domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tocar violoncelo em uma banda de rock - Parte 2: equipamentos - captando o som do seu cello



Oi, pessoal! Hoje vamos falar um pouco sobre alguns equipamentos necessários à ampliação do som do violoncelo, que é uma parte essencial na hora de se fazer a conversão do violoncelo (acústico) para um instrumento plugado.

Lembrando que tudo o que eu tô dizendo aqui se baseia em experiências pessoais e pesquisas 'internéticas', portanto, sintam-se à vontade para concordar/discordar/comentar/acrescentar, belê?

Bom, o primeiro passo na hora de se fazer essa 'conversão' é escolher de que forma você deseja captar o som do seu cello: se por meio de microfonação ou por meio de captadores de contato. Ambas as formas tem as suas nuances e características, portanto, vai do gosto do músico e do som que ele quer obter, okay? :P

1 - Microfonação



Nesse sistema, basicamente, você posiciona um microfone (especialmente desenvolvido para se captar o som de instrumentos acústicos, de preferência) a uma certa distância dos "F's" (f-holes), a fim de se captar o som tal qual ele sai do instrumento.

A grande vantagem desse tipo é captar o timbre real do seu violoncelo, com aquele acústico natural. A grande desvantagem é que dificilmente o microfone irá captar SOMENTE o som do cello, mas sim toda a ambiência do lugar. Quando se está tocando em um teatro ou sala fechada, tudo bem, mas em lugares abertos é horrível, não recomendo mesmo.

'Microfonação' faz a alegria dos 'puristas'... rsrsrs


2 - Captadores de contato


* Este é um modelo mais simples. Basta encaixá-lo na abertura do cavalete, sem muito esforço, podendo ser retirado a qualquer momento.

Existem vários modelos atualmente no mercado, desde aqueles mais invasivos (requerem mudanças radicais no seu instrumento) aos mais simples e práticos (só precisam ser encaixados/presos no cavalete). Consistem geralmente de um pedaço de metal que fica preso junto ao cavalete, com uma saída/rabicho na qual você deve introduzir um cabo.


* Esse é o modelo que uso atualmente. Dá um pouco de trabalho para encaixá-lo embaixo do cavalete, mas ele é muito bom. Pode ser encontrado aqui.

A grande vantagem desse modelo é que a captação é mais poderosa (em termos de volume, já que ele fica em contato direto com o corpo do cello), além de ser bastante prático (não precisa montar uma estrutura de microfones, basta plugar o cabo e pronto). A desvantagem é que o timbre nunca sai 100% fiel ao seu instrumento. Mas este é um problema que pode ser contornado com o uso de equalizadores.

Então é isso, meus caros. O ideal é testar ambas as formas e ver qual a que mais se adequa ao som desejado, pois todas elas tem prós e contras. No próximo post vou falar um pouco sobre pedais/pedaleiras e amplificadores. See ya! o/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Tocar violoncelo em uma banda de rock - Parte 1: a mudança de postura musical

-> Bom, pessoal, depois das acalouradas palavras de boas vindas dirigidas a mim pelo o fundador deste querido blog (valeu, Andreas!), vamos ao que interessa, né?



Tocar um cello em meio a uma saraivada de riffs de guitarras distorcidas e levadas de baterias que mais parecem britadeiras pode ser uma experiência torturante. Não é tão simples quanto parece.

Uma coisa é tocar música de câmara num palco, acompanhado apenas por um violino ou viola. Outra completamente diferente é estar acompanhado por uma banda de rock (guitarra[s], baixo, bateria, teclado...). O volume de som é muito grande! Não tem comparação. Rola uma confusão sonora tremenda, que irá exigir dos músicos uma certa dose de sensibilidade, tanto para uns com os outros, quanto para com o público.

É muito complicado introduzir o cello e encontrar seu espaço dentro de um espectro sonoro tão amplo. Sem perceber, você começa a atacar o arco com mais força, na tentativa de se ouvir melhor. E, com isso, se cansa mais rápido. E logo consegue uma tendinite que vai te deixar um mês sem pegar no violoncelo de novo.

Seus colegas de banda (e você também) precisam entender que há espaço pra todos. É claro que, em certos momentos, um determinado instrumento terá que se sobressair (um solo, uma passagem mais densa...), mas vocês terão que ter o feeling de sentir onde, como e quando. É sempre bom também contar com um técnico de som que conheça o som da banda e/ou as músicas e que possa controlar o volume dos instrumentos direto na mesa de som.

Agora vamos ao problema mais terrível de todos: o feedback. Bom, como vocês sabem, o corpo do cello é uma grande câmara de ressonância. Dependendo de como se dá a captação (microfones, captadores de contato...), o corpo do violoncelo "absorve" todo o som do ambiente que estiver a sua volta!! É terrível, o corpo do cello começa a vibrar desesperadamente, até que não se escute mais nada a não ser microfonia!!

Daí você fica naquele dilema: se eu aumentar o volume, a microfonia (feedback) destrói tudo, mas se eu abaixá-lo, não vou conseguir me ouvir. Como faz?

Já procurei na internet tudo quanto era forma de se reduzir esse problema. Ouvi falar de gente que cobre os "F's" (f-holes) com algum tipo de esponja (nunca tentei, mas acho que não deve dar muito certo). Outros abandonam o uso de monitores de palco e passam a usar só fones de ouvido (já tentei isso, reduz um pouco a barulheira, mas perde-se um pouco do tesão também). Outros loucos tentam usar aquelas barreiras de plexiglass (shields) em volta de si, para ficarem longe do som de seus colegas de banda. Tem louco pra tudo nessa vida...

Neste ponto, o uso de violoncelos elétricos tem uma grande vantagem: a ausência de câmara de ressonância faz com que se tenha um som muito mais limpo e audível. Mas não é todo muito que gosta do timbre (e do visual) dos electric cellos...

Violoncelo elétrico: a salvação?

Acho que tudo depende de sensibilidade musical. Todos querem ser ouvidos e ouvirem também, portanto, devem olhar a música como um todo. Às vezes, é preferível abaixar o volume dos instrumentos no geral a correr o risco de estragar uma apresentação. É uma linha tênue que separa as coisas.

Então é isso, pessoal! No próximo post vou falar um pouco sobre equipamentos. See ya! o/

Acre & Chico Mouse; uma análise crítica: "Lumpalândia ou Terra dos Cogumelos Encantados?"



Das distantes paragens localizadas a Noroeste de onde o vento faz a curva, bem além de onde Judas perdeu as botas (E, dizem as más línguas, aonde nasceu a infame modalidade da fixação voyeurista por meias furadas que tanto contamina a Cristandade atual) ou também a infame região conhecida como “Acre”, a cidade mais expressiva da Lupalândia; é com prazer que faço as honras para a entrada do mais novo integrante da mesa aonde são servidos Vinhos da melhor (entre alguns, de origem duvidosa) qualidade, bem como aonde a lei anti-tabagismo ainda não pegou.


Com vocês; o Sr. Chico Mouse.


De acordo com suas próprias palavras, o Sr. Mouse tem 25 anos; versado em Lumpalês, e está em vias de ser expulso de sua comunidade local por insistir com veemência na necessidade da inserção de sessões de cordas nos coros dos Lumpa Lumpas.


Com esse novo membro, provavelmente teremos acesso a várias informações valiosíssimas a respeito de tão mítico e desconhecido território que é o Acre. Seria este, localizado no platô do “Mundo Perdido”; tão em voga após os trabalhos sérios de pesquisas de Sir. Arthur Conan Doyle?



Seria este, uma extensão metafísica do Condado, na Terra Média e aléns? Ou seria este na verdade uma dimensão paralela diretamente atrelada ao Reino dos Cogumelos Mágicos que insistem em brotar em vários pastos pelo Brasil afora em manhãs ensolaradas após uma bela chuva? Perguntas, perguntas... Vamos com calma!!


Definitivamente, ao ter assinado um pacto com o Capiroto e ter decidido se tornar servidor público; ganhou tempo livre para suas incursões Cellisticas no que tange o mundo Pop Rock - mesmo que estes versem sobre a cena musical produzida por anões barbudos mal humorados que se divertem descendo machadadas em alguns incautos Elfos de passagem.


Dêem um pouco de Farofa e Tereré, e tenho certeza que na maior boa vontade; ele irá lhes explicar detalhadamente a respeito do maior cemitério de anões do universo que localiza-se justamente no... Acre! (Breve explanação; os Anões migram para o Acre em sua hora final a fim de que seus corpos sejam enterrados e suas almas, transformadas em pombas. Será que isso explica o porquê de você nunca ter visto um enterro de anão, filhotes de pombas ou um Acreano legítimo?)


Acreano Cellista? deus do céu... - Não, tira o “deus” daí já que sou agnóstico - definitivamente passei por um Buraco Negro até lá; até porquê dizem ser mais fácil do que, pela Transamazônica...


Meu caro Sr. Chico Mouse, seja MUITÍSSIMO bem vindo acá nestas paragens; mesmo que tuas contribuições Cellista-filosóficas se dêem com uma floresta Amazônica de distância...


Puxe uma cadeira, sirva-se do vinho e acenda um cigarro; sinta-se em casa...!!


Em tempo:

O Cidadão ainda mantém o “Ufa! Cansei”, contribui no “Eu Podia Ta Kibando” e ainda triggou o Cello; coisa que eu desavergonhadamente não tive a capacidade de fazer até o momento...


Mandando muito bem por sinal; confiram!!

http://www.myspace.com/mousechico




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Violinos, Cello, Rock Pt. 24 - "Hey Rosetta! – Plan Your Escape"



É muito provável que cá para estas terras, poucos se deram conta do impacto causado pelo Canadá em termos de produção musical de qualidade.


Encontramos uma enorme variedade de exemplos inseridos em quase todos os subgêneros musicais, transitando entre as Popices de nosso dia a dia, passando pelo Folk, Neoclássico, Progressivo e as mais viscerais bandas de Heavy Metal e sinceros Rock de garagem.


Se engana quem imagina que este seja o despertar de uma nova cena musical; pois, basta um pouco de boa vontade e certa busca de prazer pela pesquisa musical para perceber a existência de um vasto leque de bandas que sobrevivem em um circuito musical cujos polos de aceitação residem em outros eixos que não os mesmos em que se apóiam Neil Young, Joni Mitchell ou Rush, citando apenas três.


Geralmente – e curiosamente – tais eixos tendem a incluir além do Canadá, principalmente países como a França, Inglaterra, Irlanda ou Escócia; e infelizmente (ou não) permanecendo quase inacessíveis para quem não se propõe a pesquisar.



Não faço idéia de como raios cheguei a este sexteto Canadense que atende pelo singelo nome de “Hey Rosetta!”.


Sua essência reside no tradicional rock de garagem; enérgico, costurado a belas texturas criados pelos Cello de Romesh Thavanathan e Violino de Erin Aurich.


- O resultado?


Impossível não supreender-se com a exata noção de senso de estrutura envolvendo todos os instrumentos, bem como a energia pura de músicas mais agitadas como “Lions for Scottie” por suas fortes execuções. Impressionante o bom gosto, bom senso bem como a sincronia das sessões de cordas nesta mesma música. Como uma perfeita luva!



Em músicas menos enérgicas; mais emocionalmente orientadas, é notória a perfeita integração e coerência da sobreposição de uma infinidade de elementos musicais. Cito a “The Simplest thing”; um petardo inicialmente conduzida por voz e piano, mas que não tarda a se lançar em uma orientação descompromissada baseada em um trompete; finalizando em um crescendo belíssimo executado por todos da banda; acompanhado por um coro de vozes de forma redentora. Catártico.



Em épocas que me é clara a vocação puramente comercial de cada nove entre dez novas bandas que escuto; me é uma delícia encontrar um conjunto que pela sua fantástica química, transpira uma genuína sensação de prazer em fazerem música juntos.





Um raro achado; pela beleza das composições, coloco-os com carinho em minha prateleira, dividindo espaço com os Ingleses do “My Latest Novel”, ou os Irlandeses Lisa Hannigan e Damien Rice – embora sem a pegada “estou na fossa” do último citado.





“Link: Hey Rosetta! – Plan Your Escape”



















terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Arcani Vis Et Natura


Grave incerteza, todas as vezes em que o espírito se sente ultrapassado por si mesmo, quando ele, o explorador, é ao mesmo tempo o país obscuro a explorar e onde todo o seu equipamento de nada lhe servirá.

- Marcel Proust, “No Caminho de Swann”

É isso.


Eis que janeiro se foi; e junto com, algumas pessoas profundamente amadas cada qual ao seu modo. Algumas alçaram novos rumos, novos ares, se mudando para longe. Seja por um período predeterminado com data de retorno marcado, seja porquê deixaram este mundo, jazendo a partir do fato, para a memória coletiva e para a saudade e lembranças dos que tiveram a honra de conviver com.


Janeiro foi um mês de perdas. Graves perdas. Grandes perdas. Ao mesmo que, Janeiro também foi um mês de reconciliação e reparação com o passado. Os anos se foram. O passado assumiu seu lugar; “passado”. Meu caro amigo Walter, que descanse em paz.


Me é impossível deixar de pensar que nada mais somos do que o fruto por amadurecer de situações ou sentimentos baseados no equívoco, e tal é responsável pela eterna sensação ambígua de que vivemos uma espécie de realidade absolutamente irreal. Somos nada mais do que sonhos surrealistas encarnados. Confusos. Malucos. Etéreos. Nonsense.


Por mais que procuremos analisar de maneira sincera, é humanamente impossível distinguir de maneira clara os contornos de nossas emoções. A fundamentação reside no fato de que todos, em maior ou menor grau, apresentam uma incapacidade estrutural de comunicarem-se entre si bem como comunicarem consigo mesmos. Todos vivemos sós no mundo - seja este interior ou exterior – no qual os “outros” são meras sombras. Nos falta; não importando se somos jovens, velhos, cínicos ou idealistas; uma exata noção de identificação que transforma a passionalidade em coisa amada. Enquanto isso, os objetos de nossos amores são apenas isso: Objetos. Traduzindo, todos somos absolutamente egocêntricos e egoístas. E, igualmente ignorantes do fato. Todos optamos pela aparência, e não a realidade. E sendo assim, a realidade não representa nada para ninguém. Absolutamente nada. A “vida”; está em outro lugar que não aqui...


Claro, irão me criticar por dizê-lo. Mas afinal, como viver o “nós”; sem sermos obrigados a sairmos do que é verossímil? Como viver sem sermos meros joguetes de uma espécie de deliro ativo da paixão? Em outros termos, como viver sem ser louco?


Não tenho mais interesse no que pensam ou deixam de pensar a respeito dos meus próprios pensamentos. Não tenho mais interesse no mundo que me rodeia quando em essência; a base de todos os meus questionamentos é de ordem metafísica - longe de estarem calcados no que é real ou irreal. Não tenho mais interesse no exterior.


Minhas respostas residem no onírico. Em outros planos. Nas vibrações. Na freqüência. Nos pulsos. Em melodias. Nuances. Porquê me soa correto pensar que o externo é definido por uma enorme paleta de acordes internos; em resposta ao próprio meio externo.


Portanto; é pela experiência; pelo prazer, pelo deleite e um certo “q” de hedonismo, que prefiro assumir a face do abismo. É nesta espécie de “des”correção do espírito que hoje percebo que o passado me colocou aí; com o futuro escancarado e vivendo de tudo um pouco... Obrigado.


Sou o que sou. Da minha vida, trabalho em queda livre o observar silenciosamente as máscaras deste mundo. De vez em quando tomo certas liberdades e anotações que me fazem sentido: vide algumas masturbações mentais espalhadas por este blog. E é pela queda que entendo que se dá o renascimento. O “acordar” de uma vida trivializada, negada e escravizada ao ego socialmente imposto. E, é pela queda que encontramos a possibilidade de nos dissolvermos – e porquê não? – sermos absorvidos pela misteriosa matriz de sentimentos que se encontra ao nosso redor; no entanto, apenas acessível apenas a quem de fato deseja.



O curioso? É a bizarra constatação de que entre tantas perdas e alguns esparsos ganhos; constantemente vivenciados com ares de uma doce profanação social; embora solitário, eu me encontro melancolicamente feliz...


É, meus caros... 2010 segue em alto e bom tom.