sexta-feira, 24 de julho de 2009

Post "tarja preta" - Embalando em um sono químico...



Não seja estupidamente hipócritas. Não quanto aos teus atos, ideais ou desejos. Mas, quanto as tuas idéias e pensamentos quando estiver em processo de julgamento e formação de opinião acerca do caráter de uma pessoa. Lembre-se que muito do que julga ser uma verdade, assim o é não por uma lógica matemática ou fato=consequência, mas sim pelo que o senso social geral social diz que assim o é. Baseado em tal senso, não existe o questionamento, existe apenas a aceitação sem a necessidade da prova. E, mesmo quando há a necessidade da prova, lembrem-se que uma verdade pode ser mutável em se tratando de contextualidade.


Vivemos uma época desgraçada. Em um sentido diametralmente oposto, vivemos uma época deliciosamente rica para os que gostam de explorar os sentidos.


Sentados em uma mesa de bar, homenageamos vários escritores de quilate, seja porque velhos, seja porque mortos ou seja porque loucos. Mas loucos são os que vivem de cara limpa uma realidade tão áspera que é capaz de mudar a qualidade do frango assado, arroz e vinho, apenas pelo preço que é cobrado o mesmo.


No meu terceiro decanato percebo que os vinte e cinco anos dedicados ao estudo; ideologias, senso crítico e a busca pelo entendimento das relações interpessoais nada mais fizeram do que revelar a faceta monstruosa que o ser humano orgulhosamente insiste em bradar em alto e bom som como o ápice da evolução humana. Até assuntos que deveriam permanecer imaculados como quando alguém clama o amor, estão sujeitos a passar pelos grilhões da imunda máquina marqueteira que se denomina sociedade mercantil. - "e fazemos isso para melhor atendê-los" - insistem eles. Mas, quem de fato sabe hoje o que é o amor?


A fisiologia e neuroquímica detêm tais respostas. Os acadêmicos teorizam a respeito. E as farmacêuticas ditam o que devemos e o que não consumir. E, de repente Camões, em sua métrica perfeita versando o amor, se tornou depressivo. Nerval, louco. Novalis, Ópiomânoco. E Baudelaire? Bem, leiam seu "O poema do haxixe" - mas não fumem haxixe, dizem "eles".


A mídia nos bombardeia constantemente a respeito da conexão "violência/tráfico de drogas x usuários" mas apenas para variar um pouco preferem lidar com a questão tratando o assunto sob uma ótica de interpretação marginal; uma vez mais preferindo a guerra causada pela imposição, do que a livre discussão. Ninguem repara. E se reparar e discutir isto abertamente, dirão que faz mal ao fazê-lo, afinal, é preferivel abaixar a cabeça á discutir as ordens "deles".


Sempre com um chicote, sempre com uma raiva servil, creio eu que nos querem testar até o limite; ao tentar nos fazer crer que tudo é artigo vendável, inclusive a sensação do desgosto amoroso limítrofe. - Afinal dizem eles, o "Prozac" está a venda em qualquer farmácia...


Engana-se quem pensa que faço apologia a quaisquer espécie de drogas - muito embora não negue o uso de algumas substâncias "suspeitas" (palavras "deles".)


Neste contexto, gosto de pensar nas palavras de Jules Michelet em seu sóbrio ensaio entiulado "A Feiticeira":


- "(...)Dessa enormidade, duas coisas derivam, em justiça e em lógica. O juiz está sempre seguro do seu caso; aquele que lhe apresentam é sempre culpado, e se se defender, ainda mais. justiça não tem que se cansar, nem quebrar a cabeça para distinguir o verdadeiro do falso. No conjunto, parte-se de um preconceito. O lógico, o escolástico, deve apenas analisar a alma e os matizes que ela passa, da sua complexidade, das suas opposições interiores e de seus combates. Não precisa, como nós, explicar como essa alma, de degrau em degrau, pode tornar-se viciosa. Essas sutilezas, se ele pudesse compreendê-las, oh! Como riria delas e abanaria a cabeça. E com que graça abanaria então as soberbas orelhas com o que seu crânio vazio está adornado"


Subjetivamente relato apenas a utilização de substâncias inebriantes por quase todas as formas de vida neste mundo: seja o homem que decide após o expediente; em sua casa, tirar os sapatos, afrouxar a gravata, enxer uma taça de vinho e enrolar seu fumo em paz sem ninguem enxendo o saco; ou seja aquele macaco na Africa que come os frutos fermentados que jazem no chão, aos pés de uma espécie de coqueiro e ficam chapados por algumas horas.


Mas antes que venham a porcaria dos críticos comportamentais de plantão me enxer a paciência, e visto que em tese este é um blog livre mas com um pé calcado na música também; saibam vocês que até mesmo na dita "elite musical" - ??? - que é o erudito, é longa a lista de usuários de betabloqueadores; substâncias estas que atenuam os efeitos causados pela adrenalina pré apresentação; como o nervosismo em excesso e

ansiedade.


...ou vocês sinceramente acreditavam que isto era uma exclusividade dos músicos de Jazz ou Rock?


Quanto a mim? Sexta feira a noite, chuva e sem carro.... Acho que experimentarei um vinho barato, viajarei em uma boa música e depois me deixarei levar por um belo sono químico...




P.S. -> Ok's Ok's Ok's...
Admito, estou abusando das palavras "Estupidos" (e derivados) , "Hipócritas". Cretinos, Imbecís (e derivados) e outras... Juro que tentarei pegar leve nos próximos post's...





11 comentários:

Cecil disse...

Essa fineza de texto quase nietzscheano está pedindo uma continuação...;)

Ah, o conservadorimso barato dos covardes... nada pode ser mais covarde e patético do que o Estado fazendo uso da lei, da ciência e da propaganda moral para pôr sob controle a individualidade e olivre-arbítrio, este que providencia ao ser humano a dolorosa liberdade de carregar a responsabilidade por suas escolhas...sob qual pretexto? Saúde pública. Conceito que reduz uma sociedade à condição de gado.

Basta fazer uma manifestação pacífica em favor da legalização de drogas, e veja como será tratado... "apologia às drogas", que tipo de crime é este? Não há argumento em favor disso que seja consonante com a liberdade de expressão. Posso fazer apologia ao satanismo, a qualquer coisa que eu deseje e não comprometa o bem estarde outros indivíduos... essa é minha posição.

Como disse Dylan, "everybody must get stoned!"... ora, os músicos da classe erudita são tão frequentemente viciados em substâncias químicas quanto os de jazz e rock, usualmente vistos com preconceito pelas rodas conservadoras, a garnde massa social medíocre... eu já conheci violinistas viciados em betabloquadores e maconha... por trás daqueles smokings e posturas anacrônicas que as velhinhas tanto amam nos concertos, estão às vezes pessoas em busca de relaxamento ou excitação por meio de caminhos não tão ortodoxos...

Quanto a mim? Vou de rum e poesia. Queria estar em Amsterdam agora... ;)

Anônimo disse...

Oras, obrigado Sta. Cecília... : )

Mas também, tomemos o cuidado para não pensar que são covardes baratos apenas a parcela “conservadora” (penso além, a sensação de que “eles” tendem a ser assim para “conservarem” uma determinada parcela de poder que supostamente, possuem.)

E para isso, fazem uso justamente da tal propaganda moral – e, se a mesma não funcionar, “ai de nós”, darão um jeito de utilizar a truculenta mão das ditas “leis” (obviamente, criadas e postas a serviço “deles”.

Certa vez fui assistir a uma palestra de um famigerado departamento de “recursos humanos”. O quadro que pintaram de um “profissional ideal”, está além do sermos meramente “gado”. Querem que sejamos “Cyber-Gado”; verdadeiros bovinos automatizados, como se produzidos em série, tanto em termos de alma quanto em corpo. Bizarríssimo. ...e, alem de me entristecer o fato; é assustador que tal esta idéia já está tão arraigada na psique geral da sociedade, que não existe mais o questionamento de se isto afinal é saudável ou não.

Mas, como disse no começo, mesmo dentro da parcela “não conservadora”, existe a mesma mecânica de pensamentos. Vejamos o caso do pessoal do movimento GBLS. Não quero soar homofóbico, mesmo que particularmente tenho motivos de sobra para enveredar por este caminho. Hoje discute-se muito a questão de “direitos” quanto a esta parcela da população. No entanto, se analisarmos o próprio comportamento, idéias, etc; percebemos que os mesmos também tem este comportamento “impositivo” em relação ás suas idéias e objetivos. Vejam, que fique claro que é apenas um exemplo entre inúmeros possíveis; mas para eles, a coisa em termos comportamentais é de uma lógica simplista e absurda: Ou você é gay assumido, se não for, você com certeza é bissexual ou então enrustido. Não é uma forma de querer dizer o que você é, ou como deve ser comportar; de acordo com o que acreditam? É a bendita imposição. E ainda pior; querem – e vão – fazer passar leis no congresso garantido-lhes o direito de seguir tal lógica. Futuramente, se você não concorda com a opção deles e tomar uma cantada por parte deles nas noitadas da vida e querer argumentar algo contra; o caso será passível de ação jurídica! (É uma bizarria sem tamanho, a “vontade particular” sobrepuja todas as noções de ética, moral e principalmente, bom senso. Lamentável.

O próprio conceito de civilidade, quando posto sob a ótica tanto do post original bem como o que você escreveu, nos faz pensar: será que vivemos de fato o que dizem ser uma democracia? Temos algum direito real de formar nossas próprias linhas de raciocínio? E mais, é garantido que expor nossa própria opinião acerca vários assuntos sem que coloquemos nossa própria integridade física e psicológica em risco?

Nestas, gosto muito de pensar na abertura daquele documentário pseudo-conspiratório ao qual discutimos outro dia:

Anônimo disse...

“Quanto mais investigamos aquilo que julgamos conhecer; de onde viemos, o que pensamos estar fazendo; percebemos cada vez mais que fomos enganados. Fomos enganados por todas as instituições. O que te faz julgar por um minuto que as instituições religiosas foram as únicas que não foram “tocadas”? As instituições religiosas deste mundo estão na base de toda a porcaria. As instituições religiosas deste mundo são lá postas pelas mesmas pessoas que te deram o teu governo, a tua educação corrupta, que preparam cartéis de bancos internacionais. Porquê nossos “mestres” estão cagando e andando para você ou a sua família. Tudo o que lhes interessa é o que sempre lhes interessou; que é controlar a porcaria do mundo inteiro. Nós fomos desviados de nossa verdadeira e divina presença no universo; aquele homem a quem chamamos de deus. Eu não sei o que deus é, mas eu sei bem o que ele não é. E, a não ser que esteja preparado para olhar e entender toda a verdade, ir até aonde for preciso independentemente de onde isso poderá te levar; mesmo que queira desviar o olhar ou escolher um dos lados; mais cedo ou mais tarde irá perceber que está se metendo com a justiça divina.
Quanto mais se educar, mais compreenderá de onde tudo vem; mais óbvias se tornarão as coisas e começará a ver mentiras por todo o lado. Vocês tem que saber a verdade, e a verdade lhes libertará.”

...o Rum não é exatamente minha praia; mas lhe acompanharia com prazer pelas andanças em Amsterdam... A opção etílica, deixo como escolha de acordo com o humor do momento... : )

Cecil disse...

Andreas, excelente citação...boa oportunidade.

Vamos continuar provocando a ira da baixa-ralé, querido? ;)

AnUncannyMetalhead disse...

All the "possible" Gods people talk about suck a lot!

Why would you care about something that sucks?

Just ignore it! :)

But dont worry, he does not exist :)

Cheers,

Andreas disse...

Thank you Ms. Gabê!
...by the way, how are your studies on MIT?
Cecília, essa é a garota que havia lhe mencionado do MIT, doutorado em geofísica..
Gabê, a Cecília é aquela garota que te mencionei, por outro lado... :)

AnUncannyMetalhead disse...

Btw,

Drogas sao o maximo! Como diria meu querido Doug Stanhope "Boredom is a desease. Drugs cure it!" :)

Existe tanta gente querendo controlar sua vida, de tantas maneiras diferentes, impondo tanta regra no-sense, que mesmo que voce de suas "escapulidas" (interprete "escapulidas" como quiser) eh muito dificil de se evitar tedio! E "drogas" (num amplo sentido) ajudam a matar o tedio! E sao muito menos perigosas que muitas coisas licitas ;)

A nao ser que voce tenha um cerebro tao desestimulado que voce ache que o mundo eh otimo, e que se voce consegue ser minimamente contente em trabalhar pra outra pessoa ficar rica, contanto que voce tenha o minimo suficiente pra viver "decentemente", bom... nesse caso, voce nao precisa de droga nenhuma. Mas, ooooooo vida chata hein?? ;)

Bye!

Cecil disse...

Ele inaugurou o 30... exatamente como eu previra, Andreas. E aparentemente não leu sua postagem posterior, com a advertência sobre a pressa em julgar os autores do blog pelos textos aqui escritos, e ficar todas essas horas perdidas (com sua grande formação nas costas) pressupondo falsas hipóteses sobre nosas vidas...aff, essa ralé realmente cansa a pele de uma mulher. :)

Anônimo, você sofre de histeria e repressão de frustrações. Vá dormir.

Bem, agora tenho que ir. Pode continuar aí o resto da noite se degladiando com elétrons... ;)

Gabi, sometimes ignoring idiots is just impossible...such as Gods... they're all too much fun! :)

Cecil disse...

uau... gabi, prazer em conhecer! :D Finalmente uma alma viva nesta sala de discussão, além de Andreas e eu. :)

Cecil disse...

Pra finalizar, depois desse excelente comentário da Gabi... cito Dylan: "evrybody must get stoned!". Uns mais que outros... ;)

Andreas disse...

You're most welcome, sweetling ;)