sábado, 11 de outubro de 2008

Violinos, Cello, Rock... Pt. 07 - "Julia Kent"


Esta é a segunda Cellista que resenho aqui bem como seu trabalho solo, que já passou por aquela estranha banda de Cello rock chamada “Rasputina”. Na realidade ela não simplesmente passou pelo Rasputina, e sim, foi sua co-fundadora, junto com a famigerada Cellista Melora Creager. Um dia escrevo algo sobre elas.

De trejeitos tímidos, é algo simplesmente assombroso quando pela primeira vez você vê e ouve o que esta mulher faz com seu instrumento. Todo o trabalho de harmonização das músicas, a sobreposição em múltiplas camadas de cada linha do Cello, as construções melódicas, arranjos detalhados... Em termos, bastante similar ao trabalho que sua Ex- colega de banda, Zoe Keating, faz hoje em dia. E tão diametralmente oposto, se é que isto é possível; diferente, tão dotado de características próprias, orgânicas.



Cada música funciona de maneira independente, como pequenas peças, aonde a Srta. Kent mostra com desenvoltura todo seu conhecimento da musica clássica moderna, seguindo padrões líricos e muitas vezes, até mesmo cinemáticos em seus princípios de composição, o que garante uma coesão incrível em sua música. Em uma análise mais profunda, podemos perceber um flerte particularmente com o romantismo, extremamente melódico em seus arranjos detalhados, belos, e ao mesmo tempo trágicos.


A idéia do álbum – Delay - também é algo digno de nota; ela explora a temática dos “espaços genéricos” dentro da pós-modernidade - neste caso, os aeroportos. Imagine que cada aeroporto é um espaço genérico, apesar de dotado das características culturais do país aonde ele se encontra, ele também funciona como um espaço “de transição”, aonde você se prepara para uma viagem, saindo “aos poucos” de uma cultura – o momento em que está no aeroporto em si.


A partir daí, o “estado de sonho” que se caracteriza muitas vezes uma viagem aérea, e posteriormente, novamente um outro aeroporto; um outro espaço genérico com elementos culturais do país aonde você entrou, como uma preparação para o choque cultural em si, quando deixa o aeroporto para se ver imerso em outra cultura.

Tudo se trata de aeroportos e sua natureza transitória, resumindo; e os mundos pessoais que criamos devido à desorientação e disjunção causada por viagens longas, e é esta fração de existência; tão particular, que Julia Kent desenvolve todo seu trabalho. Incorpora elementos de cada aeroporto em seu sentido genérico, e agrega a eles também suas características culturais próprias, para a partir daí, trabalhar a música em si. Diga-se de passagem, com um resultado no mínimo espantoso.


E a coisa toda fica ainda mais interessante quando você “percebe” as vinhetas entre cada música, sons dos próprios aeroportos que nomeiam cada música; e que contribuem e muito para as performances – tanto no estúdio quanto ao vivo – extremamente emotivas, intimistas e pessoais.


Resumindo... Esta é a música de fundo perfeita para os poetas que costumam discorrer e criar em cima do já conhecido tema “De onde viemos, e para aonde vamos?”; só que em uma releitura completamente nova.


Após a audição deste, então realmente percebemos que de fato, existia o som antes da luz, afinal...






















Vídeo: Tempelhoff - Live at Moscow










Um comentário:

Anônimo disse...

oi!
não conhecia ela obrigada!
vc tem alguma coisa da johanne peletier?
:*
Carol