paris, substituindo Fournier; paralelamente as grandes turnês nos EUA, Europa, Ásia e na União Soviética.
Sob a condução de Barbirolli, gravou uma bem sucedida versão do concerto para Cello Solo de Elgar, o mesmo concerto que deu fama á saudosa Jacqueline Du Pré.
No entanto, Navarra tem o grande mérito como um dos melhores professores de Cello daquele período pela transcrição de várias técnicas do violino para o Cello. Paralelamente as aulas que ministrava no Conservatório de Paris, era freqüentemente chamado para dar aulas em outros institutos, como a Accademia Musicale Chigiana, em Siena, na Hochschule für Musik, em Detmold, em Saint-Jean-de-Luz bem como em Londres e Vienna.
Veio a falecer na, na Itália, em 1988.
Dentre seus trabalhos de cunho mais acadêmico, talvez ele tenha sido um dos precursores das vídeos-aula, tendo desenvolvido um material muito um material bastante bom em que explica suas técnicas de arco. Bom... Quanto a isso...
...vou explicar, para quê? Vejam o vídeo com sua execução de Moses Fantasy, de Paganini... Os links para as vídeo-aulas estão logo na seqüência...Em Alemão e Francês... Por ora, após uma pausa, acendo um cigarro e entorno o resto da garrafa em uma taça antes de retornar ao meu Cello... Divirtam-se!!
André Navarra - Paganini Moses Fantasy
Andre Navarra Vídeo Links:
Andre Navarra explains his bow technique - part 01
Andre Navarra explains his bow technique - part 02
Andre Navarra explains his bow technique - part 03
Andre Navarra explains his bow technique - part 04
Andre Navarra - The left hand
Andre Navarra - Shifting
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Processos seletivos: sociedade hipócritamente sacana...
Eu tinha me esquecido como é ruim escrever alguma coisa no teclado de um Palm. Bom, o exercício deve servir para alguma coisa útil; e se não, ao menos manejar essa canetinha no touch-screen vai me garantir a habilidade de acertar uma mosca com um palito de dentes. Lembrarei-me desse detalhe no próximo verão.
Mas exercícios por exercícios, lhes digo que o que mais ando treinando ultimamente é a paciência. Haja! Muita!
Em épocas de crise financeira, sigo garimpando uma vaga em meu antigo ramo profissional; logística internacional e navegação marítima.
Este de fato não é o problema.
O problema são esses seres parasitários que estão situados estrategicamente entre você e uma vaga. Esses boçais petulantes de empresas de recursos humanos que querem medir sua capacidade de liderança através do que você é capaz de fazer com um clipe de papel, um palito de sorvete, um copinho plástico descartável e três bexigas.
Agora, após perder algumas horas do meu dia nessa brincadeira; não consigo deixar de lado uma péssima impressão de que mais uma vez, fui vítima de uma tremenda baboseira corporativa, picaretagem das mais cretinas. Os senhores; recrutadores de RH - especialmente os que agora adotam a imbecilmente importada petulante alcunha de "headhunters" - querem contratar um analista ou um MAcGyver corporativo?
A quem os senhores querem enganar? A empresa que contrata vossos serviços ou a nós candidatos, quando percebemos que o cidadão que está nos entrevistando é um sem noção ególatra perverso que se sente dotado de uma estupidamente falsa noção de “poder”; visto que precisamos de sua “pseudo aprovação” baseadas nas mais estapafúrdias teorias psicológicas do mundo psicanalítico-empresarial? Ah isso é ridículo!
Garanto Srs. entrevistadores, que o tal "balão" que montei com os já supracitados itens - e que de acordo com as vossas cartilhas de RH deve significar algo próximo a "visão estratégica para expansão de negócios" - não chega nem perto do divertido utensílio sadomasoquista que eu tinha em mente.
Aos nobres colegas que acompanham estas minhas explosões de bile e frustração de tempos em tempos - lhes dou uma valiosa dica: Ao lerem um anúncio de vaga em cujos requisitos esteja especificado "desejável pós-graduação. MBA será considerado diferencial"; fujam - ou se quiserem prestar um serviço a humanidade, levem uma granada no ato da entrevista. Sério, de repente assim eles possam interpretar tal ato como indício de pró-atividade.
Vejamos outros pontos bacanas da entrevista:
"Quais os últimos três livros que leu?"
- Resposta "oficial" - na ponta da lingua: "Budapeste", "O Menino do pijama listrado" e "Liderança em tempos de crise" (Porque é legal dizer que está antenado ás mudanças mercadológicas)
- Resposta "real" - já que não é da conta dos entrevistadores: "Goth Chic", "Radical desire" e "deus - uma ilusão". (Quando a este ultimo, de fato, eu gostaria mesmo era ler a imaginária 'colossal trilogia filosófica de Oolon Culluphid, "Onde Deus Errou", "Mais Alguns Grandes Erros de Deus" e "Quem É Esse Tal de Deus Afinal?!" citados em algum dos "O Guia do mochileiro das galáxias" - obviamente estes, nem preciso dizer que não podem ser mencionados de maneira alguma para um entrevistador, não?
- Resposta "oficial" - esportes; gosto de futebol por causa da necessidade de estratégia e trabalho em equipe.
- Resposta "real" - músico. Se resolver arriscar a falar a real nesse ponto, jamais fale que é Violoncelista (porquê no mundo "negócios" isso é um mito) e tampouco seus gostos reais. (porque a toupeira que está te entrevistando possivelmente gosta de MPB, de preferência a famigerada série de CD's "O som do barzinho" em todos os seus 20 volumes, e julga quem gosta de musica pesada, como "perdido", Erudito como "chato" e Blues Jazz ou Prog; como potenciais alcoólatras. Em tempo. Acho o futebol, uma prova cabal da estupidez humana.
Fala um segundo idioma?
- Muito cuidado com esta: É importante que você fale Inglês. É legal que você arranhe o Espanhol - claro, outra imbecilidade sem tamanho, visto que falamos Português ora. No entanto eles vão desconfiar se você abrir o jogo e dizer que fala um terceiro Idioma. E nunca mais irão lhe chamar para outra entrevista, caso afirme dominar um quarto. (Pois provavelmente para eles apenas pós-MBA’s, diretores de multinacionais e oficiais do corpo diplomático governamental falam 4 ou mais idiomas.)
Porque você quer e porque acha que merece essa vaga?
- Provavelmente a pergunta mais hipócrita possível em um processo seletivo:
A resposta oficial e politicamente correta é; "porque procuro novos desafios em um ambiente competitivo saudável, que me propicie crescimento profissional e, conseqüentemente; satisfação pessoal.
A resposta real geralmente está entre algo do tipo: Porquê não agüento mais meu gerente, e quero ganhar mais dinheiro do que ganho atualmente. (E um dia quem sabe, ter o poder suficiente para despedir energúmenos que fazem perguntas iguais a esta que o Sr(a). acabou de me fazer)
Inclusive, obviamente excetuando-se esta última colocação que eu adoraria ter feito, a anterior já testei com um entrevistador tendo como resultado, um severo desconcerto por parte do mesmo.
Bom, sequer preciso mencionar o que aconteceu depois, não?
Mas... Só para terminar de foder com meu humor; a figura tinha que soltar "a pérola"...
- "Qual a sua relação com deus?"
Sinceramente... O que alguns ditos "'profissionais" esperam conseguir com uma pergunta dessas?
"Não vai."
"Não sei. Faz tempo que ele não desce"
"EU sou DEUS e você é fruto da minha imaginação. Aliás que merda eu estou fazendo aqui?"
"Uma bosta, já que ele te colocou para me entrevistar..."
"O filho da puta ta me sacaneando"
"Vamos encerrar a entrevista aqui pois tenho por regra de conduta ética e moral, não misturar religião em assuntos de ordem profissional" (O que de fato é bem real; jamais contrato empresas ou prestadores de serviços que colocam em seus cartões de visita citações religiosas de qualquer espécie.)
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O ponto meus caros colegas; é que em épocas de hiperconectividade, é com uma certa tristeza conformista que percebo que as pessoas estão nivelando seu conhecimento "por baixo"; utilizando duvidosas credenciais acadêmicas como atestado de competência profissional e social; o que é uma enorme falácia. E, em um sentido diametralmente oposto a esse conhecimento pífio; o "ego" de tais cidadãos ditos profissionais carreiristas do empresariado brasileiro - e quem os seleciona - está em uma ascensão ridiculamente cretina.
As pessoas realmente crêem que o brasil evoluiu tanto assim nos últimos 10, 15 ou 20 anos?
Infelizmente, penso que a única coisa que de fato evoluiu aqui, foi o potencial para a picaretagem, bem como a capacidade de fazer os outros de palhaços; sem se dar conta que no fim, estão dando risadas de cima do mesmo monte de merda...
Ingênuos...
...e no fim ora bolas; eu idem, por ter escrito isso aqui ao invés de tentar matar uma mosca com um palito de dentes...
De saideira, lhes brindo com uma pérola da publicidade, um “episodio” de uma série de comerciais da Reebok protagonizado pelo jogador da NFL Terry Tate, conhecido como “Office Linebacker”, gravado e exibido em 2003. Hilário? Sim! Mas, não deixa de ser uma ácida critica ao mundo corporativo... E, acreditem; a coisa é ladeira abaixo...
Terry Tate Office Linebacker:
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Call me Ishmael...
Creiam... Existe um porquê para este post...
Fica aqui este registro, na forma de uma pequena homenagem...
Call me Ishmael.
Some years ago - never mind how long precisely - having little or no money in my purse, and nothing particular to interest me on shore, I thought I would sail about a little and see the watery part of the world.
It is a way I have of driving off the spleen, and regulating the circulation. Whenever I find myself growing grim about the mouth; whenever it is a damp, drizzly November in my soul; whenever I find myself involuntarily pausing before coffin warehouses, and bringing up the rear of every funeral I meet; and especially whenever my hypos get such an upper hand of me, that it requires a strong moral principle to prevent me from deliberately stepping into the street, and methodically knocking people's hats off - then, I account it high time to get to sea as soon as I can.
This is my substitute for pistol and ball.
With a philosophical flourish Cato throws himself upon his sword; I quietly take to the ship.
There is nothing surprising in this. If they but knew it, almost all men in their degree, some time or other, cherish very nearly the same feelings towards the ocean with me.
"Herman Melville"
* Tela: Friedrich, "Wanderer in the Sea Fog", 1818
domingo, 5 de julho de 2009
Aqui, Jazz... II
Ao ver o ótimo texto anterior sobre jazz, tive uma grata surpresa, como uma fã que se vê recompensada ao encontrar uma carteira perdida de seu ídolo, e nela a oportunidade de manifestar seu apreço face a face. Resumindo: fiquei mais feliz do que pinto no lixo, pela deixa para desenvolver uma nova categoria no blog... Jazz.
Sou fã de carteirinha desse grande gênero, desde os 12 ou 13 anos ouvia alguns discos de minha mãe. Meu avô era trumpetista, e sua aparência física lembrava muito o grande Chet Baker, coisa que se deita no imaginário de uma adolescente com muito conforto, gerando as mais poéticas imagens sobre antepassados, com heróis musicais reunindo-se às memórias familiares.
Um gênero cuja história se mescla de modo intenso à história social e antropológica dos negros nos Estados Unidos, e ao mesmo tempo às mais sofisticadas manifestações intelectuais sobre modernidade, liberdade e música no século XX. Stravinsky não disse? "O jazz é a música clássica do séculoXX". Se Ele disse, deve estar certo... afinal, convenhamos: é fato que o jazz representou e influenciou mais durante o século do que a música de Stockhausen, é ou não é?
Os artistas citados por Andreas na primeira postagem são de tremer as bases. Mas o jazz é isso mesmo. A todo momento um questionamento sobre a sua definição. Quase não há certo ou errado aqui. Mas uma coisa tem que permanecer para reconhecer o gênero musical: o groove. O balanço, aquela mexida nas acentuações vindas de uma dinâmica interpretativa sobre os compassos, mesmo os mais estranhos, uma riqueza de sonoridade, liberdade, mas sempre amarradas por um fio delgado, quase transparente, ao pai Blues. Voltaremos a essa questão daqui a pouco, quando farei uma questão sobre a pouca presença do cello no estilo.
Gostaria apenas de declarar nessa postagem meu amor infinito por uma peça em especial, a que considero a mais bela peça de jazz escrita. Há milhares de versões para ela, um clássico. Em 1986, um filme homônimo dirigido por Bertrand Tavernier, explorou a mesma e apresentou ao mundo uma visão intimista e sensual, ao mesmo tempo suja e decadente, mas sempre nobre e bela, de Paris... uma Paris onde se perde o gênio do protagonista, sax-tenor representado por ninguém menos que... Dexter Gordon. É... dois dos "atores" do filme sao lendas do jazz, grandes músicos. Dexter Gordon e Herbie Hancock. Eles atuam esplendidamente. Gordon faz o papel de um músico alcoólatra e solitário, recluso e doente, e este é uma mistura de duas lendas do jazz, semelhantes: Lester Young e Bud Powell. Aliás, este último é citado às vezes como o verdadeiro autor da peça que é também título do filme, apesar de ela ter sido sempre creditada ao gênio Thelonius Monk (que dizem ter escrito essa jóia de beleza aos 15 anos). Sem mais delongas, eis o trailer do filme de Tavernier:
O violino tem grandes representantes no jazz, Ponty, Grapelli, entre outros. O cello? Além da história social pouco favorável, a formação dos violoncelistas não ajuda. Sempre rígida, muitíssimo rigorosa e refinada, enquanto o jazz pede relaxamento e... o tal do groove. Os cellistas têm que aprender isso. Vocês querem saber o que é? Ouçam o cellista David Darling dando uma divertida aula de como se faz:
Por volta da meia noite já estamos nós... hora fatal do jazz.
Aqui, Jazz...
A sociedade em geral não é uma coisa engraçada?
Ando envolvido com algumas descobertas envolvendo o Jazz, gênero este que considero uma tremenda incógnita para mim. Bom, não exatamente o Jazz puro, mas sim um sub-gênero, o “Progressive Jazz”, as vezes também conhecido como “Jazz Fusion”
Nestas minhas pesquisas por bandas que desenvolveram seu trabalho em cima deste gênero; além de desenterrar coisas de progressivo que já não escutava há muito tempo, também encontro coisas bastante improváveis. Que me perdoem os fãs do heavy progressivo, mas se querem ter “aulas” de técnica, bom gosto, feeling e também uma certa “sobrenaturalidade musical”, procurem se dar ao trabalho de escutar – com carinho, claro – os trabalhos de bandas como “The Mahavishnu Orchestra”, o Violinista Francês Jean-Luc Ponty, “Pat Metheny Group”. Tipo, o que raios este pessoal pensa que está fazendo? São monstros musicais, estão quase além de qualquer perspectivamente do que é técnica, sensível e sutilmente possível dentro do ato de compor. O que fazem impressiona. Intriga. Assusta. E, para os que não tem o ouvido para isto, pode até mesmo chegar a ser musicalmente ofensivo. Resumindo, um tremendo barato! hehehe
Agora, o comentário “de abertura” acima a respeito da sociedade ser um barato é: Lembro-me que em minhas épocas de colégio, algumas mães colocavam as filhas para fazer aulas de Ballet ou Jazz. Me expliquem. O que é “dançar jazz” nesse contexto? Como se dança por exemplo, ao som de Mahavishnu Orchestra?? Bizarro. Muito. O Brasil tem essa tendência de querer importar “rótulos musicais” de alguns gêneros, e passam a utilizá-los para músicas que nada tem a ver com a denominação original. É o mesmo caso do Funk. O Funk Brasileiro, coisa tão detestável, grosseira, sem um pingo de feeling e quando tanto, sem conceitos básicos de estética sonora, nada tem a ver com o Funk original, Norte Americano. O mesmo, se dá com o bendito Jazz.
De qualquer modo, o Jazz por essência, é um estilo de difícil definição. A mistureba geral inclui elementos Afros, Blues, grande trabalho de chamadas e respostas tonais, polirritmia e principalmente improvisação, muita improvisação.
Embora o padrão o trabalho de pergunta e resposta sonora seja mais presente no Blues, o trabalho da improvisação já era comumente utilizado de maneira assombrosa. Esta característica do Blues foi passada ao Jazz. Isto fica claro quando se compara a Música Erudita e o Jazz: No Erudito, embora os ornamentos, a interpretação e acompanhamentos sejam deixado a critério da regência, o objetivo dos músicos é executar as composições na forma que a partitura exige. No Jazz por outro lado, o músico irá interpretar e executar a música de uma forma livre; entrando em pauta fatores como a experiência pessoal, interações entre os demais músicos e até mesmo com o público. Com isto, a música no Jazz ganha uma forma bastante peculiar, sendo que as composições nunca são executadas exatamente da mesma forma, mais de uma vez; pois o músico brinca com as melodias, harmonias e fórmulas de compasso.
Assim, seria no mínimo cômico ver alguns alunos de Ballet ou Jazz, tentando dançar essencialmente o Jazz...
Para os Cellistas e demais músicos que acompanham este blog, disponibilizo aqui um material bem bacana a respeito, que pode ser bastante útil para quem quiser se aventurar por estas paragens. Publicado por Jamey Aebersold, aborda desde exercícios e técnicas para memorização, escalas mais usadas, articulações e ritmos; além de trazer várias curiosidades, dicas e sugestões para audição.
Divirtam-se!!
LinK: Jamey Aebersold – Jazz Handbook
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Por uma sensualidade mais sinistra - Fetichismo dark versus Fetichismo light.
Caso Debora E.C. Zeier - Cellista
Fetichismo: [Do fr. fétichisme. ] S. m. 1. Adoração ou culto de fetiches 4. Subserviência total. 5. Med. Perversão que consiste em amar não a pessoa, mas uma parte dela, sua imagem em determinada situação ou objeto de seu uso.
Não é nenhum segredo visto o teor de muitos dos posts que coloco aqui, que além do meu gosto musical focado no Cello bem como artes em geral, nutro um certo fetichismo por mulheres Cellistas. No entanto tal fetichismo jamais é colocado de maneira escancarada ou desrespeitosa. Muito pelo contrário. Existe um enorme respeito quando resenho alguma Cellista que aprecio. É um verdadeiro deleite para todos os meus sentidos poder ver seres tão belos e angelicais, executando um instrumento dotado de uma natural capacidade de expressão emotiva.
Esta semana, a Cellista Debora E.C. Zeier, Modelo e - esta eu não sabia - também jornalista - publicou um artigo em alguma revista Suíça, em repúdio a uma secretaria de uma agência social pública que tem por hobby, manter uma homepage aonde costuma publicar suas fotos pessoais de bondage.
Para quem não conhece, bondage é uma forma de fetiche sexual na qual algum dos participantes comumente são amarrados ou imobilizados e colocados em posição de submissão. Há quem goste, encontrando um certo estímulo sexual em algo que possui poucos atrativos para a maioria das pessoas, se é que de fato existe algum.
O estudo do fetichismo sexual teve início em fins do séc. XIX, pelos psicólogos Sigmund Freud e Richard Von Krafft-Ebing.
O legado de Kraft-Ebing em relação ao as
sunto, é a sua responsabilidade pela invenção dos termos "sadismo” e "masoquismo”, no entanto colocando-os sob uma perspectiva quase criminosa.
Pois bem. A categorização de um fetichismo sexual como patológico ou não, principalmente dentro de uma relação a dois, desde que não envolva riscos reais, não é correto e muito menos responsável.
Ora. Neste sentido, até Shakespeare estava familiarizado com "um beliscão que fere, mas mesmo assim é desejado". Qualquer pessoa conhece a frase "morder e assoprar", pois ela faz parte da sexualidade de todos nós.
Passados tais trabalhos de Freud e Kraft-Ebing, hoje, muitas pessoas que querem se sentir "descoladas" passaram a assumir o rótulo de fetichistas, e não é raro por minhas andanças pela noite Paulistana, topar com verdadeiras Dominatrixes e, caras e lindas garotas, sendo escravizados com muito couro, vinil e mordaças.
E eu com isso? Nada. Não é minha praia. Acho interessante e só.
Então, fica aqui a minha dúvida sobre o assunto.
E a Cellista, Modelo e Jornalista Debora E. C. Zeier, o que tinha a ver com a vida da pobre secretaria e seu gosto sexual fetichista? Afinal, qual a diferença real do trabalho fotográfico mais light da Srta. Zeier, ela sensualíssima e seu Cello; e da tal secretária?
Sendo que as duas exploram a sensualidade mesmo que de formas diferentes então, a diferença meus amigos, está em nossos olhos, bem como a capacidade de lidar com a nossa própria hipocrisia do dia a dia.
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Atualização:
1 - A homepage da referida Modelo, Violoncelista e Jornalista Debora E.C. Zeier saiu do ar após a publicação de seu artigo. No mínimo, curioso.
2 - Falando a respeito da sensualidade do Cello, vejam o trabalho de Nacho Duato & Companhia Nacional de Dança de Madri. De acordo com a descrição no próprio Youtube, eles pertencem a parcela mais "avant-garde" da dança moderna Européia. As produções do coreógrafo Espanhol são caracterizadas por uma aproximação bastante sensível da musica, em contraste a uma releitura esteticamente sólida da dança, elevando o conjunto da obra aos limites da cena da dança internacional. Muito bom!