Caso Debora E.C. Zeier - Cellista
Fetichismo: [Do fr. fétichisme. ] S. m. 1. Adoração ou culto de fetiches 4. Subserviência total. 5. Med. Perversão que consiste em amar não a pessoa, mas uma parte dela, sua imagem em determinada situação ou objeto de seu uso.
Não é nenhum segredo visto o teor de muitos dos posts que coloco aqui, que além do meu gosto musical focado no Cello bem como artes em geral, nutro um certo fetichismo por mulheres Cellistas. No entanto tal fetichismo jamais é colocado de maneira escancarada ou desrespeitosa. Muito pelo contrário. Existe um enorme respeito quando resenho alguma Cellista que aprecio. É um verdadeiro deleite para todos os meus sentidos poder ver seres tão belos e angelicais, executando um instrumento dotado de uma natural capacidade de expressão emotiva.
Esta semana, a Cellista Debora E.C. Zeier, Modelo e - esta eu não sabia - também jornalista - publicou um artigo em alguma revista Suíça, em repúdio a uma secretaria de uma agência social pública que tem por hobby, manter uma homepage aonde costuma publicar suas fotos pessoais de bondage.
Para quem não conhece, bondage é uma forma de fetiche sexual na qual algum dos participantes comumente são amarrados ou imobilizados e colocados em posição de submissão. Há quem goste, encontrando um certo estímulo sexual em algo que possui poucos atrativos para a maioria das pessoas, se é que de fato existe algum.
O estudo do fetichismo sexual teve início em fins do séc. XIX, pelos psicólogos Sigmund Freud e Richard Von Krafft-Ebing.
O legado de Kraft-Ebing em relação ao as
sunto, é a sua responsabilidade pela invenção dos termos "sadismo” e "masoquismo”, no entanto colocando-os sob uma perspectiva quase criminosa.
Pois bem. A categorização de um fetichismo sexual como patológico ou não, principalmente dentro de uma relação a dois, desde que não envolva riscos reais, não é correto e muito menos responsável.
Ora. Neste sentido, até Shakespeare estava familiarizado com "um beliscão que fere, mas mesmo assim é desejado". Qualquer pessoa conhece a frase "morder e assoprar", pois ela faz parte da sexualidade de todos nós.
Passados tais trabalhos de Freud e Kraft-Ebing, hoje, muitas pessoas que querem se sentir "descoladas" passaram a assumir o rótulo de fetichistas, e não é raro por minhas andanças pela noite Paulistana, topar com verdadeiras Dominatrixes e, caras e lindas garotas, sendo escravizados com muito couro, vinil e mordaças.
E eu com isso? Nada. Não é minha praia. Acho interessante e só.
Então, fica aqui a minha dúvida sobre o assunto.
E a Cellista, Modelo e Jornalista Debora E. C. Zeier, o que tinha a ver com a vida da pobre secretaria e seu gosto sexual fetichista? Afinal, qual a diferença real do trabalho fotográfico mais light da Srta. Zeier, ela sensualíssima e seu Cello; e da tal secretária?
Sendo que as duas exploram a sensualidade mesmo que de formas diferentes então, a diferença meus amigos, está em nossos olhos, bem como a capacidade de lidar com a nossa própria hipocrisia do dia a dia.
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Atualização:
1 - A homepage da referida Modelo, Violoncelista e Jornalista Debora E.C. Zeier saiu do ar após a publicação de seu artigo. No mínimo, curioso.
2 - Falando a respeito da sensualidade do Cello, vejam o trabalho de Nacho Duato & Companhia Nacional de Dança de Madri. De acordo com a descrição no próprio Youtube, eles pertencem a parcela mais "avant-garde" da dança moderna Européia. As produções do coreógrafo Espanhol são caracterizadas por uma aproximação bastante sensível da musica, em contraste a uma releitura esteticamente sólida da dança, elevando o conjunto da obra aos limites da cena da dança internacional. Muito bom!
3 comentários:
Pois é, a questão da sensualidade, e mais do que isso, da sexualidade... não existe certo e errado, não existe moralidade aqui (somente os religiosos e reprimidos pensam assim)... e reitero mesmo a hipocrisia da violoncelista que critica a moça do bondage. Exiet mau gosto, bom gosto, preferẽncias, pontos d evista... tudo subjetivo, coisa que na melhor das hipóteses merece apenas um comentário mau humorado com um colega no metrô: viu aquela mulher com aquelas fotos...? Quanto mau gosto. ;)
Outra coisa aqui é que, apesar da beleza e do refinamento na sensualidade do encontro modelo-violoncelo, vou ser sincera quanto a um posicionamento pessoal (e não estou julgando moralmente, apenas questão de gosto e postura): do ponto de vista artístico, musical, acho uma profanação isso, posar nua do lado do cello ou explorar a beleza inata disso de forma a atrair olhares gulosos para si, marketing pessoal, para deslanchar em outra carreira paralelamente e ganhar mais vinténs... musicalmente acho isso meio condenável. Quem realmente se preocupa inteiramente com a música (que merece devoção e entrega total) não vai perder tempo fazendo todo esse marketing pessoal, apenas está a exaltar seu ego, está destruindo o charme da coisa toda... cadê a arte da música? Acho meio profanatório e banalizador... poderiam colocar a Gisele Bundchen ou outra que teria o mesmo efeito. Mas querer enganar ou seduzir fãs de música e violoncelo, usando um artifício externo à arte, isso não acho de bom tom...
O lance do fetiche masculino (de muito bom gosto, acho) por mulheres e violoncelo e a beleza disso está justamente no mistério, na concentração da musicista no que realmente importa, na música... no fato de que ela não "sabe" dessa fantasia, ou pouco importa, isso vem de bônus. Fazer disso um espetáculo principal diminui aos meus olhos a aspirante a artista. Essa é minha crítica à Srta. Zeier e afins.
E o fato é que você realmente pegou o ponto Cecília. Digo, analiso isso pelo que me atrai; justamente como você mencionou, “(...)violoncelo e a beleza disso está justamente no mistério, na concentração da musicista no que realmente importa, na música...”
Escrevi tempos atrás algo que talvez esteja relacionado a este assunto, mas de um modo mais sutil, esse é o link: “Por um olhar”. http://vinhoecigarros.blogspot.com/2008/07/por-um-olhar.html
Existe de fato algo de belo dentro do mistério que rodeia a musicista quando esta, está em plena concentração, focada naquilo, se expressando não pela sua voz, mas sim pelos seus movimentos, concentração, arco, cordas e breu.. Tal figura ao meu ver é dotada de um poder sensual enorme; mas tal sensualidade é diferente do caso do BSDM por exemplo. E, não digo que este último não pode ser refinado; ele pode ser tão refinado quanto uma mulher ou um homem tocando um Cello.
Acredito que dentro da sexualidade, como também disse você; não exista o certo e o errado. O limite são os valores internos, o que te esfria ou o que te desperta; e o quão longe uma pessoa pode ir - e vai – em termos de pensamentos e atos, em busca do prazer. De repente é um pensamento um tanto hedonista este, mas ora bolas; somos de carne e osso e até onde eu sei, só se vive uma vez...
Só que, por se tratar de valores internos que norteiam tais anseios e desejos; também é impossível colocar o que é bom e o que é mau gosto nestes termos além de qualquer esfera que não seja a pessoal.
Eu concordo... Infelizmente, a exposição desta violoncelista e seu corpo em um ensaio sensual; tira e muito da sensualidade inata do instrumento em si. De certo modo, quebra o encanto, quebra a magia, ao trazer “para a terra” algo que muitas vezes povoa uma esfera “além” da nossa realidade consciente, isto é, as fantasias que agem dentro do nosso in – e sub – consciente...
Então, levando em conta as coisas que você disse.. E mais algumas idéias aqui.. É uma pena que a Srta. Zeier se preocupou em explorar o lado mais “in the face” do fetichismo.. Se bem que.. Cá entre nós, a própria música dela não possui tantos atrativos assim... (o que abre outro ponto interessante para divagação; o fetiche é algo mais “além” da imagem, isto é; não é qualquer mulher ou homem... Cellistas não são tão facilmente enganados assim...)
Ahhhh hipocrisia nossa de cada dia...
P.S. - Isso não ficou meio confuso? Nossa, acho que estou bebendo vinho demais hoje... rs
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