segunda-feira, 13 de outubro de 2008

"Alice" - ou - "O Medo devora a alma"


Tenho acompanhado com certo interesse a nova série nacional produzida pela HBO, “Alice”. Não sem uma grata surpresa, confesso.

Embora o enredo soe
algo bastante chavanesco já, isto é, a tal exploração do lado feminino tem dado no saco nos últimos tempos com o surgimento de literatura, cinema, música especializada – isto é, direcionado ao universo feminino – a serie até o momento conseguiu me prender a atenção por tratar a cidade de São Paulo, como uma protagonista para as pequenas crônicas, que aparentemente são o formato escolhido pelo diretor Karim Aïnouz como forma de narração e continuidade da história. E funciona. Bem.

Mas como é possível, se tal artifício já foi explorado com muita classe nos últimos tempos, em filmes como por exemplo “Encontros e Desencontros” de Sofia Coppola ou “Asas do Desejo” de Wim Wenders?
Talvez pelo fato de assim como na Tokyo de Coppola e na Berlin de Wenders, São Paulo se mostra também uma cidade mágica, única. São Paulo é uma teia infinita de possibilidades, tanto de experiência humana, de arquitetura, quanto de geografia.

São cidades libertadoras em sua própria essência, e que funcionam como perfeitos contra-pontos para os personagens ali inseridos naquele contexto.

O enredo da série é simples. Bem simples. Basicamente ele segue as relações da personagem Alice, interpretada por Andréia Horta, uma jovem de 26 anos que deixa Palmas em Tocantins às vésperas de seu casamento, para acompanhar o funeral do pai que se matou em São Paulo. Ela acaba perdendo o vôo de volta e abraça a cidade em todo o seu turbilhão, incluindo sexo, drogas e noitadas.


Tudo mostrado com um despudor embora exagerado em algumas passagens, ainda assim altamente sensuais e não raras, poéticas. A partir daí, explora-se o contraste da selva de pedra diurna que é São Paulo, e a vida e sua aura mágica em que a cidade se transforma com todas as suas luzes, após o por do sol; sempre buscando uma percepção alterada da cidade, típica de quem não é de São Paulo.

...quem sabe assim, não inicia-se um movimento para a re-exploração da cidade de São Paulo como cenário para a o cinema Brasileiro?


Porque convenhamos, cá entre nós, mas essa mania de explorar o Rio de Janeiro em estórias “inventadas” que dizem ser verdade para tentar impor como realidade como muitas emissoras o fazem, sinceramente já deu no saco...

Ah, e olha só que barato; para a divulgação da série, a mesma tem atingido diversos veículos diferentes de comunicação... Então, o pessoal da produção até Blog da "Alice" criaram; vale a pena dar uma passada por alí de vez em quando, a autora responsável pelos textos do blog, manda muitíssimo bem encarnando o papel da Alice...

Blog: "Alice Encantada"





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