O cansaço se tornou uma máxima dentro de todo o leque de sensações que eu posso sentir. Uma mistura de cansaço, dor e revolta. Amargura.
Ah se fosse nos dado o direito de retroceder apenas alguns anos...
Ontem passei horas lendo a respeito de suicidas. Horas.
É um assunto que me fascina. Qual o grau de desespero e sensação de se estar encurralado quando alguém chega a este extremo? O senso comum diz que, alguém que decide por praticar tal ato, é um covarde egoísta. Nunca.
Quem somos nós para julgar a dor alheia? É coragem. É o máximo da responsabilidade perante o livre arbítrio. Em ultima análise, talvez como disse algum filósofo por aí, é a única real decisão a respeito da própria que alguém pode tomar.
Sabiam que é possível se fazê-lo com uma overdose de Paracetamol; ou o vulgo Tylenol – indicado contra a dengue e não desaparecendo os sintomas, procure um médico? Falência Aguda Hepática. 72 a 96 horas. Geralmente, em 48 horas, o quadro se torna tão grave que o indivíduo precisa de um transplante imediato de fígado. As estatísticas dizem que cerca de 92% dos casos registrados, levam ao óbito. Mórbido? Talvez. Mas não menos mórbida, é a realidade geral da existência, hoje em dia.
O que somos hoje não depende mera e exclusivamente de nosso livre arbítrio.
Muito pouco na verdade quando se trata em decidir “o que queremos ser”.
Você se torna – ou tenta – o que sua família espera que você se torne. Mesmo que não dito, espera-se algo de você. E, ai de você se não cumprir com tais expectativas. Se não existir a cobrança familiar direta após, sempre existira a própria culpa para fazer o papel de carrasco. Qual o objetivo? A culpa tem o poder de expiar teus próprios pecados? Será isto que a igreja pretendia quando decidiu que o suicídio deveria ser considerado um pecado, e, portanto, os praticantes de tal teriam suas almas carinhosamente encaminhados à um tal mar de ferro fundido e fogo esperando um julgamento final?
Livrinhos legais para se ler:
O Deus Selvagem – um estudo sobre o suicídio – A.Alvarez.
Além do Bem e do Mal – Nietzsche
O Homem Revoltado – Albert Camus
A Negação da Morte – Ernest Becker
“E, abertamente entreguei meu coração à terra séria e doente, e muitas vezes, na noite sagrada, prometi amá-la fielmente até a morte, sem medo, com a sua pesada carga de fatalidade, e não desprezar nenhum de seus enigmas. Dessa forma, liguei-me à fatalidade por um elo mortal”
Hölderlin
A Morte de Empédocles
Não tente falar suas idéias. Não tente mostrar quem você é. Não seja franco. Não abaixe a guarda, jamais! Pois eles não irão ouvi-lo. Suas idéias lhes soarão revoltantes. Suas idéias serão consideradas vindas de um homem louco. E, em uma melhor hipótese, suas idéias lhes soarão piadas.
É esta a pior dor. Ter voz para não ser ouvido.
Jamais.
Está nascendo mais um dia lá fora...
2 comentários:
Encantado com esse post. Assino embaixo. Tb acredito que somos "o a nossa família nos impõe q devemos ser". E se vc tenta fugir disso, se tenta viver a SUA vida, é tachado de "ovelha negra", egoísta, etc... Parece que as pessoas esquecem que não somos apenas "produtos do meio". Sentimos dor, frio, medo, temos sonhos, aspirações... e cada um sabe (ou pelo menos tem de saber) a dor que pode aguentar, é o que eu acredito...
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