Andando pelas ruas de Roma é impossível não perceber um fato curioso: Roma provavelmente é a cidade dos fumantes.
Em uma cidade com mais de 2.500 anos de história pulsando por entre suas vielas, becos, monumentos e fontes, hordas e hordas de cidadãos Romanos bem como de outra miríade incontável de origens geográficas inusitadas, o que mais há em comum entre exemplos tão díspares de elementos humanos, é a pequena parcela de infinidade de marcas de cigarro que cada um carrega em seus bolsos, mãos e acesos, entre os dedos. Em uma rua escura, vê-se brasas, pequenos pontinhos andando para lá e para cá e eventuais exaladas de fumaça branca contra o céu noturno.
“Per favore, mi dà l'accendino?” (por favor, me empresta o isqueiro?” se torna um fator inusitado para uma série de encontros casuais, despretensiosos, e que de vez em quando leva a uma companhia para um café e umas voltas pela cidade por alguns dias. Assim, conheci Nástya, uma russa pirada porém gente boníssima de St. Peterburgo, que de acordo com ela, estava “fugindo do inverno Russo em busca de café & climas mais amenos”.
Roma também é a capital da boa boêmia. As noites Romanas são entupidas dos tipos mais variados. Não raro em uma fila de alguma casa noturna, verá adiante um grupo de padres descendo uma rua, conversando, e sem olhares de reprovação direcionado a juventude ruidosa.
Mas ora, o Vaticano também não se encontra em posição de ditar bons modos bem como servir de exemplo para o que é ou deixa de ser politicamente correto.
Creio ser justo dizer que o cidadão médio aqui vai vivendo, vai vivendo... E não quer saber de encheção de saco. Respeitado isso, é a velha máxima Thelemita “faze o que tú queres e há de ser lei”. É a lei de fazer, respeitar o limite alheio e ficar na sua, divertindo-se. Na verdade o bom Romano – salvo algumas exceções – quer mais é que tudo se exploda em uma visível exacerbação do “estou cagando e andando para você”, ou “io no me frego un cazzo”. Pior? Acho que bem tem lá uma certa razão.
Uma das coisas que estavam me incomodando demais no Brasil era justamente esta onda do politicamente correto. Tinha que se tomar cuidado com quem se fazia piadas. Tinha que tomar cuidado com as opiniões alheias. Tinha que se tomar cuidado como se comportava em público. Nunca beber demais pois alguém poderia ficar sabendo e “pegava mal”. Fumante, então? Pronto, o cidadão é um meliante, praticamente um drogado com o pé fincado no ilícito. Ah, dá me...
Não sou religioso. Embora minha curiosidade tenha me levado a ir mais a fundo em tais assuntos do que muitos dos convertidos de final de semana – os mesmos, por sinal, que fazem um curso de fim de semana sobre a cabala Hebraica e viram experts no assunto, tenho lá meu conhecimento guardado a sete chaves. O suficiente ao menos, para saber que estamos aqui neste canto da existência para tudo, menos isso que vivemos em nosso dia a dia.
Me pergunto: Seriam resquícios da ditadura? É uma tendência natural do ser humano querer saber da vida alheia bem como dar pitacos sobre como devemos – ou não – viver nossas próprias vidas? Seria falta do que fazer? Sei que, a opinião não requisitada acerca da vida alheia não é uma opinião bem vinda. Mais, raramente deixo de notar traços de uma suposto complexo de superioridade quando escuto uma coisa dessas; escondido lá no canto, em um suposto sorriso de “sou seu amigo e me preocupo com você”. - Tá, claro, se é assim, me ajuda a pagar minhas contas?
Sei não pessoal... Por hora continuo por aqui... Mas é impossível deixar de ficar encafifado com a ideia de que por mais bagunçado que tudo isso aqui seja; o tal SPQR que víamos nos antigos quadrinhos e desenhos do Asterix; “Sono Pazzi Questi Romani” (São loucos, estes Romanos),se prova verdadeiro e com razão.! Afinal, o que são 500 anos da população Brasileira, perto dos 2500 anos da população Romana?
Em tempo: Que a esquerda – ora bolas, a direita também! - brasileira aprenda de uma vez por todas que o sinônimo para o termo “politicamente correto” é a palavra “chato”.
3 comentários:
Com relação a diversas coisas, de fato a chatice impera. Já querem nos dizer como viver e uma questão de escolha (você quer estragar sua própria vida e sua saúde, é problema seu) vira caso de saúde pública, é assim que justificam a coisa. Como demonizar a nossa querida Mary Jane.
No "jornal" Sensacionalista (de fato um blog d ehumor) vi uma notícia assim:
"Neguinho da Beija-Flor terá que mudar seu nome para Afrodescendentezinho da Beija-Flor."
Ha!
beijos brasileiros e mal-comportados
WoW, post megaputaqueparívelmente bacana. Acho q sou parecido com os romanos em algumas coisas... costumo não me importar com a opinião alheia e dizer um sonoro "FODA-SE" quando inquirido sobre a impressão que a forma como sou passa para os outros.
E coisas políticamente corretas viraram modinha, mas ainda não dominam, se não muita coisa já não estaria mais na TV... Humor negro sempre será o melhor!
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